Capítulo 1

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Estar há quase um mês vivendo com a minha tia não está sendo nada difícil — achei que pelo fato de ela morar sozinha e ter suas próprias regras, isso seria um problema para mim.

Às vezes me sinto sufocada tendo de seguir algumas regras, como por exemplo: dormir antes das 22h30, quem nesse vasto mundo consegue fazer isso!? Por Deus, eu sempre tentei fazer isso, mas nunca se quer consegui.

Não vou ser hipócrita comigo mesma, isso seria injusto. Eu também tenho as minhas regras, talvez sejam mais que uma mania, ou TOC (quem sabe!?). Me sinto desconfortável em ver algo fora do lugar; me sinto perturbada em saber que os lápis no meu estojo escolar estão posicionados de forma desordenada. Ok. Eu tenho um leve grau de TOC — mas isso não me impede de ter uma vida normal, ora bolas.

Olho para fora, o dia está perfeitamente lindo. Ensolarado. Por mais que eu prefira um clima bem frio e com chuva — desde que eu não precise sair de casa, pois, seria trágico.

A casa de titia é bem diferente da minha. Na nossa, não usamos coisas que atraiam poeira — isso me mataria. Afetaria em cheio a minha crise alérgica. Isso foi uma das grandes coisas as quais achei que não conseguiria me adaptar, pois, na casa de tia A. há um grande tapete na sala (em volta dois sofás se unem, formando quase um só). Ao contrário de muitas casas, na sua ela optou por deixar as televisões nos quartos e substituir o televisor por uma grande estante de livros — eu amei, quando vi.

Limpamos a casa todos os dias. Eu gosto. Minha mente fica completamente distraída quando estou ajudando nos afazeres, principalmente cozinhando. Isso é uma terapia maravilhosa para espantar qualquer coisa ruim.

Continuo a olhar para a rua — movimentada, como de costume —, bem diferente da de onde eu morava.

Viver com a T.A. poderá ser bom. Está sendo bom. Está sendo ótimo.

Ela foi super compreensiva comigo quando lhe revelei os meus motivos — logo no dia em que cheguei, ela quase me obrigou a falar tudo. No início me senti estranha, mas passou.

Vou ao sofá e me deito, descansando de uma manhã um pouco corrida.

Mesmo de olhos fechados, notei que alguém parou ao meu lado. Titia.

— Achei que você fosse se encontrar com o seu amigo, hoje — Disse baixinho, talvez pensando que eu estivesse dormindo.

Abri os olhos e sorri.

— Vou encontrar o Lucas, logo mais — Disse ao me ajeitar no sofá, dando espaço para que ela pudesse se sentar, se assim quisesse.

Ela não se sentou.

— Você podia trazer ele aqui mais vezes — Sorriu — E traga também aquele seu outro amigo... — Olhou para o teto, como se estivesse lembrando de alguma coisa.

Sorri.

— Daniel — Ajudei-a.

— Isso — Estalou o dedo.

— Vou convidá-los — Avisei — Talvez quando as aulas começarem fica bem fácil de eles vierem aqui.

— Onde vocês vão? — Desta vez se sentou. Me olhou.

— Ontem nós combinamos de que iriamos a alguma lanchonete.

— Aqui perto?

— Sim.

— Volte logo, ouviu bem, mocinha? — Deu um meio quase 'beliscão' em minha bochecha.

Doeu. Passei a mão, tentando aliviar a breve e quase nula dor.

Amor (nem tão) Por AcasoWhere stories live. Discover now