DECEPÇÃO

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                                                                                              LISA

Acordo com a claridade do sol incomodando meus olhos, quero me espreguiçar, mas quando entendo que tem um homem dormindo de conchinha comigo mudo de ideia e saboreio este momento. Estou enroscada em seu braço, ele me encaixou tão perfeitamente em seu corpo que me sinto um ursinho de pelúcia nos braços de uma criança adormecida. Presto atenção em sua respiração em meus cabelos e mesmo com uma vontade enorme de ir ao banheiro, não me mexo. Com as pontas dos dedos acaricio seu braço em volta de minha cintura e sinto uma tristeza estranha por saber que nunca mais o verei, que vivi um sonho, mas que infelizmente em muito pouco tempo terei que acordar e encarar minha realidade.

– Bom dia! – a voz rouca atrás de mim seguida de uma inspiração forte em meus cabelos e pescoço me causa arrepios. – Seu cheiro é tão bom!

Viro-me e nossos olhos se encontram.

– Bom dia!

Sorrimos e nos beijamos, o abraço forte já com a dor da perca.

– Amei te conhecer – digo em seu ouvido.

– Eu também! – seus braços me apertam mais. – Você vai mesmo embora para Minas hoje?

– Infelizmente sim – com pesar olho para ele.

– Bem que você poderia passar mais dois dias comigo, o que acha? Meu pai deixou uma empresa que minha avó insiste que tenho que cuidar. O problema é que moro em Paris e essa empresa é aqui em São Paulo e estou indeciso com o que tenho que fazer. Preciso enfrentar duas reuniões, uma hoje e outra amanhã, apenas volto para o meu país na quarta-feira, fica aqui comigo. Vai ser difícil nos vermos durante o dia, mas a noite iremos dormir juntos, o que você me diz, vamos prolongar a nossa despida? – que sorriso mais lindo, meu Deus!

– Eu iria adorar passar mais uma noite com você, duas então nem se fala, mas minha realidade me chama, na verdade está me gritando. Aposto que a maluquinha da minha irmã nem a aula foi hoje. Além de ter que ficar de olho em minha irmã, tenho que procurar emprego e colocar minhas dívidas em dia.

– E se encontrar com o seu namorado – não sei dizer se o tom de sua voz foi é pesar ou acusatório.

– Pois é, ainda tem isso – sorrio e me sento. Preciso ir ao banheiro, mas ele me agarra e se deita sobre mim.

– Já que não podemos passar mais uma noite juntos, vamos pelo menos prolongar este momento.

Nick beija meu pescoço e encosta em mim sua ereção, acho que matinal.

– Espera um pouquinho, eu preciso muito fazer xixi.

– Fazer o quê?

Lembro-me que ele não é brasileiro e rindo explico que preciso urinar. Ele também ri e quando me levanto, ele também se levanta e meus olhos vão direto para o meio de suas pernas. Abraça-me por trás e quer me acompanhar até o banheiro e por mais que eu exija privacidade, o cara de pau entra no boxe, liga o chuveiro e diz:

– Ou você senta nesse vaso e se alivia logo de uma vez ou com este barulhinho de água você acabará fazendo xixi pernas a baixo – por mais que eu queira rir, pois achei engraçado e lindo ele falando xixi, me mantenho séria.

– Olha, se você está acostumado a ir ao banheiro com sua namorada, quero que você saiba que eu gosto de privacidade neste momento, ouviu?!

– Primeiro que eu nunca fui ao banheiro com a Katherine quando ela queria fazer xixi – eu estou tentada a morder este homem se ele falar xixi novamente – e segundo, para quê privacidade se não nos veremos mais? Quero ficar perto de você até não poder mais e isso quer dizer quando você embarcar de volta para sua casa e não aqui nesta casa e muito menos neste banheiro.

A força do desejoWhere stories live. Discover now