"Quando"

5.8K 416 176
                                    

ANY

Quando ouço a batida na porta, meu primeiro pensamento é que é o Cadu. Então torço para que não seja, porque depois da conversa bizarra e perturbadora que tivemos hoje de manhã eu não duvidaria que ele aparecesse por aqui e eu não estou pronta para vê-lo. “Eu te perdoo”
Ele jogou as três palavras para cima de mim minutos depois que contei que fiquei com outra pessoa. E eu tive que me conter para não cuspir algo desagradável em resposta, porque o perdão implica que cometi um erro ao dormir com outra pessoa, o que não foi o caso. Não o traí. Não menti para ele. Claro que não me orgulho de ter transado com Josh. Ainda assim, apesar do ressentimento que o “perdão” provocou em mim, lá no fundo me deixou aliviada. Estou me sentindo superculpada pela noite com Josh, então talvez a absolvição seja exatamente o que eu procurava quando confessei meu pecado a Cadu. O que não significa que eu esteja pronta para vê-lo cara a cara. Ele perguntou se agente podia se encontrar para um café, alegando que tinha mais a dizer, mas que não queria fazer isso pelo telefone. Falei que ia pensar no assunto. Agora, depois da segunda batida na porta, espero mesmo que ele não tenha decidido forçar a barra. Eu me preparo para um confronto e abro a porta. Mas não é Cadu. É Josh.

Josh: E aí, gata? (Ele me oferece um sorriso e abre caminho para dentro da sala) A hidalgo disse que você estava de mau humor, então resolvi dar uma passada aqui e colocar um sorriso nesse rostinho.

Any: Não tô de mau humor.

Resmungo

Josh: Melhor ainda. Me poupa o trabalho.

Ele abre a jaqueta e joga no braço do sofá. Então tira a camiseta, o que o deixa com nada além da calça jeans desbotada. Olho para ele, incrédula.

Any: Você tem mesmo que tirar a camiseta?

Josh: Tenho. Não gosto de camisetas (Ele não gosta de camisetas. Esse cara... droga, não sei o que pensar. Ele se vira para o sofá, e o movimento da bunda musculosa na calça justa me faz lembrar de como era forte quando a apertei. Em seguida, ele se acomoda nas almofadas. Ele estende um braço ao longo do encosto do sofá e me chama com o outro) E aí, não vai sentar?

Any: Estou bem em pé, obrigada.

Josh: Ah, sério? Eu não mordo.

Any: Morde sim.

Seus olhos azul se iluminam.

Josh: Tem razão. Mordo sim (Ele parece confortável demais na sentando no sofá do alojamento. Um Adônis louro com o rosto perfeitamente desenhado. Se esse negócio de grupo não der certo, ele deveria considerar a carreira de modelo. Josh Beauchamp exala sexualidade. Esse rosto numa marca de laxante faria todas as mulheres do mundo rezarem por uma constipação só para terem uma desculpa para comprar o remédio) Sério, morena, senta logo. Assim parece que eu não sou bem-vindo.

Any: Você não é bem-vindo (exclamo) Eu estava tendo uma noite perfeitamente agradável até você aparecer.

Ele parece magoado, mas não sei se é genuíno ou se está fazendo cena. Suspeito que seja o segundo caso.

Josh: Você não gosta mesmo de mim, né?

Sinto uma pontada de culpa. Droga. Talvez seja genuíno.

Any: Não é isso. Gosto de você.,Mas não estava brincando quando disse que não gosto de sexo casual, tá legal? Toda vez que penso no que a gente fez no fim de semana, me sinto…

Josh: Com tesão?

sugere ele.

Any: Uma piranha.

Não esperava a irritação que vejo em seus olhos.

Josh: Quer um conselho, gata?Apaga essa palavra do seu vocabulário. (De repente, me sinto culpada de novo, mas não sei por quê. Com muita relutância, sento ao seu lado no sofá, mantendo uma distância entre nós) Falando sério (continua ele) Para com essa história de ficar se culpando por causa do sexo. E foda-se a palavra ‘piranha’. As pessoas têm o direito de transar quando bem entenderem, com quem elas quiserem e com quantas pessoas tiverem vontade. Ninguém tem que carregar na testa essa merda de rótulo de piranha.

Ele tem razão, mas…

Any: O rótulo tá aí, quer a gente queira, quer não.

argumento

Josh: Sim, e foi criado por uma gente careta, que gosta de falar mal dos outros e fica se remoendo de inveja por dentro porque não transa com ninguém (Josh balança a cabeça) Você precisa parar de achar que tem alguma coisa de errado no que a gente fez. A gente se divertiu. Fizemos sexo seguro. Ninguém se machucou. O que você ou qualquer pessoa faz dentro de quatro paredes não é da conta de ninguém, entendeu?

Curiosamente, suas palavras suavizam um pouco da vergonha entalada dentro de mim desde sexta-feira. Mas não por completo.

A APOSTA  (Beauany)Where stories live. Discover now