14.

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Se os pensamentos estavam a mil, naquele momento estavam a milhões. Aquele beijo enviava mensagens indiscritíveis para todo o meu corpo, e como consequência, o meu subconsciente não quis parar. Eu sabia que aquilo era errado, sabia perfeitamente. Eu tinha que parar, tinha que o fazer, mas esse era um dos inúmeros problemas de Ross, ele sabia o efeito que tinha em mim, sabia que eu era fraca quando o assunto era ele. Sabia porque eu tinha-lhe contado quando ainda não sabíamos a identidade um do outro, e porque via como o meu corpo reagia ao seu toque. Aproveitou-se disso num momento de fraqueza, mas tinha que acabar.

            Como num momento de coragem, afastei-me dele empurrando-o pelos ombros fazendo-o perder o equilíbrio e cair no sofá. O olhar dele gritava por uma explicação, o meu gritava pelo toque dele, embora isso fosse a coisa mais errada.

            -Estás parvo Ross?- gritei, tentando disfarçar as lágrimas que queriam cair pelo meu rosto .-Isto não podia ter acontecido, nem vai voltar a acontecer percebeste?- virei-lhe as costas agarrando no meu casaco, pronta para abrir a porta.

            -Rita por favor! Ambos sabemos que não podemos ser só amigos, o que existe entre nós é bem mais forte que isso!- a voz dele desesperada, e eu já tinha desabado em lágrimas á frente dele.- Por favor não chores Ritz, por favor. – aproximou-se de mim, limpando as lágrimas com o polegar e olhando directamente nos meus olhos.

            -Ross, não faças isto mais difícil do que é, enganaste-me. Sei que provavelmente estou a ser exagerada, mas a verdade é que me mentiste. Estás com a Morgan, e eu não sou dessas que trai e tu sabes bem disso. Não me digas que vais acabar com ela por minha causa porque eu não quero isso. Não quero, e se for preciso eu saio daqui, daqui a alguns dias abrem os dormitórios e não tens que me ver mais, prometo. É como tu disseste, o que existe entre nós é demasiado forte para ser uma qualquer amizade, mas isso para mim não dá Ross, não agora, não com isto tudo.- abri a porta, correndo em direcção á casa, ignorando os chamamentos dele, com a esperança de que ninguém me visse naquele estado.

            Sorte ou não, não estava ninguém na casa, e então consegui subir sem chamar á atenção. Deixei-me lá ficar durante a manhã toda, e parte da tarde e o meu estômago estava a fazer sentir-se da sua ausência de proteínas. Os meus olhos estavam inchados, e decidi disfarçar aplicando um pouco de maquilhagem e vestindo uma roupa lava de maneira a dar-me um ar mais fresco. Desci as escadas e fui até á cozinha. Decidi-me por comer gelado, o melhor amigo da mulher nestas ocasiões certo? Mesmo quando estava a tentar abrir o armário, vi uma cabeça loira a aproximar-se da cozinha e percebi imediatamente de quem se tratava.

            -Olá Rita- disse com a voz mais falsa de sempre.

            -Olá Morgan.- respondi exactamente na mesma moeda, nem me dignando sequer a olhar para ela. A questão aqui não é o facto de ela ser namorada de Ross, é o facto de ela não ter respeito por ninguém, e achar que toda a gente tem o dever de lhe obedecer. Pois está enganada, que comigo não é assim.

            -Se me dás licença- disse tentando passar por ela, que insistia em bloquear-me caminho.

            -Deixa o Ross em paz.- disse sorrindo.

            -Desculpa?

            Senti um líquido quente descer pela minha camisola e percebi que ela tinha acabado de me entornar o café que tinha acabado de fazer em cima de mim.

            -És maluca miúda, só pode!

            -Não viste nada ainda- encurralou-me no balcão olhando para mim. -Isto foi só o começo, se não largas o meu Ross, vai haver problemas para o teu lado.- não consegui e dei uma gargalhada tão alta que Rocky apareceu no jardim nem se dando conta do que estava a acontecer.- Estúpida! Não gozas comigo!- e aí começou a confusão.

Disguised LoveWhere stories live. Discover now