Capítulo 3

350 27 33
                                    

Chegou em casa um pouco cansada e talvez até um pouco bêbada. Tirou os sapatos e jogou-os em um canto qualquer da sala. Colocou uma roupa mais confortável e sentou-se no sofá e começou a ler ao som de By the Way. O livro era daqueles que fisgava qualquer um logo no começo. Melinda virou a noite lendo-o. Estava lá pela página 400 onde a protagonista e a antagonista estavam em conflito, quando deixou seu corpo cair para o lado e adormeceu.

Raios solares invadiram a casa lá pelas nove da manhã. Melinda levou a cabeça até os joelhos na esperança de poder dormir mais um pouco, quando se deu conta de que estava atrasada.
— Merda — levantou correndo e olhou o relógio da cozinha.
Eram exatas 9:30am, o que era terrível porque ela entrava às 8:00 em ponto.

Hoje a manhã não seria tão perfeita. Teve que fazer tudo correndo e por fim, saiu às 9:45. A livraria que todos os outros dias parecia estar perto, hoje pareceu ter avançado cinco quadras.

Entrou correndo fazendo com que a porta fizesse um barulho meio estranho.
— Me desculpe, não escutei o despertador tocar — falou olhando para Daisy que se encontrava sentada em uma poltrona lendo.
— Sem problemas — ela abriu um sorriso irônico e May percebeu o que estava por vir — eu esperei tanto por esse dia — fechou o livro com a animação — a dedicada Melinda May que nunca chega atrasada, chegou.

May revira os olhos e vai guardar a bolsa no armário.
— Deveriam fazer um feriado com o dia de hoje. — riu ironicamente e voltou a ler.

Isso era verdade. May, em seis meses de trabalho, nunca chegara atrasada.

O dia de hoje estava mais calmo, ela já havia colocado todos os livros no lugar e não tinha muita movimentação, típica sexta-feira. Sentou-se ao lado da Daisy e voltou a ler aquele maravilhoso romance.

Ouviu o sino da porta tocar mas nem ousou se mexer, estava naquela parte em que a personagem principal está prestes a declarar seu amor.

— Ótima escolha de livro — olhou por cima das páginas e notou que o autor daquela maravilhosa história estava a dois metros dela.
Colocou o marca páginas no livro e fechou-o.
— É uma história encantadora.
— Muito obrigado — depois de responder, ele sorri e vai em direção ao andar de cima.

Mesmo em andares separados os dois trocaram olhares.

— Eu estou vendo isso hein — Daisy cortou totalmente o clima que pairava no ar.
— Não tem nada para ver — abriu o livro novamente e voltou a ler.
— Não precisa mentir, eu sei que se sentiu atraída por ele — Daisy cruza as pernas e encara a amiga.
— Ok, talvez isso seja verdade. — viu brotar no rosto dela um sorriso estonteante — Porém, eu tenho certeza de que isso é apenas uma atração fugaz.

Daisy arqueia uma das sobrancelhas e a lança um olhar que dizia: dúvido que seja só isso.
Ignorou-a totalmente e voltou a ler aquele livro. O final foi um tanto quanto decepcionante, terminou com a garota dizendo que não tinha certeza sobre seus sentimentos mas que estava disposta a tentar engatar um romance.

— O QUE? — falou em um tom meio alto que causou eco na biblioteca.

Ficou irritada com o final. Levantou-se correndo e foi ao encontro daquele autor não tão sensacional.
— Como assim ela não tem certeza dos sentimentos? Eles têm 25 anos de amizade e está bem claro que se amam. — sentou-se na frente dele.
— Olá para você também.
— Por favor me diga que tem uma continuação.
— Sinto muito — balançou a cabeça negativamente.
— Que droga — bateu com a palma da mão na mesa.

Ela ficou quase meia hora sem falar nada, sentada e indignada. Balançava a cabeça e fazia movimentos com as mãos que deixavam bem claro a insatisfação.

— Eu acho que vai te animar saber que estou escrevendo a continuação.

— Você me deixou indignada por 3 minutos, e depois fala isso? — enfureceu-se mais ainda.
— É que, você estava tão fofa brava — levantou os ombros e fez com que as bochechas dela corassem.
— Chega de enrolação. Eles ficam juntos ou não? — um ar de suspense pairou no ar.
— Sim. — ao processar a resposta Melinda ergue os braços em sinal de comemoração e por “acidente” abraça Coulson por cima da mesa.

A Bibliotecária- Melinda May Onde histórias criam vida. Descubra agora