i'm a mess

80 2 0
                                    

- ALISHA, É PARA VOCÊ. - Dorota gritou, fazendo-me massagear as têmporas.

- SE FOR MINHA MÃE OU MEU PAI FALA QUE EU TO DORMINDO. - Grito de volta. Gritos. Um ótimo meio de comunicação.

- É O SIMON. - Revirei os olhos. Tudo bem que eu gostava de Simon, e muito, mas qual a finalidade de me ligar tão cedo, ou pior, me acordar?

- ENTÃO FALA QUE EU MORRI.

Rapidamente escutei as batidas na porta, provavelmente de Dorota, abrindo logo em seguida.

- É para você, arque com os seus problemas. - Dorota praticamente joga o celular em meus braços.

- Alô? Como posso ajudar? - Pergunto.

- Alisha, minha querida. Como anda a minha garotinha? Quebrando muitos corações? - Revirei os olhos novamente, talvez pela trigésima vez apenas no começo da manhã.

- Fuller, que saudades. Estou ótima e você? - Questiono.

- Estou chegando em Londres hoje, esteja pronta ás seis, precisamos conversar. - Ele desligou. Simplesmente desligou na minha cara.

Sempre fui muito próxima dos Fuller's, a ponto de termos criado grande intimidade, porém não costumo lembrar que tenho amigos e pessoas pelas quais possuo afeição de manhã.

Qual é, ninguém pode ser receptivo depois de acordar.

Reviro os olhos mais uma vez ao pensar no rumo que a conversa iria tomar, provavelmente meus pais já o teriam avisado sobre nossa mais recente briga. Eu não queria seguir os passos deles e ingressar na empresa dos Dempsey's, eu queria criar meus próprios passos. Mas eles não entendiam isso, tanto que estou tentando fingir que, finalmente, estou interessada no meu provável emprego e que vou exercê-lo com muito afinco.

Eu queria ser apenas uma garota normal de 18 anos.

Ah, e dançarina também.

A dança era minha válvula de escape, meu paraíso, minha saída. As más bocas dizem que dancei antes de andar, sempre com calos nos pés e como acessório preferido os curativos de farmácia que enfeitavam minha pele.

Sempre tinha sido assim, primeiro o balé, depois o jazz, algumas aulas de sapateado aqui e outras ali, até me ver dançando qualquer tipo de som que pudesse ressoar.

Mas era um futuro incerto, assim como todos. Ou quase. Já que insistiam em me dizer que o meu futuro na empresa seria promissor, eu teria apoio e sucesso. E mais uma vez, não seguiria meus próprios passos, não traçaria meu próprio destino.

Eu seria apenas espectadora da peça da minha vida.

O Fuller sempre gostou de me ajudar, e pior, me mimar. Como praticamente vivia mais em sua casa do que na minha, ele foi um fiel apoiador no meu sonho com a dança, ou eu diria que o único. Ok, Dorota, que foi minha babá e ainda hoje insiste em cuidar de mim, reclamando toda hora das minhas refeições nada saudáveis e de como teria que melhorar isso para, consequentemente, melhorar minha saúde para dançar por muito tempo. É, ela também me apoiava nessa.

Enfim, eu era uma garota qualquer perdida na grande Londres e agora curiosa em saber por qual motivo Simon, mesmo depois de alguns meses sem falar, me chamaria ao seu encontro.

Mas uma coisa era certa: Pelo menos algo de bom teria que sair daquela conversa.

ScriptOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz