Capítulo II

251 43 24
                                    

Ela abriu os olhos vagarosamente, esperando a dor avassaladora da ressaca chegar. Não chegou. Estranho, pois ela tinha certeza absoluta que correria para o banheiro atrás de uma aspirina assim que acordasse.

Ainda desorientada TenTen fez um esforço para se sentar na cama, dando-se conta de algo assustador: não estava mais em sua sala de estar. Pelo contrário, encontrava-se num quarto. Em que momento eu me levantei e subi? Perguntou-se mentalmente, porém não obteve resposta.

Olhando o cômodo com mais atenção outro susto lhe fez prender o ar: aquele não era seu quarto! Não era nenhum dos quartos de hóspedes também. Céus, aquela não era sua casa! Onde raios ela estava, então?!

Respirando fundo ela se levantou, precisava saber que lugar era aquele. Mas havia algo errado... Seu corpo estava estranhamente pesado. Seria efeito do sono, talvez?

Sentiu uma dor aguda na cabeça quando apoiou a mão na cama para levantar-se definitivamente. Olhando para o lugar, percebeu que a dor que sentira fora pelo fato de ter apoiado as mãos em seus longos cabelos escuros, puxando-os. Automaticamente lembrou-se de Neji, que passava por isso quase que diariamente. Espere! Seus cabelos não eram tão cumpridos assim. Muito menos tão escuros! O que raios estava acontecendo, afinal?

Vasculhou o recinto com os olhos, buscando alguma superfície refletora. Foi então que avistou o celular no criado-mudo do outro lado da cama. Com cautela e estranheza foi até lá.

Ao pegar o objeto e checar sua aparência, foi impossível conter o grito de desespero. Cabelos cumpridos e escuros, rosto anguloso e sério, olhos perolados... A pessoa refletida na tela desligada do celular era Hyūga Neji!

(...)

Acordou sentindo a cabeça latejar. Céus, de onde veio toda aquela dor? Não bebera tanto assim — mal bebericou seu whisky, na verdade. Talvez a dor fosse fruto do estresse.

Sem se levantar, ergueu a mão em direção ao criado-mudo, tentando pegar seu celular. Ficou intrigado ao não encontrar nada além de uma superfície macia. A parede, talvez? Não, era macia demais para ser isso.

Ao tentar se levantar e entender o que diabos estava acontecendo, ouviu algo cair no chão. Virou a cabeça na direção do som e viu se tratar de um porta-retrato. Não se lembrava de tal objeto no quarto de hóspedes de Lee. Quando pegou o porta-retrato se sobressaltou. Além do vidro despedaçado estava uma foto dele ao lado de TenTen. Sua foto de casamento.

— Mas o que... — Parou imediatamente ao ouvir a voz fina e aveludada que saía de sua boca. Embora estranhamente familiar, aquela não era sua voz!

Só naquele momento Neji se deu ao luxo de prestar atenção no ambiente em que se encontrava: vasos cheios de flores das mais diversas cores, uma mesinha de centro, uma grande lareira cheia de fotos... Aquele não era o quarto de hóspedes da casa de Lee, era a sala de estar de sua própria casa!

Sem entender absolutamente nada, subiu as escadas correndo. Precisava achar TenTen e saber se estava tudo bem.

Seu desespero era tanto que Neji abriu a porta sem aviso prévio. Não vendo a esposa em lugar algum, sentiu seu desespero aumentar. Onde ela estava? Sua última esperança era o banheiro.

Mais uma vez abrindo a porta de supetão, vasculhou o cômodo inteiro com os olhos. Nada. Foi até o box, puxando a cortina com certa violência. Vazio. Onde estava sua mulher, afinal?!

Ao olhar para sua mão, ainda segurando a cortina, Neji mais uma vez se sobressaltou. A pele levemente bronzeada, as unhas pintadas em um tom de azul... Encarando aquela mão pequena — que definitivamente não era sua —, Neji caminhou até o espelho, com certo receio.

Se Eu Fosse VocêWhere stories live. Discover now