quatro :: quando as coisas deram horrivelmente errado

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Depois do nosso delicioso passo na relação, Jungkook e eu estávamos melhores do que nunca. Se dependesse somente de mim, a gente faria sexo todo dia como um casal saudável na flor da idade normalmente faz, mas a faculdade já estava exercitando muito bem esse trabalho de nos foder. E depois de cinco dias sem poder passar um tempo decente com meu namorado, eu já estava subindo pelas paredes.

Soltei o lápis em cima da pilha de livros porque eu não aguentava mais. Nenhuma fórmula conseguia entrar na minha cabeça. Eu via um "k" e lembrava de Jungkook, via um "x" e lembrava de um posição sexual. Eu ia ter um troço se não ele estivesse dentro de mim em menos de três horas. Bati com a testa na mesa e achei que talvez fosse melhor eu ver se ainda tinha chocolate naquela casa.

Levantei com um suspiro e fui direto para a cozinha e, adivinha só, não tinha um maldito pedaço de chocolate nem na geladeira nem nos armários. Olhando esfomeado para o pote de açúcar, eu considerei se colocar uma colher cheia na boca iria tirar toda minha dor, mas decidi que era melhor ir na loja de conveniência mesmo.

Peguei a minha carteira e saí. Já era fim de tarde naquela quarta-feira que eu não tinha trabalho, e eu esperava que Jungkook voltasse para casa antes que eu pegasse no sono de cansaço mental extremo. Ele gostava muito de usar a biblioteca ou a casa do Soowon para estudar e fazer trabalhos, porque dizia que nosso apartamento era muito confortável e lá dentro ele só queria procrastinar e dormir. No caso, outra coisa o impedia de se concentrar também agora: eu.

Involuntariamente, meus lábios se levantaram em um sorriso ao lembrar dele. Caminhei bobo e distraído até a loja mais próxima, pensando em todas as coisas que queria fazer com Jungkook quando a época de provas finalmente acabasse, porém meu sorriso se desfez completamente quando eu vi uma mulher lá dentro, colocando comida na cesta que carregava. Eu reconheceria aquela face dos meus pesadelos antigos em qualquer lugar: era a ex-namorada do Jungkook.

O engraçado era que, se ela realmente gostava dele, então, eu também era a face de seus pesadelos, uma vez que era o atual.

Ainda assim, ela continuava linda — toda a perfeição dela era o que me fazia sentir mais inseguro ainda em relação a conseguir Jungkook para mim. Seu cabelo caia pelas costas em um longo e liso véu castanho claro, seu corpo era magro e pequeno, ela usava roupas fofas e femininas e sua pele parecia porcelana. Argh! Pior do que ela ser maravilhosa por fora, era ela também ser por dentro. Terceira melhor aluna do curso e a primeira da sala, fazia trabalho voluntário em um hospital para crianças com câncer e sempre era vista tanto na internet quanto fora como uma ativista a favor dos direitos dos animais e das mulheres. Até o nome dela era bonito! Sook, que significa bondade e pureza.

Tudo bem que eu não a conhecia muito bem, mas porque Jungkook me preferiu era um mistério. Só que eu até que me sentia muito bem com aquilo. Claro que minhas realizações pessoais não dependiam de ser escolhido por uma cara, mas depois daquilo eu tinha mais um motivo para me sentir uma deusa- quer dizer, deus.

Enquanto entrava, eu considerei se deveria cumprimentá-la ou fingir que não a tinha visto ou não lembrava dela (Meu Deus, eu nunca tinha passado por aquele tipo de situação), só que nem precisei pensar muito porque ela imediatamente me viu e surpreendentemente me ignorou. Eu quase fiquei magoado, mas lembrei que aquilo era bom. Só precisava pegar o que eu queria e ir embora sem trocar uma palavra com ela.

E foi exatamente o que eu fiz. Quando saí da loja com sacolas em mão, nem olhei para trás.

Eu não sabia como me sentir em relação a ela. Obviamente, Sook tinha o direito de ficar chateada, mas não comigo, e, ao mesmo tempo, eu achava que tanto faz ela ficar chateada comigo. Eu não tinha contato com ela para ser afetado por isso. Que ela tomasse conta da própria vida e dos próprios sentimentos, e eu tomava conta dos meus. Ah, quer saber? Nem valia muito a pena pensar sobre aquilo. As coisas começavam e terminavam; fazia parte do ciclo natural da vida. Não dava para mudar o passado, só nos restava aceitar.

incontrolavelmente ; jikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora