s e t e

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S E T E

Sentindo a água deslizar lentamente por meu corpo, suspirei. Os músculos relaxando aos poucos enquanto eu me deliciava em um banho quente e demorado. Fechei meus olhos, permitindo que o cansaço das noites mal dormidas tomasse conta de mim. Eu estava começando a sentir falta da minha cama, mas felizmente aquele já era nosso quarto dia na cabana. O que significava que eu teria que suportar os roncos do meu irmão e a presença sufocante de Leon por apenas mais duas noites antes de voltar para Mainport.

Cantarolando uma música qualquer, eu desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, encarando-me no espelho embaçado. As olheiras estavam começando a ficar visíveis, mas eu estava pronta para aproveitar que todos haviam decidido passar a manhã na cachoeira, e recuperar minhas horas de sono enquanto tinha a oportunidade.

No entanto, quando coloquei meus pés para fora do pequeno banheiro, algo os fez congelar. Um barulho vindo da cozinha fez com que eu travasse uma guerra dentro de mim entre ir até lá para checar o que estava acontecendo, ou me trancar no quarto e esperar que meus amigos chegassem para me resgatar.

Eu não estava sozinha.

Aquilo claramente não havia sido apenas o vento.

E, de repente, meu coração começou a pulsar com força contra o peito.

Demorei aproximadamente um minuto para tomar minha decisão, e então me martirizei quando percebi estar fazendo exatamente o que protagonistas de filmes de terror eram famosos por fazer: deixar que a curiosidade falasse mais alto e dirigir-se em direção ao perigo.

No entanto, felizmente, eu não demorei para distinguir a figura alta e sólida parada atrás do balcão da cozinha, o que me fez soltar um suspiro alto de alívio quase que de imediato. Leon levantou seus olhos da panela em que cozinhava, abrindo um grande sorriso ao me ver ali.

— Terceira vez? — perguntou, referindo-se à quantidade de vezes em que ele havia me assustado desde que chegamos na cabana.

Eu não respondi, incomodada com seus olhos que escorregavam lentamente do meu rosto até meu corpo, fazendo uma análise completa e minuciosa de mim. Eu cruzei os braços sob o peito, completamente desconfortável ao me lembrar que a toalha era tudo que cobria meu corpo, e o encarei de volta, mas sua atenção não estava mais voltada às minhas íris.

— Pensei que estivesse sozinha — eu disse, finalmente.

Nossos olhos se encontraram mais uma vez, e, se ele notou meu incômodo, não pareceu se importar.

— Bem, você não está.

— Por que não foi com eles?

— Eu poderia te perguntar o mesmo.

Revirei meus olhos.

Odiava quando Leon não respondia às minhas perguntas, e odiava mais ainda que aquilo fosse algo frequente vindo dele.

— Não dormi bem — ele respondeu, ao ver minha expressão reprovadora, e desligou o fogo antes de contornar a bancada. — E você?

— Dor de cabeça.

Leon assentiu, vindo em passos lentos em minha direção. Os orbes esverdeados agora grudados aos meus com intensidade.

Eu engoli em seco, tentando manter o controle da minha respiração. Quase que inconscientemente, meus pés foram dando passos para trás à medida que o corpo dele se aproximava do meu. Senti minhas mãos suarem, forçando-me a segurar com mais força a toalha presa em meu corpo. Então minhas costas chocaram-se contra a parede do corredor, e eu perdi o ar.

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