Capítulo 6

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Duas semanas atrás.

— Não acredito que me convenceu a vir. — Digo para Marcela, uma ex colega de trabalho que acabou se tornando uma grande amiga. Há dias insiste para que saiamos e hoje não teve como dizer não.

Ando realmente precisando de um pouco de distração. A vida tem sido bem dura comigo e um pouco de leveza com certeza seria ótimo. Não ando tendo tempo nem para me arrumar direito. Mas por insistência dela eu fiz, cortei o cabelo, comprei uma roupa nova mesmo sem poder e fiz maquiagem.

— Relaxa Lena, você está precisando de diversão. Já que não usa o seu ex para tirar as teias que se formaram nas suas partes íntimas, precisa sair para encontrar um boy para fazer o serviço sujo.

Marcela, menos ok? Você sabe que eu e Felipe nunca mais vai rolar, e antes  que diga alguma coisa, nem  pra sexo ele serve mais. — começo a ir. — você é bem ridícula. E desde quando você tem essa linguagem chula?

— Essa é minha linguagem descolada para balada.

— Como eu disse, ridícula.

Estamos em um bar badalado de Salvador, onde pode ser considerado o point de turistas solteiros querendo curtir a noite e não sei como concordei em vir justamente aqui. Música ao vivo a noite toda e alguns homens te olhando como só esperando uma retribuição. Alguns eram mais ousados e se aproximavam, mas logo eram descartados. Nos sentamos na parte externa do bar onde podia ver a lua que brilhava no mar calmo da noite de primavera. Depois de beber três copos de uma bebida que a Marcela pediu, ela pede tequila.

— Está querendo me deixar bêbada dona Marcela?

— Sim, para ver se você se solta e olha em sua volta. Tem um cara lindo que não tira os olhos de você.

— Você disse isso agora há pouco.

— sim, mas esse é ainda mais gato.

Espero um pouco até olhar na direção onde ela me indicou, claro que não quero dar bandeira. Disfarçadamente giro a cabeça em sua direção e até perco o fôlego. Ele está mesmo me olhando intensamente como se estivesse me despindo com os olhos. Como se estivesse enxergando através das minhas roupas. Tento desviar o olhar, mas permaneço admirada com tamanha beleza. Hipnotizada.

— Uau! Que isso, vocês estão se comendo com os olhos. — ela diz. — até deu calor.

Paro de olhar em sua direção e foco na minha amiga se abanando. Começo a ri. Seguro a vontade de olhar novamente para ele. Não que esteja me fazendo de difícil, no entanto não costumo pegar caras em bares ou baladas. Olho para o lugar novamente e ele não está mais lá. Eu meio que fico decepcionada.

— Vou ao banheiro quer ir? — ela se levanta.

— Não, estou bem, acho que vou só tomar um ar na praia, estou meio tonta.

— Ok. Já volto.

Sigo para o píer e desço as escadas que leva para a areia da praia. Abraço meu corpo respirando fundo analisando o quanto estou tonta por causa da bebida. Olho as horas no celular e já passa da meia noite.

— Preciso ir embora.

— Por quê? Ainda nem conversamos. — uma voz rouca diz atrás de mim e me viro de uma vez ficando ainda mais tonta quase caindo. Ele me segura apoiando suas mãos em minha cintura. — desculpe. Não quis te assustar.

Minha nossa! Ele é ainda mais bonito de perto sobre a penumbra da noite.

— Tudo bem, eu que bebi um pouco além da conta.

Tudo por amor (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora