4. Vou Esperar Por Você

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(Ela)

Fecho os olhos e deixo a água levar toda a tinta.

Não sei o que me deu, num momento eu estava "bem" e no outra a fúria tomou conta de mim. Toda a raiva que eu sinto chegou no limite, como um copo debaixo de uma pingueira : vai pingando até transbordar.

Mas não era só raiva, tinha pânico também. Dor, raiva, pânico, saudade... Principalmente saudade. Sinto tanta falta dele. Luke era uma parte de mim; a melhor parte de mim, e agora que ele se foi não sei como continuar.

Agora, mais do que nunca, estou sozinha. Minha mãe teve que viajar, meu pai está morto, minha melhor amiga não está no país e nem sabe ainda do que aconteceu. E Luke se foi. Estou sozinha.

Abro os olhos. Estou sufocando. Não consigo respirar!

Me encolho no chão enquanto a água cai sobre mim. Puxo o ar com força, tentado respirar.

Estou sozinha. Ele se foi. Não tenho ninguém.

Era por isso que minha mãe não queria que eu ficasse sozinha, a ansiedade e a crise de pânico sempre vêm quando estou só. Quando me dou conta, já estou chorando outra vez

Estou cansada.  Estou farta de chorar, de gritar. Estou cansada de sofrer.

— Você quebrou sua promessa — sussurro — Você prometeu que não iria mais me fazer sofrer e olhe só para mim! — aperto os olhos com força — Mas não foi culpa sua.

Engulo em seco, tentando me controlar, tentando parar de chorar mas não consigo. A dor é mais forte do que eu.

Se existisse um jeito de fazê-la parar, um jeito de acabar com toda a dor que estou sentindo, com todo esse sofrimento, eu faria de tudo se funcionasse.

Desligo o chuveiro e saio. Coloco minha roupa e pego uma blusa de frio do Luke. Respiro fundo, sentindo o cheiro que me traz tantas lembranças.

Se eu pudesse ficar com ele...

Abro os olhos, paralizada por um instante com o pensamento. Só existe uma maneira de ficar com o Luke.

Engulo em seco.

— Espera por mim Luke — sussurro, enquanto subo para o térreo.

Subo os degraus devagar, segurando com força o corrimão.

Espere por mim, Luke. Estou indo.

Tremo dos pés a cabeça, tanto de medo quando de frio. Cravo as unhas na palma das mãos, mas não adianta nada. Nunca adianta.

O vento sopra meus cabelos no meu rosto e tenho de segurá-los enquanto ando até a beirada.

As duas últimas semanas passam como um flash na minha mente. A noite em que os policiais vieram aqui, daquela manhã, de como ele estava carinhoso e de quando prometeu chegar cedo para irmos ao cinema e depois irmos janta. Mas ele não voltou. Não teve filme. Muito menos jantar.

Me inclino por cima do parapeito para olhar  para baixo. "Morar no último andar tem suas vantagens."

Me seguro e subo em cima do parapeito, ficando de pé logo em seguida.

— Estou indo Luke — olho para baixo outra vez — Estou indo.

(Ele)

Abro os olhos assustado.

Não escuto mais o som da água caindo, Ivy já devia ter voltado. Olho em volta, procurando por ela.

Nada. Uma pitada de desespero começa a crescer dentro de mim.

Além Da Vida Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang