cigarros das cinco

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agora devem ser umas 5 da madrugada de mais um dia em que eu me pego fumando no frio e pensando abobrinhas desnecessárias, ansiedade é a dama mais traiçoeira de uma pessoa que tem um buraco no estômago e um vazio quase paradisíaco na cabeça.


você agora na cama deve estar arrependido de certas palavras que cuspiu na minha cara mais cedo, acho que é culpa dos dois, o estresse do dia e as culpas que carregamos nas costas por pecados proibidos que cometemos, os prazeres culpativos que sentimos quando estamos vivenciando algo que a gente sabe que não deveria.

isso tudo combinado numa relação que já tem falhado e ido de mal a pior a tempos, coloque isso no liquidificador e coloque uma bebida barata comprada no bar do chitão ali em cima e parabéns, você tem suas decepções escorrendo da sua boca sem receio nenhum de que a pessoa na sua frente está ouvindo tudo isso e terá que engolir isso com se se engole uma pedra de gelo do tamanho do fusca estacionado na porta de entrada.


meu cigarro está acabando, junto com a gente, junto com aquilo que prezamos mais, os segredos não ditos, as palavras que não precisavam vir a tona, o tapa na cara que a gente não queria ter tomado em um dia qualquer.


eu pensei que poderia carregar a gente nas costas mais um pouco, mas talvez seja tarde de mais pra dois velhos amigos e amantes cansados, quem vê não imagina que temos somente 20 e poucos anos.


um dia vou olhar para trás e ver tudo que vivemos e tudo que aprendemos, as vivências trocadas nesse lugar nunca mais por mim serão esquecidas, hoje ainda você faz parte de mim, como o cigarro. mas talvez esteja na hora de largar do vício que você é, por que se seguirmos assim, você me mata antes da nicotina.


com amor, alguém do seu passado.

DEVANEIOS MEUSWhere stories live. Discover now