O dia em que não contive as lágrimas

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Não tinha noção de como era se apaixonar à primeira vista e acho que ainda não descobri. Não! Ouço muitas histórias de que é um misto de sensações. As mãos ficam geladas, trêmulas, a pulsação acelerada, a voz limitada, um frio na barriga. Nossa! Sentir isso tudo ao mesmo tempo é desafiador. É como se esperasse por aquele momento há muito tempo e quando ele chega não há parada pra ensaios. Tudo acontece ali e do jeito mais bobo possível. Relembrar o que aconteceu é a questão. As indagações surgem. Será que fui uma idiota? Deveria ter elogiado mais? Conversado mais? Seria a hora exata e o lugar ideal para o primeiro beijo? Caramba! São muitas perguntas e apenas duas pessoas. Sentimentos e muitas dúvidas. E entender na verdade a paixão foge um pouco disso tudo. Talvez uma parte esteja realmente apaixonada e a outra entenda que a fila anda quando a questão é o amor. Mas, tudo muda quando essa junção não é correspondida. Esperar por algo jamais vivido chega a ser loucura. Mas, quem se importa! Não podia negar-me, afinal, medo era a minha preocupação maior. No entanto, não podia ser o motivo, a tentativa tinha que existir e, numa escala de combate posso dizer que estas palavras (medo e tentativa) trouxeram a resposta. Quis mergulhar no desconhecido e disse sim ao pedido de namoro. Acho que foi mais fácil do que pensara ser o disfarce do qual fiz uso para camuflar a minha ansiedade misturada ao desejo de sentir seus lábios nos meus. E nossa! Já imaginem mesmo porque foi essa a sensação. Beijar alguém que se gosta é mais que viajar para um lugar incrível, é se encontrar em um só. É conexão. É sintonia. É real. São dois caminhos desconhecidos traçando suas próprias rotas. Enfim, foi intenso!
Mensagens nos mantinham ligados a distância que nos separava. Finais de semana era pouco pra tudo o que queríamos viver. Eu, encantada com tudo o que estava acontecendo nem me dava conta de que a distância já estava suprimindo até nossos finais de semana. Não, eu não sabia lidar com a aquela situação da qual nem ele questionava. Palavras já eram vagas a qualquer sentimento que pudesse existir. Mas, eu tentei! Eu sei que tentei! E respostas muito ensaiadas vinha como acalento. Eu congelei!
Fiz inúmeras releituras do que poderia ter dado errado. E me perdia nas lembranças, estas já frias.
Eu posso ter sido atingida por alguma coisa, mas não o amor! O que me ferira não foram só as ausências, ou o que não se explicou. Foi você! Unicamente você! Quem eu achei ter guardado o amor que nunca se mostrara antes. A confiança que antes não existia por medo e que ao medo retornara. Conseguir sentir o que foi perdido naquele olhar é o mesmo que não pertencer mais à ele.
Não sabes como foram meus dias seguintes. Nem eu sabia se era a mesma. Não digo que mudei radicalmente. Só as lágrimas já eram o suficiente para me dizer que algo havia mudado. Antes tinha sorriso no lugar delas. Eu só não acreditava mais. E como os dias já não eram iguais, à primeira vista não pode se limitar a apenas um. Pois, o que um dia mesmo por instantes foi certeza, pode voltar a indecisão. E não é aí que tudo acaba. Pelo contrário, não viver mais aquele tempo foi a chance que tive para escolher outros olhares.

Esse foi um lapso de tempo como outros mais que virão. Acompanhe meus pensamentos!😉

Lapsos TemporaisWhere stories live. Discover now