Boyfriend Material ✩SuLay✩

>10< Medo incontido e consequências dolorosas

-Baekhyun, pode me trazer os relatórios sobre a fusão da nossa subsidiária em Beijing? E peça para o Namjoon preparar a papelada para falarmos sobre o andamento da sede de Tokyo ainda hoje. Quero estar a par de tudo antes dele e Seokjin irem embora amanhã - o secretário apenas assentiu, saindo do escritório de seu superior e se sentando em sua mesa.

Byun sabia que havia algo errado, mas não obteve sucesso em arrancar de YiXing o que quer que fosse. Sua curiosidade estava lhe matando, assim como o remoroso fazia com o mais velho a cada vez que se lembrava da noite anterior.

A visão de Junmyeon indo embora lhe assombrou a noite toda, assim como o peso em seu estômago quando percebeu que talvez não tivesse outra chance de encontrar o moreno sem que ambos ficassem desconfortáveis. Era, no mínimo, desconcertante.

Sabia que havia se precipitado no que disse. Não estava, necessariamente, apaixonado, mas sentia uma atração inigualável pelo outro. Algo como um ímã o atraía e lhe deixava nervoso a cada vez que pensava nos cabelos castanhos ou no sorriso doce. Queria, desesperadamente, voltar para quando se conheceram de forma amigável no mercado e apagar os eventos do café.

-YiXing! - Baekhyun precisou gritar para que o amigo olhasse em sua direção, ainda desnorteado e pensativo. Apesar do estado aéreo do vice-presidente, Byun não encontrou nada de errado ao ler os relatórios que lhe foram entregues. Mesmo com a mente distante, YiXing ainda conseguia ser profissional e não deixar seus deveres de lado. Muito pelo contrário, o herdeiro preferia mergulhar em trabalho para se esquecer dos problemas, preparando relatórios, adiantando papelada e resolvendo problemas antes mesmo que acontecessem.

-Desculpe, Baek. Disse alguma coisa? - Zhang parecia completar aquele lugar. A postura séria que tomava quando se sentava à sua mesa e o modo como lidava com tudo o que estava ao seu alcance evidenciava o merecimento daquele posto, não por ser filho do presidente, mas por saber lidar com suas responsabilidades e separá-las de sua vida pessoal.

-Seokjin e Namjoon estão te esperando na sala de reuniões - o mais novo checou o horários em seu relógio de pulso e suspirou, notando que faziam horas desde que estivera naquela sala e o chinês não havia desviado sua atenção dos milhares de relatórios - Você saiu para almoçar, ao menos? - YiXing juntou os documentos que precisava e negou para o melhor amigo, dando a volta em sua mesa.

-Você está livre pelo resto da tarde. Vou precisar checar mais algumas coisas depois da reunião, mas posso fazer isso sozinho. Avise ao Minseok que não sei que horas vou chegar em casa - o secretário não conseguiu rebater. O vice-presidente já saía da sala e o deixou sozinho, com uma pasta em mãos e o olhar preocupado.

Na outra ponta do fio vermelho, ou seja lá como vocês queiram chamar essa bagunça em que eles se meteram, Junmyeon não conseguia se concentrar em seu trabalho depois de ter passado a noite em claro.

Não havia fugido de YiXing por causa de suas palavras, mas por medo de uma reação ainda mais estúpida de sua parte. Odiava a ideia de ter se apaixonado por um estranho, de ter pensado nele desde então e não saber o que fazer depois. Odiava o frio na barriga que sentia quando se lembrava dos olhos escuros, da covinhas que vira uma única vez e da risada nasalada de quando Zhang riu de sua altura no mercado.

A declaração do mais novo o havia pego de surpresa e um arrepio subiu sua espinha. Estava tão perto de recuperar sua câmera, mas foi tomado pelo pavor, o medo de ser alguma brincadeira de mal gosto, então apenas correu.

Correu até seu apartamento sem parar para tomar fôlego. Suas pernas extasiadas pela corrida repentina pareciam não obedecer seus comandos. O rapaz se sentou no meio fio em frente ao seu prédio e ficou ali por um tempo, tentando normalizar sua respiração e seu coração. A batida frenética não era culpa da corrida, era culpa dele.

Junmyeon não entrou no apartamento até ter certeza de que Chanyeol estava dormindo. Não queria preocupar o mais novo com seus olhos inchados pelo choro e a respiração descompassada, então esperou até depois da meia noite, sabendo que o amigo não aguentava ficar acordado até tarde.

Com a mente cansada, se arrastou para tomar um banho e logo caiu na cama, sem se dar ao trabalho de secar o cabelo ou fechar a janela. O vento gelado competia contra o cobertor quente para controlar a temperatura corporal de Kim, que não conseguia fechar os olhos sem dar de cara com a visão descontraída de YiXing. Aquilo parecia corroer sua mente e apertar seu coração.

Não podia estar apaixonado, não por um desconhecido que viu todo o seu mundo dentro daquela câmera que segurava. O pensamento o apavorava em vários níveis diferentes.

-Hyung! - Jongin chacoalhou o mais velho, tirando-o de seu transe mais uma vez. Junmyeon quase dormia sobre o balcão, evidenciando a falta de sono da noite anterior. O Kim mais novo não queria ter de reportar ao seu chefe, mas, ao tocar o rosto do menor, não teve escolha senão tomar uma atitude - Você está queimando de febre! Como foi que isso aconteceu, hyung?

-Passei a noite com a janela aberta - resmungou em resposta, sentindo a mão fria de Jongin contra sua bochecha quente. Não era uma mentira, mas omitia a parte de que não havia dormido nada durante a noite e por isso não se aguentava em pé. Sua mente vagava para lá e para cá, nunca focando em nada de verdade. Sempre acabava pensando em YiXing, de qualquer forma.

-Vou falar com o sr. Cho. Tenho certeza de que ele vai te liberar - avisou o rapaz. Antes que tivesse a chance de se afastar, Junmyeon segurou a manga de seu casaco e meneou a cabeça.

-O expediente está quase acabando. Eu posso ficar até o final - garantiu, contra os protestos do mais novo. Jongin assentiu e se distanciou, tirando o celular do bolso e ligando para o namorado enquanto mordia a pelinha no canto da unha de seu polegar. Maldita mania.

-Nini? - a voz de Kyungsoo automaticamente diminuiu o peso em seus ombros, como se um relaxante muscular tivesse sido posto ali.

-Oi, Soo. Como está o trabalho? - do outro lado da linha, Kyungsoo franziu o cenho. A voz de seu namorado estava cautelosa, um tanto abalada e levemente preocupada.

-O que aconteceu? Quem foi? - foram suas primeiras perguntas. Já estava em pé quando ouviu, novamente, a voz vacilante do mais novo.

-C-calma, amor! Está tudo bem! - a afirmativa fez o mais velho se sentar em sua cadeira, recebendo um olhar pesado de seus colegas. Não se importava - É que o Junmyeon hyung está mal e eu estou preocupado. Lembra que eu falei que ele ia em um tipo de encontro? - o Do se lembrava. Jongin passara a noite anterior inteira deitado em seu colo no sofá, trocando mensagens com Chanyeol e tentando adivinhar como o mais velho dos quatro estava, enquanto recebia carinho do namorado.

-Eu me lembro. Você passou um tempão falando disso ontem - comentou, com um sorriso fraco nos lábios.

-Eu acho que o encontro não deu muito certo. Estou preocupado. Posso passar a noite fora? - o tom era receoso. Kyungsoo levou alguns segundos para entender o significado por trás daquelas palavras.

-Pode, claro. Vou levar seus óculos e uma troca de roupas quando sair do trabalho - avisou, anotando o que precisava levar para o namorado em um post-it. Não era um namorado controlador, apenas preocupado. Conhecia Junmyeon e confiava no rapaz para cuidar de Jongin. Soube que a situação estava séria porque o mais novo pediu para dormir fora. Desta vez, não seria Junmyeon cuidando de Jongin, mas o inverso. Nunca pediu que Jongin avisasse que ficaria na casa de Junmyeon, pois o mais velho sempre fez questão de lhe mandar uma mensagem, avisando que seu namorado passaria a noite fora. Se o próprio Kim mais novo precisou pedir a permissão, era porque algo estava muito errado.

-Obrigado. E não esqueça o meu remédio, por favor - Kyungsoo riu da voz envergonhada do mais novo, mas não pôde deixar de se sentir preocupado. Afinal, a história dos dois estava longe de um conto de fadas e as sequelas não podiam ser apagadas facilmente.

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Gente, por favor, não se enganem sobre o Soo, ok? Tudo aqui tem um motivo.