Debaixo do mesmo céu

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                                                                      Prólogo


Prólogo

A história das nossas vidas.

É engraçado que não a percebemos correndo.

A nossa percepção observa sempre o que há de vir e esse algo nunca vem.

Os pedaços vão se espalhando pelos anos, e onde nós ficamos?

Somos capazes de ainda nos reconhecer?

Algo se move em nós de forma nostálgica e profunda, se escondendo cada vez mais de nosso controle... Não nos importamos... Deixamos assim mesmo... E nos esquecemos de que se trata de nós mesmos.

Veja ao redor, os olhos mentindo o tempo todo, querendo esclarecer ou se clarear. Vidas encenadas de forma quase perfeita. Um olhar mais atento pode perceber isso... Até mesmo entender, mas as mãos não se mexem...

Seguimos em frente.

Houve um brilho certa vez nas minhas memórias, que morreu feito estrela que despenca do céu. Eu sei que lá está o que eu preciso... Ou o que vou precisa em algum momento.

Vai voltar... eu sei que vai.

A nossa busca tem fim, e o nosso maior anseio será sempre o motivo de nosso maior sofrimento. Paradoxos que enfrentamos em busca de sentido que uns dizem estar aí fora, e outros dizem estar aqui dentro.

Eu não sei em quem acredito mais.

Voltamos ao ponto de juntar os pedaços outra vez e nos recompor pra seguir em frente, pelo menos apoiados no que resta ou no que falta pra se poder seguir em frente. Ainda não há destino certo.

Esse movimento dentro de nós vai nos falar.

Milhões de pessoas os desejam, e nós os temos. Os olhares se voltam para nós, mas não veem na realidade aquilo que nós somos.

Precisamos nos encontrar. Eu sei que estamos aí.

Mas onde?

Se um dia nós evoluímos foi porque alguma coisa nós tivemos que deixar para trás.

Dylan

Dylan continuava a olhar para o teto do seu quarto, revirava-se na cama, mas sempre terminava na mesma posição, olhando pra cima, numa tentativa de quem sabe enxergar através da espessa laje de tijolos e observar as estrelas que havia algum tempo já se espelhavam pelo céu.

Isso acontecia todos os dias.

Virou a cabeça para o lado pra observar o relógio do celular que marcava em números grandes e vermelhos, duas horas da manhã. Suspirou. Por mais que certas coisas aconteçam todos os dias e estejam sempre presentes, isso não quer dizer que nos acostumamos a elas. Foi o que sentiu.

Começou então a repassar em sua mente desperta o seu dia, minuto a minuto. Em alguns momentos se demorava mais, os julgava mais importantes, aí ia segundo a segundo. Já fazia parte de seu ritual noturno tentar reviver, no meio da escuridão, as emoções que o assolaram durante o dia. De modo especial, aquele havia sido um dia complicado. Não tinha boas coisas para se recordar e sentia um bolo estranho formar-se no estômago só de pensar na briga que teve com mãe já logo de manhã... Na verdade nem tão de manhã assim. Estava acostumado a sair do quarto somente lá pelas onze ou meio dia, esse era um dos motivos do desentendimento quase diário. Você sabe que pra mim é intolerável essa sua atitude de acordar essa hora Dylan... Você deve ser mais produtivo, senão onde vai parar?, ela falava enquanto ele esquentava um copo gigante de leite com chocolate em pó no micro-ondas, Olha isso, como você vai almoçar com a gente se está se entupindo de leite e bolacha agora?! Dylan mastigava o biscoito já sentindo o estômago se embrulhar por toda aquela reclamação a sua volta.

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⏰ Last updated: Dec 08, 2023 ⏰

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