Capítulo 1

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É curioso ver o mundo através de uma lente.

Já devia ter acostumado a essa altura, mas continuo completamente apaixonado pelo que faço, cada dia mais. Setembro costuma ter uma chuva de casamentos para fotografar, alguma coisa a ver com a chegada da primavera, e tudo bem por mim, porque flores são o perfeito adorno natural que toda foto precisa.

Então fico me coçando para sair e fotografar ao ar livre, coisa que só consigo fazer na maioria das vezes aos fins de semana, porque de segunda a sexta estou preso no estúdio. Não posso reclamar, é um ótimo emprego, paga muito bem e dá uma estabilidade financeira que esses trabalhos freelances não trazem. Mas meu sonho mesmo é poder viver de fotografar só o que quero, em um estilo que pouca gente sabe que amo. Não aguento mais festinha de aniversário, quinze anos, casamento que claramente não vai durar porque o noivo está mais preocupado em olhar para a bunda da madrinha do que para a noiva.

Nada contra casamentos, inclusive espero ansiosamente pelo meu. Tudo bem, talvez não tão ansiosamente assim, tenho vinte e três anos, não quarenta, mas sei que tem um no meu caminho em algum momento no futuro. Juliana ri da minha cara quando falo isso. Minha irmã não me leva a sério quando eu digo que estou em busca da mulher da minha vida. Mas eu estou, juro que estou. Só que enquanto não acho, preciso testar todas as opções disponíveis. Só isso. Que mal tem?

Nenhum. Nenhum mesmo. Juro que nenhum.

Aproximo-me do casal, segurando a bebê usando uma tiara com uma flor maior do que sua cabeça pequena, e jogo o cobertorzinho amarelado por sobre os ombros da criança.

— Segura ela um pouco mais para esse lado, pode ser? — instruo a mulher, que concorda com a cabeça, virando na direção certa da luz que vai fazer a menininha de fato parecer um girassol.

Posiciono a câmera e disparo algumas vezes, provavelmente tirando mais fotos do que o necessário, mas é um hábito que nunca morre. Sempre acabo com infinitas cópias do mesmo exato ângulo e me perco na edição, gastando muito mais tempo do que o necessário mergulhado nas fotos. É inevitável e um prazer particular procurar pelo momento exato que captura a emoção precisa.

Não demora muito mais do que duas horas para terminar a sessão de fotos. Depois que os clientes vão embora, confiro a hora e agradeço por ser sexta-feira. Tenho alguns eventos no fim de semana, mas vou conseguir tempo para mim. Preciso editar uma montanha de fotos, mas a saída de hoje está garantida. Se der tempo, porque já são seis da tarde e nem parece que estou indo para lugar nenhum. E minha companhia não é exatamente conhecida por gostar de esperar, muito pelo contrário. Se tem alguém impaciente nesse mundo, é ela.

O estúdio já está praticamente vazio quando termino de colocar no lugar todo o equipamento que usei e não pode ficar exposto pelo final de semana. Arrumo tudo que tenho que arrumar e pego minhas coisas. Começo a andar em direção à saída quando vejo um mar de fios rubros invadir o lugar.

Conexão Despertada [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora