Capítulo 3

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Acordo pelo sacolejo constante do meu corpo. Algum tipo de rock satânico está sendo tocado em volume baixo. Meus pulsos e braços ardem. Aos poucos eu consigo abrir meus olhos. Constato que estou em um carro, e o cheiro de cigarro está bastante presente.

- Se eu soubesse que meu beijo fizesse as pessoas desmaiarem eu teria beijado mais em outras situações.

Apoio os braços no estofado do banco e consigo levantar. Minha cabeça lateja e sinto a boca seca. Passo as mãos pelo meu corpo, tentando achar algo fora do lugar. Somente meus pulsos e braços estão arranhados. Abraço meu corpo, a lembranças do quase estupro no beco ficam repetindo constantemente na minha cabeça. Só queria deitar e chorar, ter meus pais e meu irmão ao meu lado. Mas eu não tenho nenhum deles.

Limpo uma lágrima que teima em cair.

- O que estou fazendo aqui? - pergunto.

- Quando você desmaiou não soube para onde te levar. Um hospital seria a melhor opção, mas não seria uma boa ideia.

- Por que não?

- Hospitais e Alek não são uma boa mistura. - ele diz. 

Percebo que estamos dando voltas no mesmo bairro. Noto as roupas que ele está usando, terno preto e sapatos lustrosos. Ele é maluco, nesse calor de 36 graus de São Paulo? Tem uma mala no lado direito do banco. Por isso que meu corpo está dolorido.

- Pode parar na farmácia? Tem uma na próxima rua.

- Tudo bem.

Ele estaciona o carro em uma das vagas disponíveis e desliga o motor. Ele fica parado e ergo uma sobrancelha.

- Está esperando eu ir lá dentro? - aponta a farmácia.

- Sim. Pode fazer esse favor? Preciso de um antisséptico para os arranhões.

Ele bufa e sai contrariado do carro. Ainda bate forte a porta. Dane-se o carro é dele mesmo. Procuro minha bolsa e acho-a no banco da frente. Pego meu celular e seguro um grito ao ver que a bateria acabou. Merda.

Pelo canto do olho vejo a mala. Minha curiosidade aguça mais. Quando dou por mim eu já estou puxando o zíper. Uma AK-47 desmontada. Meus dedos traçam o ferro da potente arma. O nome Seveskoy está talhado meticulosamente no punho da arma.

Não perco meu tempo e fecho a mala, pego minha bolsa e tento abrir a porta. Mas está trancada. Nada de pânico Stella! Espero Alek voltar, essa é a única opção plausível.

Cada batida do meu coração é rápida. Nunca me senti tão indefesa assim, ou insegura. Esse homem que não conheço mas que mexe comigo intensamente, toda essa situação do sequestro do Luís, o crime que há pouco não foi cometido, tudo isso é demais para o meu psicológico.

Vejo Alek saindo da farmácia com uma cara nada agradável. Ele entra no carro e joga a sacolinha no meu colo.

- Onde você mora? - ele pergunta e coloca o carro em movimento.

- Pode me deixar na Vila Olímpia.

O trajeto foi feito no maior silêncio, usei a pomada que ele comprou e agradeci, só recebi um resmungo em resposta.

- Você matou aqueles homens no beco sem hesitar. - falo. Ele para o carro.

- Não sou um príncipe encantado, Stella. Matar é o que eu faço de melhor, fui criado desde cedo para fazer isso.

- Como sabia que eu estava lá?

- Não sabia, vi aqueles homens levando alguém para um beco e resolvi intervir. Só depois que matei eles foi que percebi que era você. Menos três miseráveis no mundo. - ele diz. - Conhecia aqueles homens?

- Não.

Não posso contar a ele minha suspeita. Que aqueles monstros talvez trabalhem para Carlos e ele me quer morta.

- Obrigado por me ajudar.

Alek sai do carro e abre a porta de trás. Saio e nossos rostos estão muito pertos. A respiração mentolada dele atinge meu rosto e minha maior vontade é beijá-lo. E é o que eu faço, um ultimo beijo. Ele devora meus lábios com grande volúpia e sinto minhas pernas virarem gelatina. Com pouca vontade eu afasto nossos lábios.

- Espero nunca mais te ver.- ele fala.

Dou batidinhas em sua bochecha e sorrio.

- Digo o mesmo bonitão.

Faço o caminho para o meu escritório. Olho para trás e Alek sorri.

#

Batidas frenéticas na minha porta me assustam. Quase caio do sofá. Desligo a televisão e calço minhas pantufas do Shrek. Amarro meu cabelo e abro a porta. Uma ansiosa Sara entra no meu apartamento, ela senta no sofá e pega o balde de pipoca e começa a comer.

- Me desculpa ok? Eu não queria ter falado aquelas coisas. - as palavras saem embaralhadas mas consigo entender.- Fiz merda, estou grávida e contratei um assassino.

Demoro um pouco para assimilar o que ela diz. Primeiro vem a confusão, depois a felicidade e por último o susto.

- A gravidez a gente fala depois. Eu contratei um assassino profissional, ele vai ajudar a gente, vamos poder encontrar o Luís.

- Do que você está falando?

- Ele marcou de encontrar nos duas na cafeteria perto do MASP. Por favor, o Luís precisa da gente.

Sento no sofá e abraço Sara. Ela chora e eu estou ali por ela.

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 Perigo Extremo - Duologia Assassinos (IM) Perfeitos #1Where stories live. Discover now