Capítulo 11

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Arabella Jones

Subo minha calça e fecho o botão.
Estaria mentindo se não dissesse que o clima está tenso, porque está, Liam percebeu tanto quanto eu.

Liam: eu vou voltar, falta pouco para chegarmos — diz, assim que eu abro a boca.

Arabella: não vai me contar, não é? — suspiro.

Liam: para sua segurança, não, mas para que não tenhamos segredos, sim. Eu prometi, não vou te deixar no escuro — beija minha testa e sai.
"Segurança". Essa palavra soou tão pesada.

O que eles escondiam, afinal?
Melissa estava no meio, tenho certeza, mas até o Mason? Pessoa mais passiva eu desconheço.

Melissa: já acabaram? — entra e senta ao meu lado.

Arabella: vocês ouviram? — arregalo os olhos.

Melissa: que nojo, não! Só foi óbvio quando os dois sumiram.

Arabella: não pode mesmo me dizer?

Ela puxa o ar pela boca, parecia tentada a falar, mas a voz abafada do piloto dizendo para tomarmos nossos assentos a silenciou.

Melissa: chegamos, gata — vai me empurrando até o outro lado.

E era realmente mais frio que Miami, muito mais. A cidade era movimentada e bonita, gosto de espaço aberto, mas sinto que Nova Iorque não irá deixar a desejar.

Liam: chegamos — anuncia assim que o táxi para.

Mason, Liam, eu e Melissa descemos, no carro logo atrás, Olivia sai com Logan no colo, e, Adam a segue.

Os rapazes ajudam os taxistas a tirarem as malas enquanto Melissa nos chama para subir, já que estava com as chaves.

Como têm um filho, Olivia e Adam ficaram com seu próprio apartamento. Enquanto o resto de nós vai dividir a cobertura, não sei se choro ou agradeço.

Melissa: o que acha? — estende os braços, exibindo a vista.

Arabella: finalmente ganhei minha liberdade — sorrio.

Duas semanas depois...

No momento que Liam me disse, eu soube: nunca mais o olharia da mesma maneira.

Nunca mais veria a bondade e o coração enorme por quem me apaixonei. Porém, meu namorado não tem nada haver com o que aconteceu, ele foi o intermediário, pensou que estava lidando com um grupo de amigos normais.

Enfim... O que houve foi o seguinte.

Três anos atrás, quando ele abriu a boate, muita gente pensou que fosse um club de strippers, por causa da quantidade de mulheres que frequentavam o local. Certa noite, um senhor ofereceu cinquenta mil dólares por Amelia, uma de suas garçonetes, Liam achou um absurdo e o expulsou. O velho voltou um dia depois com mais cinco homens, matou todos que conseguiu, inclusive Ryan, irmão mais novo de Liam.
Mais tarde eles descobriram que o assassino era um traficante de mulheres perigoso e muito procurado.
Liam prometeu se vingar, pelo irmão, por Amelia, e todos os que morreram naquela madrugada de dezembro.

Seus amigos são apenas uma parte da espécie de gangue que ele criou para acabar com o cara, mas nunca descobriram seu nome.

O pior de tudo não é saber que o homem que divido a cama é um criminoso, é ter a certeza que nunca vou abandoná-lo independente do que faça.

Liam: ainda está aí? — sai do banheiro com a toalha na cintura.

Arabella: não durmo direito desde aquela conversa — suspiro.

Liam: não é sua vida, Bella, é minha. Já disse que não quero te envolver.

Arabella: o problema é que eu estou envolvida. Você e esses malucos são minha família agora, não vou voltar atrás — acaricio seu rosto.

Liam: um dia vou me casar com você — sorri.

Arabella: só vou aceitar quando me ensinar a lutar.

Liam: espere sentada — desvia o beijo da boca para minha bochecha.

Arabella: até a Melissa sabe!

Liam: só quando me provar que está preparada — veste a bermuda por cima da cueca e sai do quarto.

Arabella: eu vou! — grito.

Após tomar banho e vestir uma roupa fresca, já que o aquecedor estava ligado, vou até a cozinha para ajudar minha amiga pouco prendada a fazer nosso café.

Arabella: bom dia — digo rindo, vendo-a tentando não queimar um omelete.

Melissa: a culpa não é minha, Mason colocou na frigideira e depois saiu com os garotos! — grita.

Ergo as mãos, mostrando que estava desarmada enquanto ela vinha com uma espátula para perto de mim.

Arabella: Liam também foi?

Melissa: sim, o tal cara passou pelo Brooklyn, mas o pessoal dele está tentando não chamar atenção das autoridades.

Arabella: o que acha de descer e comer em algum lugar? Não confio em seus dotes culinários — sugiro.

Melissa: eles disseram para ninguém sair. — Reviro os olhos.

Arabella: estou cansada de ficar presa, se eu quisesse ainda estaria morando com meu pai.

A porta é aberta e uma ruiva um pouco brava entra segurando seu filho.

Arabella: tudo bem?

Olivia: não! Acordei e o Adam tinha sumido — anda de um lado para outro.

Melissa: ele saiu com o resto dos idiotas, não fica maluca — revira os olhos.

Olivia: fala isso porque não tem um filho que precisa do pai.

Melissa: não que eu saiba — é sarcástica.

Olivia: você se acha, não é?

Entro no meio das duas assim que Olivia deixa Logan no chão e as duas se aproximam.

Melissa: pelo menos não tenho rabo preso com alguém por falta de camisinha.

Arabella: Mel! — grito.

Viro-me para Olivia, seus olhos estavam marejados e a tristeza era nítida em sua face.

Olivia: fale o que quiser, mas nunca saberá o que é ter o amor de um filho — pega o pequeno no colo.

Melissa: tomara mesmo! — retruca quando Olivia sai pela porta.

Assim que percebi a gravidade da situação, segui a ruiva pelo prédio, mas não antes de encarar Melissa e dizer:

Arabella: você não é a pessoa que se tornou minha melhor amiga — e saí.

ArabellaWhere stories live. Discover now