afterparty

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percorri a ruela de paralelepípedos tortos por onde derramei lágrimas, agora secas depois da festa. entorpecida visão, após doses de bebidas amargas, anda procurando por aquele meu coração partido que tu jogaste na sarjeta.

engoli o veneno de suas palavras chulas, escorrendo por aqueles lábios que tanto sussurraram sobre me amar. ah, não, você não me amava. foram promessas falsas, cortando-me afiadas naquela doce ilusão entorpecente.

seu sorriso era apenas um esboço, contornando-me de sentimentos fictícios e silêncios berrantes de seu coração de gelo. você nunca esteve lá de verdade. fingia ouvir, fingia sentir. fingia.

e eu, eu dei meu amor para seu eu falso, tão tola e inocente ao cair em teu joguinho estupido, provando da tempestade amarga que era estar do teu lado.

essa chuva que despencou de meus olhos não foi para você.
chorei por meu amor despedaçado, pelo amor que poderia ter dado para mim mesma.

e você, um vagabundo colecionador de corações partidos, não levará o meu. porque lutei contra dragões cuspidores de fogo para catar os pedacinhos estilhaçados.

segurando-os entre meus dedos, remendei-o e o coloquei de volta no lugar. porque, de agora em diante, serei egoísta. porque, todo amor que renasceu em meu peito, eu o pegarei todo para mim.

porque, de agora em diante, eu vou amar a mim mesma.


                                🖤

EGOÍSTA ♥︎Where stories live. Discover now