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Isaac

Dias foram passando e eu tinha notado uma diferença em Benjamin. Ele estava me tratando de uma forma diferente. Não era uma forma ruim de ser tratado, mas diferente. Ele estava conversando pouco, ajudava com o que eu tinha para fazer, mas não passava disso. Ele estava... profissional demais.

Eu fiquei extremamente alterado quando senti que estava acontecendo algo entre ele e Ítalo. Sabia que ele não tinha ido para cama com meu irmão, mas sabia que estava acontecendo algo. Benjamin ajudou meu pai identificando os caras que atacou a nós aquele dia e resultou na expulsão de todos, incluindo Giovanna e Miquéias. Foi uma confusão enorme aquilo, mas meu pai não ia sossegar enquanto não chegasse ao fim. Eu estava no meio daquilo tudo e me sentindo pior ainda, pois expunha para todo mundo que eu não consiguia me defender sozinho.

Eu tive a confirmação que Benjamin era agredido em casa com uma conversa com meu pai. Segundo ele, Ben não chegava mais com hematomas em minha casa, mas eu sabia muito bem quando ele tinha sofrido alguma agressão. Sua voz ficava trêmula o dia inteiro e ele ficava mais calado do que nunca. E neste dia ele estava deste jeito.

— Isaac, na sua agenda diz que tu tem aula de piano e alemão hoje. — disse ele.

A gente tinha acabado de chegar e eu estava jogado na minha cama. Eu tirei o meu sapato e me sentei para dar atenção a ele. Percebi que ele estava diferente.

— Não vou. — disse.

— Tu tem que ir. Se não for o seu pai acaba contigo e comigo. — disse ele.

— Eu não vou porque hoje a gente vai conversar e eu vou falar tudo que eu quero e você vai me ouvir. — disse e ele bufou.

— Pelo amor,  Isaac. Tu não és nenhuma criança não. Fica pronto que seus professores logo chegam e...

— Quando você vai sair dessa relação que te faz tão mal? — interrompi e ele ficou calado por um tempo.

— Tu não tem nada a ver com a minha vida, Isaac. — disse ele e eu ouvir ele começar a andar de um lado para o outro em meu quarto.

— Tenho sim. Eu gosto de ti e me dói saber que está levando surras em casa e fica nessa porque quer. — disse.

— Eu não levo surras em casa. — disse ele e eu ri alto, mas de deboche.

— Então qual é a explicação para aquele hematoma de dias atrás e para os dias que tu chegas com a voz trêmula e chorosa? — perguntei e ele se calou. 

— Eu já falei que cai.

— Vem caindo muito, ne Benjamin? — perguntei, deixando ele em silêncio novamente. — Sai dessa relação, Ben. Tu pode muito bem achar um cara legal e seja melhor que esse monstro que tu estás. Um cara que te trate bem.

— Quem seria esse cara,  Isaac? —  perguntou ele, apoiando as duas mãos em minhas pernas que estavam cruzadas. Um arrepio tomou conta de todo o meu corpo.

A respiração dele estava ali em meu rosto, ofegante e meu coração estava acelerado demais. Eu não tinha palavras para aquilo, minha respiração estava falando por mim. Então Benjamin tirou as suas mãos de minhas pernas e saiu de perto de mim. Eu era um covarde. Mesmo sentindo vontade de beijar Ben, eu não tinha coragem.

— Não existe essa de cara legal. Todos são iguais. Ou são babacas ou são covardes. Ou são babacas e covardes. — disse ele e eu senti como uma porrada.

— Eu não sou babaca e nem covarde. — disse.

— Ah não? — perguntou ele e eu senti como um desafio. Eu descruzei as minhas pernas e me levantei. Eu concentrei e tentei identificar onde Benjamin estava, mas precisava de ajuda e ele ajudou. — Eu estou aqui.

Isaac e os Olhos do Coração |Romance Gay|Onde histórias criam vida. Descubra agora