Elora

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Voei por três dias e três noites sem parar. No amanhecer do quarto dia não aguentava mais e acabo pousando sem forças num campo distante de tudo. A terra era seca e sem vida, o único relevo que se destacava era um leito seco de um riacho. No meu pouso deixo cair a semente que a minha irmã tinha me dado. Meu cansaço era irrelevante, tudo que eu queria era esmagar aquela maldita semente. Eu a olho e a soco com toda a força, a membrana rosada se rasga e ela afunda na terra árida, mas não paro. Enquanto socava a semente meus sentimentos se afloraram.

  -E tudo culpa sua!- Socando cada vez mais rápido.- A Eloy morreu por sua culpa.- Começando a chorar.- Itam, senhora Appleball, as centenas de fadas e animais, todos mortos! Porque você não os defendeu?
Porque você não os defendeu.- Diminuindo a quantidade de socos.

A cada segundo a sequência dos meus socos diminuem e as lagrimas tomam conta. Meu pranto regou a semente que começa a germinar. O chão tremia conforme as raízes o perfuraram. Me afastei enquanto a maldita árvore crescia. O pequeno broto se expande, seu troco se alarga e sua copa verde azulada surge. Ela agora não passava de uma fração do que era antes, agora so tinha cerca de seis metros de altura. As raízes perfuraram tão fundo que liberaram a água presa no subsolo oque ressuscitou o riacho.

  -Eu sou Elora a grande rainha das anciãs, soberana de todas as fadas...

  -Cala a boca!- Grito com ódio.- Você não tem o direito de falar nada.- Repreendendo.

  -Como se atreve, criança insolente. Você sabe que eu sou?

Ela não percebeu que acabou de se apresentar?

  -Eu sei quem é você!- Apontando o dedo pra ela.- Você é uma traidora que abandonou seu povo. Você abandonou minha irmã, meus amigos e toda a floresta!

  -Não erga a voz pra mim criança. Eu sou a grande Elora e cumpri com meu dever. Na noite do ataque ergui minhas raízes sobre os portões, porem um feitiço queimou as raízes que protegiam o portão noroeste. Nesta hora pedi prapra Eloy enviar os soldados para lá, mas invés disso eles fugiram como baratas fogem da luz. Tentei de tudo, lancei esporos venenoso no ar, mas eles foram inúteis, lancei dardos e flechas feitos do meu próprio corpo, atirei minhas afiadas folhas contra os orcs e demônios, mas apesar disso tudo eles tomaram conta da minha floresta.- A voz dela começa a ficar triste.- Então criança, não me trate como insensível, pois eu sofri com cada golpe desferido contra as fadas e animais. Eu senti as chamas do inferno em minha casca, eu tive as raízes cortadas e carbonizadas, mas essa dor não é nada comparada com a dor da minha perda, centenas de meus filhos e filhas morreram naquela fatídica noite.

  -Você não sabe oque é dor, você não teve sua irmã morta na sua frente. Você não viu as assas dela sendo arrancadas..

  -Sim crianças eu vi!- Me interrompendo.- Eu vi tudo que aconteceu na floresta, vi as assas da Eloy sendo cortadas, vi as fadas sendo carbonizadas vivas, vi animais sendo partidos em dois. Então criança entenda que você não viu o verdadeiro sofrimento. Pouco antes da Eloy entrar em estado vegetativo eu pedi para ela não me selar na semente, mas ela ignorou meu pedido e me selou mesmo assim.

Sinceramente não queria mais ouvir as desculpas dessa maldita. Com um gesto invoco minha arma. Todas as fadas nascem com uma arma dada pela própria Elora. A minha era um macho de cabo fino e longo. Em uma ponta tinha a lâmina em forma de meia lua e do outro lado uma ponta curva que mais parecia a cabeça de uma picareta.

  -Oque você vai fazer?- Pergunta Elora.

  -Acabar com isso de uma vez por todas!- Me preparando pra atacar.

Ergo o eu macho e a golpeie com toda a força, mas uma onda de choque violenta me joga pra longe. Caio no chão e sinto uma forte dor no barriga, como se eu tivesse levado um soco violento. Sem ar pergunto.

  -Oque você fez?

  -Eu não fiz nada. Mas me responda criança, você não acha estranho você poder falar comigo?

Ainda na posição fetal raciocínio um pouco. Realmente isso era estranho, pelo pouco que sei so a Eloy podia falar com a árvore.

  -Pelo visto você não sabe. Mas me deixe explicar tudo. Quando você plantou minha semente você se tornou minha nova guardiã. Assim estamos ligadas até o dia da sua morte.

  -Desfaça isso.- Me levantando com dificuldade.- Prefiro morrer a ficar com você!- Cuspindo no chão.

  -Se você fosse a última fada do planeta eu desfaria o contrato de bom grado, mas outras ainda vivem e só permaneceram assim em quanto eu viver.

  -Como assim outras ainda vivem? Todas com exceção de mim morreram.- Falo recuperando as energias.

  -Crianças eu sinto os corações dos meus filhos batendo a procura de sua mãe. Muitas ainda vivem. Appleball, Itam, Luna, Levi, Eloy....

  -A Eloy está viva?- Falo abruptamente.- Como, eu vi ela morrer.

  -Pouco depois de você a deixar no santuário eu em meu último ato como grande árvore a enrolei em uma ampola e a escondi.

  -Onde. Onde você a escondeu.

As folhas dela brilham e seu tronco se abre revelando o corpo da minha irmã. Ela parecia estar dormindo. Seu rosto estava intacto, não havia marcas nem ferimentos, mas suas assas aindam estavam ausentes.

  -Como você fez isso?- Pergunto com os olhos marejados.

  -Eu a tele transportei pra cá. Vá crianças, abraçe a e console seu coração, infelizmente isso é tudo que posso lhe dar agora.

Me aproximo relutante do corpo da minha irmã. Toco sua mão e percebo que estava quente. Eu a abraço e sinto a sua respiração fraca e compassiva.

  -Ela está viva?- Pergunto bem baixinho.

  -Sim é não. Seus sinais vitais estão estáveis, mas qualquer perturbação a fará morrer. No momento não tenho poder suficiente para trazer ela de volta, mas se mandarmos os demônios de volta para o inferno eu poderia resusitar Eloy.

Enxugando as lagrimas dou um beijo na testa da Eloy. Olho pra Elora e falo.

  -Oque eu tenho que fazer?- Pergunto seria.

  -Primeiro libere o meu poder que está preso pelo selo da sua irmã. Depois que meu poder estiver liberado eu conseguirei chamar as outras fadas. Com a fé delas terei poder suficiente para trazer a Eloy de volta e também terei poder suficiente para criar uma nova floresta.

Eu sabia o feitiço que ela estava falando, era bem simples mas só os guardiões podem utilizar. Me preparo e falo as palavras.

  -Yr wyf yn rhyddhau y sêl hen.- Estendo a mão na direção dela.

Quando acabo o feitiço Elora começa a brilhar e a crescer. O chão novamente treme enquanto suas raízes entram e saem dele. As mesmas formam pequenos arcos e elevações na planície. Grama começa a brotar do chão e rapidamente o solo marrom e pobre estava coberto por uma camada verde e macia. O crescimento da Elora era rápido, agora devia estar atingindo dez metros. Derrepente brota uma árvore do chão, ele cresce tão rápido que suas folhas arranharam minha bochecha. Outra começam a brotar na mesa velocidade, com medo de ser atingida de novo e vôo para cima. Uma vez lá vejo várias árvores e arbustos crescendo, elas tomavam conta do solo verde que Elora tinha feito. As raízes agora se direcionaram paro o riacho. Elas o alargaram fazendo aquele pequeno leito de água se transforma em um largo rio. Elas também fizeram pequenos afluentes que passam por dentro da floresta. Agora a floresta tinha cerca de três quilômetros de diâmetro. Um enorme muro de raízes e espinhos se ergue envolta da mesma. Quando tudo acaba de crescer eu vou até Elora que agora tinha vinte metros de altura.

  -Oque acho pequena, fiz um bom trabalho?- Pergunta Elora orgulhosa.

  -Não é nada de mais.- Respondo com indiferença.- A antiga era enorme.

  -Com o meu poder atual isso é tudo que eu posso fazer. Deixe eu chamar as outras fadas e os poucos animais que sobreviveram. Quando eles chegarem eu aumentarei a floresta.- Explica.- Agora por favor entre.- Abrindo o seu troco.

Uma vez lá dentro vejo Eloy deitada sobre uma cama de rosas vermelhas. Me aproximo relutante e falo.

  -Eu vou te trazer de volta!

Lana e a Árvore das fadas Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang