A Batalha de Hogwarts

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Estávamos em plena guerra bruxa. Me lembro bem de como comensais podiam ser quando queriam, minha mãe sempre me contava histórias sobre como havia sido da primeira vez, ela achava que precisávamos saber mais sobre o passado dos bruxos. Sendo dessa forma, eu, nascida trouxa, com certeza precisava de um esconderijo, ou me poriam em Azkaban sem direito a defesa, com um dementador nos meus calcanhares, e com total consentimento do ministério da magia que a essa altura já havia sido tomado pelos comensais da morte. Estavam pedindo as cabeças de nascidos trouxas sob a acusação de tomarmos a magia dos sangue puro...que absurdo! Por isso achei melhor me separar de minha mãe e irmãos adotivos, para que eu não fosse um peso para eles, quando algum comensal da morte batesse em nossa porta; certamente iriam. O pior é saber que eu seria um prato cheio em Azkaban. Hogwarts me trouxe tantas sensações, tantas lembranças boas que seria impossível passar despercebida pelos dementadores. Quase não me lembrava mais de como era a dor de ter sido filha de uma mãe solteira trouxa, abandonada pelo marido e morta pela depressão... por sorte, fui encontrada cedo por essa bruxa bondosa que me acolheu e me tirou daquele orfanato trouxa, assim que apresentei meus primeiros sinais de magia. Cresci sendo ensinada a não mostrar meus poderes para os trouxas da vizinhança, mas por sorte, ela levava a mim e aos dois filhos legítimos dela periodicamente para acampar numa floresta bem distante da Grã-Bretanha, e lá ela nos dava total liberdade para usar nossa magia. Não tínhamos varinhas ainda, mas mesmo assim era divertido e bom não precisar se preocupar com vizinhos espiando para dentro da sua janela, caso você acabasse esquecendo que vive uma vida dupla. Meus dois irmãos e eu tínhamos idades aproximadas eles eram mais velhos que eu pouco tempo. Um era apenas alguns meses mais velho, entraríamos juntos em Hogwarts. Eu mal podia esperar a minha hora, e quando isso aconteceu foi o melhor dia da minha vida! Fui selecionada para Ravenclaw, e eu com certeza tinha os requisitos para isso, fui a melhor da turma por várias vezes na minha classe e ganhei vários pontos para minha casa.

Mas era o meu primeiro ano ainda, isso significava que eu era caloura. E foi assim que aconteceu minha primeira aproximação com Fred Weaseley. Não era pra ter acontecido, mas fazer o que? Eu estava fugindo do pirraça quando esbarrei com os gêmeos Weaseley num dos corredores em que ele não estava atormentando, e eles, estavam fugindo de Filch, o zelador de Hogwarts. Nos trombamos e eu disse que não os entregaria se eles me ajudassem a escapar do pirraça. E assim nasceu nossa amizade, se é que dá pra chamar assim uma jornada de trapaças contra mim. Mas nada que me prejudicasse com os professores ou tirasse meus pontos, então ainda dava pra aceitar.

Aquelas lembranças me traziam sentimentos muito bons apesar da melancolia que vinha junto com eles. Nesse momento estou seguindo um dos membros da ordem da fênix o senhor Ted Tonks, ele me encontrou em uma das jornadas dele em fuga do ministério, porque assim como eu, ele é um nascido trouxa. A essa altura, eu já havia terminado Meu último ano em Hogwarts e estaria começando carreira no ministério da magia se não fosse por essa maldita guerra. Já fazia também alguns anos desde que os gêmeos abandonaram Hogwarts e que perdi o contato com e eles. Mas, o senhor Tonks sabia onde é que o próximo esconderijo do observatório Potter ia estar, rádio bruxa que foi criada por Lino Jordan para ajudar os bruxos fugitivos a se encontrarem e para nos informar dos últimos acontecimentos do mundo bruxo. E os gêmeos estavam lá.

Nesse momento, o meu coração começou a palpitar. Era a primeira vez desde que eles saíram de Hogwarts que os via, idênticos como sempre, – Jorge tinha uma orelha faltando, e isso me preocupou, mas parecia bem, e obviamente eles me contariam o que houve depois – e aqueles sorrisos marotos nos lábios. Jorge sorriu ao me ver e Fred veio me abraçar, fez isso tão forte que pude sentir nossos corações baterem juntos. Nunca admitimos um para o outro e ele com certeza já ficou com outras garotas mais atraentes do que eu, Angelina Johnson, por exemplo, mas era claro que nós tínhamos uma conexão ímpar. Estava estampado em nós...e eu me arrependo de não ter aproveitado isso antes. Falamos um pouco na rádio bruxa sob apelidos para que não soubessem quem éramos, e logo estávamos mudando de novo de lugar, eu estava totalmente perdida, por isso os seguia sempre que dava. Certa vez uma garota entre nós foi descuidada o suficiente para usar o tabu, e quase fomos pegos pelos comensais. Peguei a primeira pessoa que meus dedos puderam tocar e desaparatei com ela. Era uma jovem bruxa, pouco mais nova que eu. Ficamos por vários meses escondidas ajudando outros bruxos, e ainda ouvíamos muito ao observatório Potter, foi assim que soube sobre a morte do senhor Tonks. Algumas vezes nos reencontramos com os gêmeos, depois daquela vez nunca mais tínhamos perdido o paradeiro um do outro. Parecia fácil nos encontrar toda vez que nos separávamos. Mas dessa última vez, nos reencontramos apenas na sala precisa de Hogwarts, antes da batalha começar. Fiquei sabendo pelo galeão encantado de Hermione Granger que estavam todos se reunindo a Potter, e tendo sido parte da Armada, eu não podia ficar de fora. Fred e eu nos abraçamos como da última vez, mal sabíamos o que viria pela frente. A voz do Lorde das Trevas ecoou por todos os corredores de Hogwarts trazendo um arrepio grotesco junto. Mas como não ter esse mal agouro? Ele simplesmente deu um prazo para fazermos a pior coisa de nossas vidas, mas mostraríamos que não ia ser fácil.

Fomos cada um para um lado quando a batalha estourou. Não o vi por um bom tempo tinham gigantes brigando do lado de fora do Castelo e pessoas correndo para todos os lados, desde membros da ordem, até comensais. Eu consegui atacar dois deles, mal pude ver quem eram, mas eles saíram desmaiados e sabe-se lá o que aconteceu com eles depois disso. Foi quando eu ouvi uma explosão no andar de cima de onde me encontrava. O estrondo foi tamanho que me ensurdeceu. Corri para um canto e me escondi atrás de algumas tapeçarias afim de não ser pega de surpresa caso alguém se aproximasse sem que eu tenha escutado. Depois que o torpor passou, atirei mais alguns feitiços a esmo, não conseguia ter mira boa em movimento, apenas tentava acertar quem estivesse usando máscaras, então o melhor que pude foi lançar um Protego sobre mim e me direcionei para fora do castelo. A gritaria parecia estar se afastando para lá, depois de um tempo batalhando do lado de fora, alguns comensais me encurralaram, me forçando a voltar para o interior do castelo. Meu coração pareceu bater tão pausadamente que eu cheguei pensar que ele ia parar. Vi que Fred Weaseley estava entre os mortos, no salão principal. Hogwarts nunca tinha sido tão triste para mim quanto naquele momento. Apertei minha varinha com tanta força que com certeza me cortei, mas o que isso importa agora? Nunca iria poder dizer a ele o que sentia. Um arrependimento me tomava o peito e as lágrimas lavavam a fuligem das explosões do meu rosto. Não pensei mais em nada. Eu estava caminhando na direção do corpo dele para ver uma última vez, mas a meio caminho, fui tomada por um clarão verde vindo à minha direita. Mal tive tempo de respirar fundo, e fui lançada para longe, já sem vida. Hogwarts terá ganhado mais um fantasma?

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