Farpas de gelo

27 6 2
                                    



Chegamos em casa no meio da madrugada, a caleche para, eu desço e ofereço minha mão para ajudar Isabelle a descer da condução. Ela não me olha, agarra o pesado vestido o erguendo, e desce com um pouco de dificuldade e sem minha ajuda. Isabelle segue até a casa, estou a alguns passos atrás dela, antes mesmo de chegarmos a porta, ela se abre e a figura de Anealle nos aguarda solene.

- É um prazer recebe-la Mrs. Fleming.

Isabelle a observa e depois de um tempo sorri para Anaelle.

- Anaelle é a única filha de Lucíe, está aqui, pois a mesma passa por um estado fraco de saúde.

Digo ao me aproximar.

- É algo grave? Possuo grande apresso por tua mãe.

- Creio que o Doutor Fleming saiba dizer melhor, mas sugiro que conversemos dentro da casa. Por favor entrem, está frio ai fora.

Diz simpaticamente Anaelle.

Ao entrarmos, percebo Isabelle estremecer. Ela respira fundo e coloca as mãos para dentro da capa, creio que segurando a barriga, seus olhos apesar de duros estão com um brilho de lagrimas. Ela olha cada detalhe, como se nossa história passasse pelos seus olhos.

- Wilfred está a trazer as bagagens de Mrs. Fleming, devo auxilia-lo?

Pergunta a prestativa Anaelle.

- Eu não trouxe bagagens e preciso que me chame a modista amanhã bem cedo.

- Há vestidos muito bem cuidados e guardados da sua última estada aqui Mrs. Fleming, deseja que eu os coloque em seu aposento?

- Duvido que algum me sirva.

Diz Isabelle erguendo a lateral de sua capa e mostrando a sua barriga. Anaelle coloca as mãos na boca em surpresa e sorri.

- Doutor Fleming! Serás pai, porque não dissestes antes! Minha mãe se alegrará em saber.

- Uma grande surpresa não é mesmo.

Digo, tentando não parecer também surpreso pela visão da gestação adiantada de Isabelle, que antes eu não pude perceber pois na taberna ela usava uma vestimenta de trabalho com um longo avental. Lhe olho novamente e pelas minhas contas, em pouco tempo nosso filho nasceria.

- Pois bem, creio que Isabelle esteja exausta e precise descansar.

Digo já começando a subir as escadas que leva para os quartos.

- Anaelle, como está a situação dos quartos de hospedes?

- Estão todos arejados e decorados. Receberemos visitantes senhora?

- Creio que não, perguntei por precaução apenas.

Anaelle assente com a cabeça e Isabelle sobe as escadas.

Ao chegar a porta de nosso quarto Isabelle para e coloca a mão delicadamente na maçaneta, como se temesse um monstro do outro lado. Eu apenas a observo, não digo nada a deixo lidar com os sentimentos conflitantes que o seu retorno causa. Quando achei que ela desabaria, Isabelle abre a porta num rompante e de cabeça erguida adentra ao quarto. Ela retira o chapéu de sua cabeça, em seguida as luvas e por fim a capa que a protegia do frio. Seios fartos, barriga opulenta quadris largos, mão ágeis e olhar bruto.

- Creio que prefira que Anaelle te ajude a desabotoar o vestido, ao invés de mim. Irei chama-la.

Digo, já pondo a mão na sineta que dava para ala dos empregados.

Pardon - Obra finalizada em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora