Capítulo único

15 1 0
                                    

╭────────────────────╮

Olá! Obrigado por ler e desculpa qualquer erro. Essa é uma história que tenho armazenada faz um tempo e resolvi compartilhar. Espero que gostem de lê-la e que sejam cativados pela mesma.

 Boa leitura!

╰────────────────────╯


Um brunch entediante e quatro amigos loucos para aproveitar a vida enquanto seus pais só queriam que seus filhos ingressassem no mesmo mercado de trabalho que eles. Uma inocente conversa sobre carros e uma troca de olhares travessos e cheios de desejos foi o suficiente para fazê-los levantar de seus respectivos lugares e se encontrarem no estacionamento do local, levando nada além de suas almas jovens e mentes infantis.

O mais velho já possuía carteira de motorista e se encarregou de conseguir a chave de qualquer carro no balcão do recepcionista e manobrista enquanto os outros sorriam descontroladamente e tentavam não chamar muita atenção, o que se tornava mais difícil pelo fato de estarem levemente alterados pelo álcool que beberam escondidos. A volta do mais velho com chaves barulhentas em sua mão direita faz os mais novos congelarem sorridentes, mas logo correrem puxando e empurrando o maior até o carro escolhido.

Mandou bem, Hyung!


✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦

"Ah! Essa voz." A frase dita pelo moreno de olhos claros que, por uma maldade muito grande do destino, ou não, sentou ao meu lado no carro. Olhei-o de soslaio e perdi bons minutos analisando aquele tão decorado por minha mente sorriso. Por mais que soubesse cada um de seus detalhes, sentia como se fosse à primeira vez, pois meu coração sempre batia mais rápido quando parava para analisa-los. Sua beleza é incontestável, assim como meu abismo pelo mesmo, mas agilmente culpo o álcool em meu organismo e balanço a cabeça levemente, para não ficar mais tonta que já estou, numa quase falha tentativa de afastar esses pensamentos de minha mente. Mas recebo uma ajuda de minha melhor amiga, que estava sentada no banco da frente carregando um sorriso, pelo ato impulsivo que o homem ao seu lado tivera, mas que morrera ao ter sua atenção voltada a mim.


-Está tudo bem? -A pergunta soou um pouco distante, mas foi suficientemente alta para meus ouvidos. A resposta lhe foi oferecida como uma confirmação de minha cabeça, que concordou. Não entendi ao certo o que me fez não responder em palavras, mas analisando bem, talvez tenha sido o medo de que minha voz falhasse, mostrando o quanto meu "sim" não é tão verdadeiro. Com medo de que restassem duvidas, ofereço-lhe um sorriso singelo, que foi retribuído.

Abaixo o vidro da janela que eu estava sentada próxima e num ato lento e quase automático, fecho meus olhos, aproveitando a brisa que invade e choca contra meu rosto. Ainda com a visão completamente vedada, ouço um barulho de desencaixe metálico para em seguida sentir braços contornarem meu corpo e antes que eu pudesse abrir meus olhos, uma quente respiração bate em meu pescoço e, após um suspiro arrastado meu, sinto lábios no mesmo lugar antes aquecido. Queria reagir negativamente a isso, juro que queria.


O ser em questão já me fez tanto mal que me odeio cada vez que minhas barreiras caem para o mesmo e permito que ele volte para minha vida e destrua o que levei tempo para construir. Mesmo que não seja culpa sua ser tão errado, afinal, ninguém tem sanidade suficiente pra aguentar um pai alcóolatra e agressor, enquanto tem que cuidar de uma mãe com um câncer em fase terminal além de lidar com a inevitável culpa de ter um irmão preso porque ele mesmo o denunciou. Eu o entendo, compreendo perfeitamente cada um de seus motivos e gatilhos. Mas não posso sacrificar o meu bem-estar em prol de algo que sabemos que faz mal para os dois. Não posso, mas não consigo me segurar. Por que eu sou tão fraca?

Mas são momentos como esse que me mostram que o amo demais para continuarmos sendo meros amigos. Preciso dele como ele precisa de mim. Assim que nos mantemos vivos, estando com o outro. Por esse motivo foi tão difícil quando decidi terminar o nosso relacionamento assim como foi nenhuma surpresa mantermos a amizade. Éramos e somos inseparáveis e a salvação um do outro, nem nossos pais foram capazes de negar isso. Nossos pais, vírgula. Pedro vive com seus tios ricos que brigaram por sua guarda quando o garoto apareceu com um roxo no olho, claramente de um soco. Quando a família dele descobriu que o autor dessa atrocidade foi seu próprio pai, os únicos a quererem ajudar foram seus tios que moram fora do país e ele, mesmo contrariando o amor que sente pelo seu progenitor, foi. Sem olhar pra trás. Afinal, sem amigos e sem ter com quem contar, o que o segurava lá?

Mas o destino prega peças na gente, não é mesmo? Quem diria que hoje estaríamos aqui?

Quem diria que depois de tantas idas e voltas, tantas brigas, tantos choros, tantos 'tantos', estaríamos nós dois aqui, usufruindo de nossos toques tão precisos, dos nossos corpos gritando pedindo pelo outro e meus olhos lacrimejariam pela primeira vez durante um osculo. Ele, assim como eu, sabia que esse choro não era nem intencional nem por tristeza. O álcool me fez confessar que a saudade estava pra me matar, e quando minhas pálpebras, mesmo pesadas, levantaram, eu consegui ver a verdade. Eu não seria a única a morrer. Virei meu corpo, sentando de frente para si. Senti minha pele arrepiar quando suas mãos foram de encontro a minha cintura e deslizaram meu corpo pelo estofado do banco, colando nossos troncos e nossas testas. Uma brincadeira inocente entre nossos narizes roubou um sorriso bobo meu, pois eu conheço-o bem, e sei que sempre que ele faz isso, o que vem depois faz meu coração explodir e minha mente entrar em pane total, assim como também faz meu corpo entrar em combustão.

Só que dessa vez, fui surpreendida.

'As coisas mudam. ' Não é o que dizem? Pois então. Mudaram.

Não sei descrever o que senti, mas dor é uma boa opção. De inicio, foi o que eu senti. O pedido de desculpas me fez quebrar em mil pedaços e meus olhos arregalaram tanto que poderiam até sair de meu rosto. Minhas unhas machucaram propositalmente seus ombros e nem percebi quando um biquinho se formou em meus lábios já que eu nem sabia como responder aquilo. Seus olhos estavam fechados, mas isso não impedia que lágrimas pesadas saíssem pelos mesmos e deslizassem pelo contorno de sua bela face. Minhas pupilas dilataram e tentei ver qualquer sinal em sua expressão, queria e precisava de uma explicação para suas palavras.

Ele abaixou a cabeça e puxou novamente meu corpo para perto, encaixando seu rosto na curva de meu pescoço e apoiando o peso em meu ombro, e isso não é uma simples metáfora. O peso de suas palavras foi despojado em meu ombro quando ouço gritos desesperados vindo do banco da frente.

Uma luz vermelha invade o interior da Bougatti Veyron que roubamos e antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo, o carro chocou-se com algo que não consegui identificar, fazendo meu corpo impulsionar para o lado e ser impedido de sacar carro a fora pelo cinto de segurança, e tudo que consegui fazer foi abraçar fortemente o corpo que já estava junto ao meu. Senti uma forte pressão em minha cintura e soube que eu estava sendo retribuída, e que eu estava enganada.

Universo TravessoWhere stories live. Discover now