Quinze

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Estava fresco para o final do verão e a temperatura perfeita para se estar ao ar livre

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Estava fresco para o final do verão e a temperatura perfeita para se estar ao ar livre.

À sombra do enorme olmo às margens do lago, uma brisa suave soprava vez ou outra balançando delicadamente os enormes galhos da árvore centenária e os juncos altos que despontavam da água mais adiante, o que produzia um som suave e farfalhante característico da natureza que Jill, mais do que nunca, associava a felicidade.

Tinha sido ideia de Barb fazer um piquenique em plena tarde de segunda e até havia boas razões para aquilo. Não que a amiga fosse admitir que estava contando, mas fazia três meses que ela e Collin haviam decidido reatar. E três meses que Jill estava namorando com Jesse.

Jesse...

Só de pensar nele Jill sentia sua pele se arrepiar. Três meses não era muito tempo, e ela tinha medo de se precipitar, de fazer ou dizer alguma coisa que o assustasse e o fizesse voltar a se fechar atrás daqueles muros que ainda não tinham sido completamente derrubados. Por isso, não ousava colocar o que sentia em palavras. Mas, sim. Estava completamente extasiada. Irremediavelmente apaixonada por ele.

Collin estava deitado no colo de Barb não muito distante de onde Jill havia estendido o próprio cobertor no chão cheio de folhas secas. Ele dedilhava preguiçosamente o violão de olhos fechados, enquanto Barb cantava baixinho uma das músicas que ele havia composto em homenagem a ela e lhe fazia cafuné. Jill se perguntou se ela e Jesse também ficavam daquele jeito quando estavam juntos, tão... terrivelmente bregas.

Provavelmente ficavam sim. E concluir aquilo a fez rir.

— Sua irmã não gosta da sua poesia. – Barb comentou com Collin, olhando Jill com uma expressão fingidamente carrancuda pensando que ela ria da letra romântica da canção que Collin havia escolhido para ser o primeiro single do novo álbum que lançaria dali alguns dias.

— Aprenda a ignorar ela como eu aprendi 28 anos atrás. – ele a instruiu sem abrir os olhos, sem sequer oscilar a melodia que tocava, completamente relaxado em seu paraíso pessoal.

— Eu é que preciso aprender a ignorar essa melação, argh! – Jill retrucou, rolando no cobertor e ajeitando a almofada que tinha sob a cabeça para se deitar de costas para os dois quando Barb se inclinou para beijar Collin – Não acredito que aceitei vir pra cá sabendo que ia ter que aguentar vocês se beijando. Eu me mereço! – reclamou, mesmo que os três soubessem que era tudo da boca pra fora.

Nada no mundo deixava Jill mais feliz do que ver a melhor amiga e o irmão juntos, felizes como nunca deveriam ter deixado de ser.

Exceto talvez Jesse.

Ao longe, o som do galope de um cavalo foi crescendo vindo do sul. Jill se sentou no cobertor, a ansiedade crescendo dentro de si porque sabia que só podia ser uma pessoa.

— Vamos dar uma volta? – Barb propôs para Collin e, quando ele concordou e se levantou de seu colo, ela piscou para Jill, tendo chegado à mesma conclusão que ela.

Collin e Barb caminharam na direção da casa abandonada, a primeira sede de Spring Creek e o local onde seu pai havia nascido e crescido, mas Jill só tinha olhos para o horizonte. Por entre as árvores que ladeavam a antiga trilha, ela viu Jesse surgir montando Veloz, o mesmo garanhão cinza do dia em que tirara fotos dele pela primeira vez.

Segurando o chapéu de aba larga para que os galhos baixos não o derrubassem, Jesse diminuiu o ritmo e deixou que o cavalo se aproximasse de onde Jill estava no passo que queria. Ele usava os jeans surrados que o deixavam ainda mais sexy que o normal e a camisa xadrez manchada cujos botões, às vezes, se abriam sozinhos. O que era exatamente o caso naquele momento.

Com um sorriso enorme, algo que Jill tinha mais certeza a cada dia que passava ao lado dele de que nunca deixaria de ver, Jesse conduziu o animal até a margem do lago e o desmontou, enroscando a guia em um tronco para dar um laço. Ele deixou o chapéu que usava preso à sela e caminhou na direção de Jill, passando a mão pelos cabelos para tentar organizar a bagunça que o acessório tinha feito.

— Tenho meia hora. – ele disse, avisando que pretendia voltar ao trabalho apesar da fuga no meio do expediente. Jesse se deitou ao lado da namorada no cobertor e a envolveu quando ela se debruçou sobre ele, apoiando uma das mãos em seu peito exposto.

— A quantidade de coisas que dá pra fazer em meia hora, caubói... – Jill brincou, arrancando dele uma bufadinha divertida antes que suas bocas se encontrassem e as palavras deixassem de ser necessárias. Com Jesse, elas quase sempre eram dispensáveis.

Jill aprendera que ser reservado era algo inerente a quem Jesse era, e respeitava o fato de que ele ainda não se sentia preparado para falar sobre determinadas coisas. 

O que realmente importava era que tanto ele quanto ela haviam decidido tomar o controle de suas vidas nas próprias mãos. Mesmo que fossem extremos, diferentes como a luz é da escuridão e que ainda tivessem um longo caminho a percorrer, seus destinos haviam se alinhado e era só uma questão de tempo até que se tornassem apenas um.

 Mesmo que fossem extremos, diferentes como a luz é da escuridão e que ainda tivessem um longo caminho a percorrer, seus destinos haviam se alinhado e era só uma questão de tempo até que se tornassem apenas um

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