Dona do seu destino

Capítulo 1

     "Devemos nos arriscar a deixar a vida que planejamos, para ter a vida que sonhamos?" S.

Meu nome é Rebecca, sobrenome não importa no momento, vou te contar minha história, talvez ela seja um pouco clichê porque acredito que muitas mulheres, vivem ou já viveram algo assim.

Quando me casei, imaginei que teria um parceiro para a vida inteira, e nunca mais estaria mais sozinha. No início, tudo era perfeito, engraçado e feliz, pelo menos eu acho que era, embora eu não tenha realmente certeza agora. Mal sabia eu que o casamento não ofereceria proteção contra os perigos da solidão.

Nós planejamos uma vida maravilhosa juntos, mas depois, pouco a pouco, nos afastamos, não sei onde nem quando, isso começou.

No quarto, nos tornamos cada vez mais distantes, até que o ato de amor se tornou apenas sexo e depois o sexo simplesmente parou. Meu casamento com Miguel não era o conto de fadas que eu sempre sonhei.

Não havia drama, não brigávamos e, do lado de fora, parecia um casamento bom, sólido e feliz. Nós estivemos juntos por anos, mas a faísca que inicialmente nos atraiu um ao outro, definitivamente tinha se apagado. No nosso relacionamento estava faltando um componente importante, algo que a maioria das pessoas tem vergonha de falar. Tornou-se um casamento sem sexo, com uma cama tão fria que poderíamos ter construído um iglu sobre ele. E o pensamento de deslizar impotente para o celibato me fazia estremecer, mas havia pouco que eu pudesse fazer sobre isso.

Não era apenas a falta de sexo; além disso, ainda havia o aparecimento de outros problemas subjacentes, um indicador de que algo estava seriamente errado. Eu me perguntava se o nosso relacionamento vazio estava condenado, e eu não tinha certeza se poderia ser consertado. Pelo que eu sabia, nós cruzamos o ponto sem retorno, mas para aqueles de fora da minha casa e da minha cabeça, eu parecia ser a garota, vivendo um sonho de amor.

Eu tinha trinta anos, um marido inteligente e atraente e um filho maravilhoso, um anjinho com cabelos negros e olhos cor de âmbar como os meus. Théo tinha acabado de completar oito anos e eu não poderia estar mais orgulhosa dele.

Tínhamos uma linda casa, em uma boa vizinhança, com o quintal mais imaculado e completo, na garagem tinha o meu Ford ka vermelho e estacionado ao lado dele ficava o Renault branco de Miguel. Na verdade, meu marido e meu filho eram minha vida. Eu nunca perdia uma reunião de escola, fazia o jantar todas as noites, e ainda conseguia manter um emprego em tempo integral como recepcionista na Universidade Montenegro. E até comecei a ter aulas para terminar meu curso de psicologia para poder ganhar meu diploma.

Miguel era um professor respeitado na universidade e todos os professores e alunos o adoravam. Vivíamos em um ótimo bairro, com uma das melhores escolas de ensino fundamental, cercada por vizinhos maravilhosos. Nós tivemos um poodle chamado Luke, um animal de estimação perfeito e lindo. Tivemos férias incríveis e tivemos muitos amigos leais e divertidos e todo mundo achava que éramos o casal perfeito.

Olhando para a foto da família que eu tenho em minhas mãos, nós com certeza parecemos felizes, mas por trás daqueles sorrisos falsos, por trás daquele ato de um casamento feliz, eu estava morrendo por dentro. Aquela imagem valia mais que mil palavras, mas não as palavras que todo mundo pensava.

No fundo, sentia-me indesejável, pouco atraente e indesejada pelo meu marido. Não era apenas um período de seca o que eu estava passando; Era o maldito Saara, um deserto sem oásis no meu futuro previsível. E realmente não falei com ninguém sobre minha dor secreta, a solidão esmagadora que estava me devorando.

Miguel parou de prestar atenção em mim muito antes dessa foto ser tirada, deixando-me repleta de nada além de raiva, tristeza e solidão. Nosso relacionamento tinha descarrilhado, havia perdido o sentido e a direção e eu não tinha certeza se poderíamos voltar aos trilhos. Eu não poderia ter sido mais ferida, amarga e devastada.