Citrus Lemonade

Este contrato será eterno

Na varanda calma e amena do templo, uma raposa e uma mulher eram abençoados com a mais pura luz do luar. Brilhante e sempre serena, a lua parecia uma pérola rara em meio ao pretume da noite. Mesmo as estrelas não ousavam cintilar mais que a lua reluzente.

A sinfonia natural dos grilos e o farfalhar das folhas nas árvores mais parecia uma orquestra dirigida pela mãe natureza. Era quase uma cantiga, que acalmava os ânimos dos derrotados e cansados.

Mas mesmo tal melodia parecia não a tirá-la de sua profunda reflexão.

Diante disso, a garota ao lado da raposa se sentia dormente e entorpecida, embora seus pensamentos pulsassem incessantemente em sua cabeça, a fazendo ainda mais ansiosa. Seus pés distantes do chão de terra, pela elevação do templo, ansiavam ter algo para firmar-se, já que o nervosismo os deixavam frios.

Saira do transe em que se encontrava quando finalmente mexeu de leve sua cabeça, atenta à calorosa presença de seu companheiro. Por fim, hesitante, elevou seu olhar lentamente para o homem ao seu lado.

Tomoe.

Mesmo agora, ele parecia ainda mais bonito do que de costume. Sempre conseguia encanta-la, mesmo que não percebesse.

_____ não queria dar o braço a torcer, sabia que no coração de Tomoe havia uma outra mulher. Uma mulher, ela desconfiava, que era muito mais talentosa do que ela jamais seria. Embora Yukiji já estivesse morta há muitos anos atrás, _____ achava que ainda poderia existir a presença dela no coração do homem raposa.

Um pouco triste, pensou que realmente não era a melhor ideia ser rejeitada. Não queria que isso acontecesse, por isso, nunca tentara dizer o que sentia por meses a fio.

Talvez ele se desse conta algum dia, já que o amor que sentia por ele era tão grande que transbordava em suas feições vez ou outra. Todos já haviam notado: Kurama, Mizuki, kotetsu e onikiri e quem sabe Mikage. Suspirando uma vez mais, colocara seu queixo em sua mão, com um ar derrotado.

Depois de longos minutos, uma reação finalmente viera da parte de Tomoe, ele estalara a língua em irritação, chamando a atenção da deusa da terra.

_Afinal, o que está acontecendo com você, _____?? Não para de suspirar, tenho certeza de que vai transformar todo o ar aqui em carbono_ seu tom de voz mais que tudo emitia preocupação, embora contivesse um toque de impaciência, não era a primeira vez que _____ se recusava à dizer o que lhe ocorria.

A deusa da terra rira baixo em sinal de desistência e lhe dera um sorriso sincero, de um modo que apenas ela sabia fazer. Tomoe por um instante parecera embaraçado diante da deusa.

De modo mais ameno, pousara uma de suas mãos nas costas de _____, na esperança de que a mesma relevasse suas palavras duras.

_Sei que quer me dizer algo. Por favor, vá em frente_ com gentileza, Tomoe transmitiu à ela confiança, com um olhar morno.

Naquele toque, finalmente percebera. Ela não desejava mais isso.

Não desejava mais sempre ter de se lembrar de que aquele olhar tão gentil não era dela.

Indecisa, a deusa tamborilou os dedos na madeira do templo, angustiada. Uma explosão de sentimentos tomara seu corpo, e uma sensação louca de tentar a sorte se fizera presente em seu corpo trêmulo. Por um minuto, se sentiu cansada de se pôr sempre às sombras daquela mulher que, não importa como, já estava decomposta debaixo da terra.

Naquele instante, pensara que Tomoe talvez a tivesse superado de vez, que talvez pudesse ser feliz com ele.

Inspirou o ar profundamente, sentindo seus dedos ficarem cada vez mais frios por conta do nervosismo. Seu estômago dava piruetas e a cabeça volta e meia pulsava em dor. Era agora ou nunca.