~ Chapter Ten ~

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Tuc. Tuc. Tuc.

Era o som que Sofya fazia, sempre que batia com a ponta da caneta na banca. Ela mexia as pernas, mordia os lábios, e, se remexia na cadeira.
Ela estava preocupada, e se a garota não gostou? No caso ela gostaria que ele fosse atrás dela, mas não sabia se Lis pensava assim.

Procurar a sala foi uma guerra, isso até ela achar o senhorzinho camarada, o Seu Inácio.
Ele como sempre empurrava seu carrinho se limpeza pelos corredores daquela escola imensa, porém não tirava o sorriso do rosto; era estranho para Sofya vê-lo sorrir sempre, ele nunca reclamava, ela certamente reclamaria de ficar o dia todo limpando a bagunça desses porcos, e, se tivesse a idade de Seu Inácio, sua coluna também reclamaria.

Após achar a sala, 3C, ela correu pra se sentar na ultima cadeira da primeira fila, a cadeira ficava do lado de uma janela, que dava pra ver todo o campo da escola.
A aula de matemática passava, e, graças a Deus, o professor nem a notou, não a fez se apresentar nem coisa do tipo, mas ela não estava pensando na aula, ela queria saber de Ian. E olha só, ela não tinha nenhuma notícia, nenhuma mensagem de texto, porém ela ficou tranquila porque nada de ruim pode acontecer, eles estão na escola afinal de contas.

Ela parou com a caneta na banca, quando escutou o ranger da porta se abrindo, o tempo passou rápido, e, ela nem percebeu.
Agora seria aula de biologia, e, a professora, uma mulher baixinha, e, gordinha, com óculos quadrados, e, um cabelo cacheado poderoso, usando roupas estranhas entrou na sala, seguida por Ian.
O sorriso dela foi instantâneo, e, como se soubesse da presença da garota, ele procurou pela sala, parando seu olhar nela, abrindo um sorriso, que fez todas meninas da sala suspirarem, e, os garotos se ajeitarem na cadeira, como se disse: Hey, olha pra mim, eu também sou homem.

O garoto andou passando pelas fileiras de cadeiras, até parar ao lado de Sofya, a cumprimentando com um beijo estalado na bochecha. O sorriso continuava lá.
A professora sorriu olhando a cena, meninas com raiva, e, caras na mesma situação.

— Vocês se conhecem?— A mulher perguntou ajeitando o óculos preto quadrado com a ponta do dedo indicador.
— Ah sim, essa é ela — Ian respondeu, recendo um olhar interrogativo de Sofya.
— Uhm. Ela — A mulher repetiu como se saboreasse  as palavras. Mas que merda está acontecendo.

Antes que Sofya questionasse algo, o garoto se virou para a garota que estava sentada ao lado dela, ignorando complemente a professora.
Olhando com um olhar gato de botas para a garota, enquanto se debruçava na banca dela, colocando o lábio inferior pra baixo, fazendo um bico no menino fofo, ele pediu :

— Deixa eu sentar do lado dela? Por favor? — A garota de cabelos ruivos, corou, ficando com o rosto tão vermelho quanto seus cabelos, porém assentiu, pegando suas coisas, e, se "mudando" para a cadeira da fileira ao lado.

A professora riu enquanto murmurava :

— É só ter uma carinha bonita, e, pronto. Você tem o mundo à seus pés — Ela encarava o garoto que se sentava na cadeira na maior cara de pau, e, acrescentou olhando para Sofya — Apresente-se querida.
— Eu...— Ela começou, mas parou na mesma hora, sem saber o que dizer.
— Levante-se querida.
— Eu...eu não sei o que dizer — Sofya soltou enquanto sentia a tensão em seus ombros.

Ian olhava cena rindo, ela tem tanto pra falar, que chega a ser banal ela não saber o que falar.
Ele riu mais levantando da cadeira, e, pegando na mão da menina, a fazendo levantar também.
Ele levantou as sobrancelhas ignorando totalmente o olhar questionador de Sofya.

— Essa é Sofya Scott, veio do Brasil, adora livros impressos, principalmente romântico, consegue achar a biblioteca, mas não consegue decorar o caminho de casa, perdeu o bv com o melhor amigo, parece uma criança quando vê neve...— A garota não falava nada, estava mortificada, o olhando com os olhos arregalados, e, a boca aberta em um "o" gigante.
— Ah, você vai dar meus dados pessoais também?! — Ela perguntou com a voz um pouco elevada, fazendo a sala rir.
— Ah sim, claro. Ela nasceu no dia...
— Ian chega — Ela gritou enquanto tapava a boca dele com a mão livre. 

Os dois sentaram, e, prestaram atenção na aula.
As garotas da sala encaravam os dois, Ian ficava brincando com o cabelo dela, enquanto ela ria enquanto copiava a anotação no quadro.
A inveja, e, raiva no olhar delas era perceptível, já não bastava uma garota na vida dele?! Agora eram duas?! Ora bolas, a séculos as garotas da escola vem tentando algo com ele, e, ele nunca quer, e, agora chega uma novata, e, ele fica cheio de graça, e, intimidade brincando com o cabelo dela?

— Você não vai copiar? — Ela perguntou virando o rosto para o garoto, que protestou, e fez ela virar o rosto novamente, continuando a brincar com seu cabelo.
— Vou tirar foto — Ele resmungou indiferente.
— Você não vai copiar depois, vai? 
— Talvez...— Não.
Copia Ian — A garota mandava enquanto o olhava.
— Oras, não, eu vou tirar foto — Ele cruzou os braços igual uma criança mimada.
— Fotos que vão se perder na sua galeria.
— Eu nunca copio — Ele deu de ombros.
— E como você estuda pras provas? — Ela o olhou, e, ele deu de ombros mais uma vez.
— Eu leio tudo antes da prova, e, pronto. Nunca estudo, tenho memória fotográfica — Agora ela estava com inveja, não precisar estudar devia ser demais.
— Copia na aula.
— Não
— Por favor
— Não.
— Por mim...— Ela tentou por último.
— Droga, Sofya — Ele resmungou enquanto juntava sua banca, na dela, pegando o caderno, e, caneta pra copiar o assunto.

Ela deu um sorriso de vitoria, enquanto via o garoto copiar o assunto do quadro, ao seu lado, resmungando coisas do tipo "Copiar, pra que copiar?" "Eu ia tirar foto" "Só ela" "Porque eu tenho que copiar?" "Droga, uma foto seria menos trabalhoso" "O que eu não faço por ela?".
Sofya jogou seus braços por cima dos ombros do garoto, deixando vários beijos cheios de gloss na sua bochecha.
Ele riu enquanto continuava copiando, a sala parava pra observar os dois, parecem repórteres, prontos pra pegar qualquer coisa, e, noticiar pelos corredores da escola.

— Bom menino — Ela falou enquanto mordia sua bochecha. 
— Eca Sofya — Ele ralhou enquanto limpava a baba deixada em sua bochecha.
— Seu chato — Ela voltou pro seu lugar, continuando a copiar o conteúdo do quadro.

Foi a vez dele de dar o beijo em sua bochecha.

— Também te amo sua nanica — Ele riu quando a garota socou seu braço, com um bico enorme.
— Nanica é sua avó.

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