Lágrima trêmula

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E ele me olhou, seus olhos tão claros quanto mel cortado com leves raios em tons de verde e cinza estavam vagos e olhavam através de mim, como se eu nunca tivesse mesmo existido. Carregavam pesar, cheios de tristeza em forma de lágrimas trêmulas querendo escorrer pelo seu lindo rosto, e em qualquer outro momento eu poderia imaginar o percurso que essas lágrimas fariam, escorrendo pelas maçãs do seu rosto e passando devagar pelo desenho do seu nariz afilado, curvando por cima das ondas em que seus lábios que beijaram tantas vezes os meus formavam quando se enrijeceram afim de guardar tudo que se queria falar, mas ele sempre falava. Porém dessa vez manteve o silêncio, que se estabeleceu entre nós como se fossemos dois estranhos que estivessem esfaqueando um ao outro através dos olhares desviados em cada segundo daquela eternidade que se passava, mas nesse momento, eu não podia imaginar mais nada, eu não conseguia pensar em nada, pois eu sangrava pelos braços, pelos olhos e pelo coração, e doeu, doeu tanto, tão mais do que eu poderia conseguir demonstrar. Daí como sempre fez, ele deu as costas e partiu e eu me transformei naquela lágrima trêmula e me vi desmoronar pela última vez que ele passou pela minha janela e sem nem por um milésimo de segundo olhar para trás, me deixou cair e quebrar, sem garantia de ninguém para me ajudar a juntar os cacos e com a certeza de que dessa vez não voltaria, não mais.

- Yas Silva.

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