Capítulo 4 - Alvorada Rubra I

316 106 547
                                    


QUINZE ANOS ATRÁS.

Haviam dois homens no alto de um morro nos vastos campos sangrentos do Reino de Stalf, conhecido por suas cadeias montanhosas, florestas densas e lugar onde apenas os corajosos ousam pisar. Ambos tinham armas nas mãos, e cerca de vinte humanos mortos ao seu redor.

-Rickard, você está bem? – Disse aquele que estava apoiado no cabo de seu machado, descansando da batalha que havia recém terminado. Este tinha cabelos castanhos, sempre amarrados num rabo de cavalo, sua face marcada com cicatrizes não deixava que esquecesse de seu passado. Era muito forte e fazia questão de vestir uma armadura de metal. Seus braços e pernas eram musculosos, um verdadeiro brutamontes.

-Sim Therion, melhor impossível. - Respondeu o outro, que observava o sol nascendo ao passo que lambia o sangue que havia restado em sua lâmina. Ele não era alto como seu amigo, nem tão forte, mas era bem ágil. Seus cabelos eram cumpridos e louros, e não gostava de usar armaduras, apenas roupas elegantes como seu sobretudo azul e cinza de pano nobre.

Algo que de fato diferenciava os dois eram suas armas. Enquanto Therion usava um grande machado de duas mãos que não se movia tão rapidamente, Rickard tinha uma longa espada com a lâmina afiadíssima, que conseguia conduzir com só uma das mãos para realizar cortes rápidos.

-Não precisamos mais nos preocupar com eles. Faça uma boa fogueira e queime-os. - Disse Rickard, logo após lançar um cuspe no líder daqueles que agora estavam mortos.

-Como queira, Alvorada. Isso significa que vamos voltar para a sede? - Falou o brutamontes.

-Positivo. A Patrulha da Noite está extinta agora... só resta um clã para destruirmos, e depois não haverá mais ninguém para impedir nossos planos. - Respondeu.

"Finalmente pude vingar aqueles que nos fizeram tão mal, querida, espero voltar logo para trazer-lhe as boas notícias, esperando que me traga também." Pensou Rickard.

Enquanto Therion preparava a fogueira, seu líder sentou-se numa pedra e iniciou sua meditação matutina, afinal, seu título não era "Alvorada Rubra" atoa. Nas noites sangrentas como aquela, Rickard amanhecia repleto de sangue e com ferimentos que precisassem de cuidados urgentes. Entretanto, não houve uma única vez em que ele perdeu o amanhecer. Em tantos anos, o sol nunca havia nascido sem que todos seus inimigos estivessem mortos e todos seus ferimentos estivessem totalmente curados. Isso explicava todas suas cicatrizes.

Enquanto meditava, se concentrava para conseguir comunicar-se com seu superior.

"Soltorth, estou aqui mais uma vez diante dos corpos de nossos inimigos e com os ferimentos que só vós podeis curar. O Clã da Alvorada está cada vez mais próximo de te libertar, para que possa vingar-se e trazer a justiça para nosso mundo. Veja a matança feita nessa madrugada como mais uma oferenda, e aceite Therion como outro merecido sacerdote." Orou Rickard.

...

Rickard fazia aquela reza todas as manhãs, pois ele tinha uma dívida eterna com o Deus da Morte. Três anos atrás, Lyla, sua esposa, havia morrido num trágico acidente, tendo sido alvejada por uma flecha que atravessou seu peito. Aquele havia sido o fim para o homem, mas durante sua melancolia, prometeu a si mesmo que faria algo para tê-la de volta. Sua solução foi leva-la a um culto de seguidores da divindade que representava a morte, Soltorth.

Para sua esposa ser ressuscitada, o mesmo teve que jurar lealdade a Morte, ele tornou-se um sacerdote, o título que é dado a alguém que precisa seguir ordens de um Deus até o fim de sua vida. Por conta do pacto, Alvorada Rubra recebeu a capacidade de realizar magia, algo muito raro e temido entre as pessoas, ele era capaz de se curar de qualquer ferimento não mágico.

ENOS - O Filho da Alvorada - O Despertar das SombrasWhere stories live. Discover now