cap. 18

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Sentei-me na cadeira que estava perto da porta. Puxei as mangas da minha camisola para cima, até consideravelmente perto do cotovelo. Esfreguei a minha cara num ritmo nervoso com as mãos e senti o meu corpo todo suado, ao nível do dele. Tive imensa vontade de chorar, ia chegar atrasada a casa e muito menos sabia quando e como ia sair dali. Harry não me pareceu preocupado mas olhava para mim com uma cara curiosa e ao mesmo tempo um sorriso crescia nos cantos da sua boca. Eu devia aproveitar e dar cabo dele agora, arrancar-lhe todos os cabelos, um por um, até ele deixar de achar que é maravilhosamente encantador.

"Estás assim com tanta vontade de te rir?", não achava que fosse oportuno o riso dele naquela altura, preferi confronta-lo logo com a minha má-disposição. Eu realmente não encontrava a piada disto, não me parecia agradável estar numa cozinha cheia de farinha, ovos e bolos por servir enquanto tinha Anny à minha espera para jantar.

"Estou habituado a isto", encolheu os ombros e encostou-se à parede. Tive vontade de lhe arrancar o pescoço e acabar com ele. Exatamente o que eu esperava. Aquelas palavras saltam-lhe sempre da boca. É assim tão bom ser uma figura pública? É assim tão bom sermos desejados por aquilo que parecemos ser e não somos?

"Podia adivinhar qualquer palavra que vás dizer, és previsível, és fácil!", estava cansada de estar a criar uma paixão por ele, uma atração tão física que me fazia querer provar o sabor da carne dele, da carne que lhe cobria os ossos. Como deve ser sentir cada intensidade de cada osso daquele grande idiota? Cobrem-se uma imparável fila de desejos e perguntas. Quero acabar com ele, quero acabar com ele.

Continuava às voltas na cozinha, encostava de vez enquando a orelha à porta e tenta ouvir os gritos das raparigas que me abafavam naquele lugar. Não queria saber do Harry, agora não, nem ele de mim, Os olhos dele estavam apagados e eu quis apaga-lo com isso. Queria mostra-lhe que não basta viver da vida, a vida tem de viver de nós. Temos de ser absorvidos por ela, sugados. Temos de vive-la, arriscar e desistir de ter sono, desistir da melancolia dos dias e da rotina que nos traça o destino, o futuro. Temos de traçar o caminho e não simplesmente deixa-lo traçado.

 "Acho que podes sair daqui, miúda, eu é que duvido disso.", continuava encostado à parede e por incrível que pareça continuava com uma pele deliciosa e intocável. Ele queria que eu fosse embora, no entanto, não achava isso seguro, nem para mim, nem para ele. Apalpei os bolsos das minhas calças na tentativa e nas esperança de achar o meu telemóvel, podia ligar para a polícia e pedir a sua ajuda, mas o que ia dizer? Que um bando de raparigas sem vida estão prestes a matar-me? E a mata-lo? Ia parecer tão ridícula, o que reforçaria o meu estado neste momento.

"Não tenho telemóvel e muito menos ia ter rede, vou ter que aguentar aqui, posso não ter muitos motivos para estar aqui, mas um deles é que não quero aparecer na televisão ou em revistas, sou melhor que isso, sou melhor que tu.", senti-me cheia de coragem e uma leve e pesada dose de ar balançava entre os meus pulmões como se eu estive entre a respiração e a não respiração. Ele merecia.

"Se calhar, se entendesse ficar longe de ti, neste momento estavas em casa relaxada, no teu mundo obscuro e estúpido juntamente com o teu ar arrogante e irritante, não devia ter vindo ver-te, não devia!", matou-me vezes sem conta. Eu iria gostar que ele me dissesse que teve vontade de me ver, mas arrasou-me com o facto de falar sobre o meu suposto mundo. Ele não sabe nada sobre mim. Aliás, quem tem uma página na Wikipédia é ele, ele e mais os outros quatro macacos da banda favorita da minha irmã.

"Não fales da minha vida, do meu mundo, nem de mim. O que sabes sobre isso? Quer dizer, tu sabes propriamente sobre alguém? Conheces alguma das tuas fãs? Conheces? Lembras-te de alguma cara? Alguma palavra? E de mim? Diz-me." cruzei os braços e fique à espera da resposta. Ele deixou de ser o Harry Styles lindo de morrer e passou a ser só o Harry..... e bem, .... o Harry lindo de morrer. Mas isso não importa, ele agora era um simples rapaz que se refugiava na cozinha do meu local de trabalho e que neste momento estava a uma palavra, a uma palavra certa, de um estalo na cara.

"Sei, sei muito bem. És uma rapariga frustrada. Não sabes nada de mim também e acusas-me de ser um ranhoso e um rapaz com a mania. Quem és tu para dizer isso? Quem és tu para teres o descaramento de me puxar para esta cozinha e deixar-me neste estado? Eu podia ter corrido daqui para fora e até ter ligado aos meus seguranças. Quem me meteu aqui foste tu e apesar de estar tão chateado, só me apetece agradecer-te e dizer o quanto os teus dentes são brancos!", quis gritar com ele pelas primeiras palavras, mas estavam certas. Não quis chorar nem mostrar-me vulnerável ou então frustrada como ele diz. Os meus dentes são brancos? Ri-me. Foi isso mesmo. Ri-me. Ri-me tanto que me agarrei à minha barriga e continuei a rir até que ele se sentiu contagiado e riu comigo. Quis bater-lhe e então ri-me ainda mais até chorar. Chorei mesmo. Chorei tanto de me rir que nunca fiz mais nada senão isso naquela noite.

Sentei-me com a camisola a limpar as minhas lágrimas e senti-me a morrer na noite que já estava a cair, a lua estava alta e o sono estava a chegar, o dele não iria sequer espreitar-nos. Estava do outro lado da parede a arranjar o fundo das suas calças, o seu cabelo estava selvagem e os seus olhos acenderam-se novamente. Quis arrancar o seu olhar denso para mim e cobri-lo com o meu, quis aquecer nele o sorriso que o fazia mover. Quis pedir-lhe que cantasse para mim.

E ele cantou.

                                                                               -x-

Peço MUITAS DESCULPAS minhas lindas, mas andei sem disponibilidade para escrever. Muito ocupada com a escola e com o voluntariado e ainda fiquei doente. Não vou abandonar isto, espero mesmo que tenham gostado. Adoro-vos muito, vocês são o meu motivo minhas princesa. Novamente, MUITAS DESCULPAS E MUUUUITOS, MUUUUITOS BEIJOS. P.S. Nunca vou abandonar isto.

Por ti, que lhe fizeste falar - Harry Styles.Where stories live. Discover now