cap. 27 | egocêntrica, egoísta e arrogante

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Ainda com direito a transmissão ao vivo pelo meu perfil milionário no Instagram, a queimada é marcada para daqui a duas semanas em novembro. Richard oferece a quadra de futsal do seu tio como campo de guerra e Xuxa não tem outra opção senão concordar. Por fim, é decidido que cada uma de nós poderá ter mais três aliados e que o grande jogo será transmitido ao vivo em nossas redes sociais.

É surreal. O mundo da internet passa a girar em torno daquilo assim que coloco meus pés para fora da boate. Todos os sites e páginas famosas anunciam o grande confronto pelo legado de "Barbie versus Barbie1", e tudo cresce ainda mais no dia seguinte e depois no próximo.

Toda a humilhação ao vivo que eu havia sofrido por Xuxa em sua festa ridícula havia valido a pena. Muitas pessoas pareciam começar a questionar o caráter da minha cópia descarada. O público estava dividido. De um lado minhas Barbitchs que me idolatravam e me defendiam com unhas e dentes desde o princípio, e do outro, todas as pessoas em que Xuxa havia feito sua lavagem cerebral. Estavam até fazendo uma aposta onde a farsante liderava com uma margem de 2% de vitória. Eu tinha vontade de arrancar os meus olhos todas as vezes que via aquilo, mas eles eram bonitos demais e eu precisaria muito deles daqui uns dias.

Coloco meus neurônios para trabalharem mais do que nunca. Eu precisava ganhar aquele jogo. Perder não era uma opção. Ao mesmo tempo que eu sentia muita confiança por já ter derrotado Xuxa, possuir movimentos flexíveis e ter ótimos reflexos, eu não podia deixar de temer o resultado. Para as pessoas era só mais um joguinho para ver quem era a melhor, mas para mim era toda a minha vida. Derrotar Xuxa naquela partida faria com que as pessoas tivessem fé na Barbie original novamente.

Mas eram tantas coisas para se pensar. Tantos pensamentos embaralhados na minha cabeça. Eu pensava na queimada, pensava na desgraçada da Xuxa, pensava em Cazinho que estava tão longe e pensava em Felipe, Susi, Oliver, minha mãe, Richard... Eu precisava corrigir minha mente se queria estar cem por cento disposta na minha grande batalha.

Eu ainda tinha uma semana até o grande dia. Comecei a pesquisar sobre Astrologia na internet. De certa maneira aquilo me reconectava comigo mesma fazendo com que eu conseguisse absorver informações exclusivas sobre minha índole. O problema é que de acordo com meu mapa astral simplificado criado em um site qualquer, a arrogância, o egocentrismo e o egoísmo me acompanhavam por onde quer que eu fosse.

Eu não entendia muito bem porque falavam tanto aquilo sobre mim, mas prometi a mim mesma tentar enxergar fora da caixa. Talvez eu fosse um pouquinho egocêntrica as vezes, mas nada exagerado. A verdade é que eu não tinha culpa de ser bonita e talentosa, mas por algum motivo aquilo desagradava as pessoas ao meu redor. 

Eu precisava de opiniões de terceiros. Opiniões sinceras.

Desço do meu quarto até a cozinha em uma tarde para comer uma maça verde. Eu havia acabado de ler um texto chamado "Não deixe que o seu brilho de leonina cegue a si mesma" e senti a necessidade de me reconectar com a natureza. Agora que eu era meio vegana acreditava no poder das frutas.

Quando entro pelo aro da cozinha, dou de cara com uma coisa muito estranha. Bem ao lado da geladeira, um rosto horrendo todo preto com olhos esbugalhados, dentes afiados, nariz vermelho e chifres como de uma cabra me encara.

Devo levar menos de três segundos para revirar os olhos.

– É sério, Oliver? – Resmungo. – Isso era para me assustar?

Vou até a geladeira enquanto ele retira sua máscara demoníaca. Por detrás dela uma expressão incrédula.

– Como você pode não ter se assutado com isso? – Ele está revoltado. – É a máscara mais feia que eu encontrei!

Uma Barbie Incompreendida [✓]Where stories live. Discover now