Pas de Deux

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A estrutura bem composta da sala, era de causar arrepios no corpo magro da Mi-Rae, o teto com várias pinturas renascentistas, no meio depositado um lustre da cor dourada, deixando a sala em um aspecto sofisticado, mas o brilho não refletia nas quarenta e cinco garotas classificadas para a segunda chamada da seleção, sentadas no chão de madeira com posturas impecáveis, com maiôs pretos e meias-calças fio oitenta rosa pastel, a espera era martirizante a professora de meia idade não aparecia para o desespero de cada uma.

Mi-Rae uma garota tão sorridente e positiva com os aspectos da vida, agora se via como uma menina séria esperando o resultado da sua vida, com apenas seus dezesseis anos de idade se cobrava tanto, estreou nesse meio através dos filmes que assistia no qual se encantou com apenas quatro anos de idade, desde então se dedicou totalmente a essa área.

— Bom alunas, como as senhoritas sabem, apenas cinco serão selecionadas, o mural está do lado da porta na saída, para aquelas que não foram selecionadas voltem ano que vem, e para as que foram até semana que vem — Nabi uma das melhores bailarinas e atual professora se pronúnciou, se retirando da sala.

Todas as garotas começam a se vestir adequadamente, para olhar o mural, Mi-Rae apesar de toda tensão acumulada nos seus ossos e dores nas juntas por conta do esforço constante, agiu rápido sendo uma das primeiras a sair da sala. Seus orbes se direcionavam rapidamente pela lista, passava seus olhos diversas vezes tentando controlar as lágrimas que imploravam para sair, o seu nome não estava na lista.

Ela caminhava desesperada para sair da vista de todos, se sentia horrível e insuficiente, seis anos da vida desperdiçados para quando chegar na hora não ter passado. No que errou para não ter sido classificada? Como chegaria em casa, para falar com seus pais que não havia passado? Ela sabia que eles iriam ficar do seu lado e dizer para tentar o próximo ano, mas ela mesma se cobrava, não merecia tanto amor, não depois de ter dado tanto desgosto.

Sentou na calçada atrás do grande teatro olhando para todos os lados antes de se permitir chorar de verdade com direito a vários soluços. As folhas caiam com a diminuição da clorofila se tornando amarelas por conta do outono recém- chegado. Uma árvore se posicionava abaixo de si e o seu rosto já estava vermelho com o nariz escorrendo quando de repente viu alguém lhe estender um lenço, logo se assustando, olhando o garoto de cabelos pretos à sua frente.

— Me desculpe, não queria te assustar... — Pega o pequeno lenço branco com um pouco de receio, mas naquele momento ela viu que precisava — Posso me sentar? — Porém antes que ela falasse algo ele já havia sentado do seu lado — O silêncio se propagava, as lágrimas ainda desciam do seu rosto e ela limpava rapidamente com a toalhinha, até que tomou coragem de falar com o tal garoto.

— Acho que não vai querer mais este lenço, certo? PJ... — Lia a pequena abreviação do nome dele.

— Acho que não, pode ficar...— Dá de ombros olhando para a árvore — Sou um mero desconhecido porém sei a causa do seu problema. — Ela olhava agora para o seu rosto, com uma certa dúvida.

— Qual o meu problema então? — Arqueou as sombrancelhas, soando o nariz no pobre lenço bordado, ele fez uma cara de nojo pelo som que fez, mas ela não ligou, estava triste demais para fazer uma piada.

— Perdeu no teste — Ele indica as sapatilhas de ponta que estava na mão da menina, assim como o envelope recebido apenas por aqueles que poderiam voltar no próximo ano.

— Infelizmente — Abaixa o olhar, abrindo a sua mochila e colocando ambas as coisas. — Como sabe ? Digo, como sabe que haveria teste hoje ?

— Eu perdi pela segunda vez essa é a terceira — Indica o papel que até então não havia percebido na sua mão, ela não viu o garoto, pois as turmas masculinas eram separadas das femininas.

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