Único: Sonhos em Abril

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Foi numa manhã — muito — fria de abril que eu conheci Jeon Jeongguk, atualmente conhecido como meu lindo namorado.

Isso mesmo, mores, vou contar pra vocês a minha história de amor. Sintam-se à vontade para sentir inveja.

Era terça-feira, e eu, como de costume, havia chegado atrasado no colégio. Contraditoriamente, mesmo com o meu péssimo comprometimento com horários e minha preguiça além do normal, minha grade de notas era impecável, e o porquê disso se resumia em uma palavra: mãe. Minha querida mamãe sempre fez questão de deixar minha bunda quadrada, pois me mandava estudar por horas todos os dias sentado numa cadeira nada acolchoada. Não vou mentir, várias vezes eu apenas me trancava no quarto e ficava assistindo à animes. Sorry, mom.

Enfim, voltando a história:

Naquele dia, a moça da secretaria não me olhou com cara feia por chegar tarde e o monitor não me deu sermão. Um acontecimento milagroso, eu diria. E, como um vidente, eu já era capaz de prever que algo de diferente iria ocorrer. A fatídica data já começara, no mínimo, de forma interessante.

Ao que tudo indicava, a professora Nayoung não me deixaria entrar na sala. Mas, adivinhem só? Isso mesmo. Ela deixou! Contudo, pude notar no seu olhar que ela queria algo em troca, e tive a confirmação disso assim que dei meu segundo passo na classe.

— Kim Taehyung! Que bom que veio, menino. Estava à sua espera. — Fui abordado pela mulher, que trocava as palavras para falar comigo, se mostrando um pouco nervosa. — Preciso da sua ajuda com o garoto novo, posso contar com você? — ela sussurrou.

— Eu... acho que sim? Ajuda por quê? — respondi na mesma altura.

— Ele tem dificuldade para ler. É um distúrbio chamado dislexia, e eu estava pensando, sabe, como você tem ótimas notas e ensina seus colegas, poderia sentar em dupla com ele; ajudá-lo nos exercícios, avaliações, coisas do tipo.

— Mas e o resto dos alunos? Não vão achar sacanagem?

— Os demais alunos não tem problema algum para ler os enormes textos que eu passo na aula, não concorda, Taehyung? — Permaneci calado por alguns meros segundos, me pondo a pensar sobre a proposta. Eu era, sim, bom em ajudar os outros, mas a preguiça falava alto também.

— Se ele for um chato, a senhora me paga! — Brinquei.

A minha relação com o corpo de professores era boa na época do colégio, e, admito, ser o queridinho tinha vários pontos positivos. Aquela educadora, em questão, era a mais próxima; tornara-se amiga da minha mãe quando eu ainda estava no fundamental, pois me acompanhara até o pronto-socorro num dia em que passei mal ao término da aula, ficando, assim, da família.

— Ah, querido, eu te agradeço muito, e tenho certeza que você vai gostar de trabalhar com ele. — Como não sou burro, entendi o suficiente pela piscadela que a mesma deu, indicando sutilmente a carteira vaga ao lado de um menino loiro.

Hello, baby.

Andei até o dito cujo, e ele não parecia viver no mesmo planeta que eu. Sua cadeira era a primeira na fileira da parede, e sua atenção estava inteiramente na visão que tinha do que acontecia no campus do colégio pela janela. Nem sequer minha presença foi notada quando me sentei a meio metro de distância de si. Pigarreei um pouco retraído, fazendo-o levar um susto e olhar para mim com a mão no peito.

— Deus! Fui ao céu e voltei com um mini-infarto — o garoto disse, os olhos estavam tão arregalados e grandes que me perguntei se ele era mesmo oriental.

April with you ⋅ kth+jjkWhere stories live. Discover now