Capítulo 1

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— Você pode me passar o sal? — minha mãe me pergunta, tirando-me de meus pensamentos lúdicos e fantasiosos.

— Claro! — passo o sal para Abby, que entrega o pequeno pote de vidro para nossa mãe.

— Já pensou no assunto, Kimberly? — minha mãe se dirige à mim, chamando a atenção de todos que estão à mesa.

— Bom, acho que preciso pensar um pouco mais. Acredito que casar é algo um pouco sério, não? — abro um sorriso envergonhado para Abby, que está sentada ao meu lado na enorme mesa do palácio da Família Van Back.

Minha mãe me lança seu pior olhar de decepção do outro lado mesa, e volta a sorrir para o Rei Charlie. Dono dessa grande família, e é claro, do lindo palácio.

— Não temos nenhuma razão para que nos apressemos, não vamos obrigar nenhum destes jovens a casar-se à força. — o Rei me abre um sorriso e seu olhar é reconfortante.

— Sim! — mamãe dá seu sorriso mais forçado e volta a comer seu prato em silêncio. Até o fim do jantar.

Este jantar, como os outros que já ocorreram, foi feito para uma reunião de famílias; para a alegria de minha mãe. Organizar um casamento com um homem rico para uma de suas filhas era algo que ela tinha em seus sonhos mais profundos, antes mesmo que ela nos tivesse. A proposta da família Van Back fez seus sonhos se tornarem realidade.

Eu me sinto humilhada e pressionada. Casar-me com alguém que nem amo, seria um pecado ao meu ver. Eu jamais amei homem algum em minha vida, e todos querem que eu caminhe por um corredor em um vestido branco, abominável e justo demais, indo em direção aos braços de um rapaz que nem conheço, apenas um prometido.

Estes arranjos entre famílias são normais no pequeno palácio em que vivemos, mas nunca pensei que seria lançada qualquer proposta feita por uma família real para mim.

Pensava que encontraria o amor em alguma de minhas ídas a biblioteca da vila, que nós nos encontraríamos enquanto procurávamos o mesmo livro. Nós nos apaixonaríamos e casaríamos. Viveríamos na vila e seríamos felizes, como em todos os livros de romance.

Mas o amor não me encontrou, e decerto que nunca vai encontrar. O amor vai desistir de mim ao ver-me assinar papéis, prometendo amar e ser fiel a um falso amor. Ele nunca me perdoará. Uma coisa com meus livros que aprendi: não podemos brincar com o amor.

Enquanto pensava em minhas decisões e como o amor pode não querer encontrar algumas pessoas, como eu. Mamãe caminhava pelas ruas de nossa pequena vila, batendo os pés com firmeza no chão, a caminho de nossa casa.

A porta se abre e é fechada rapidamente com a pequena força que mamãe pode usar na porta de madeira. Sua estrutura é delicada e fina, apenas um pouco de força, e ela cairia facilmente.

— Você não está cansada de nos envergonhar, Kimberly? — ela se senta na mesa de nossa sala minúscula. Me olhando de cima à baixo.

— Você quer me casar com um homem desconhecido! — eu dou um passo em sua direção e ela gesticula para que eu fique onde estou.

— E o que importa? — ela franze seu cenho. — Não quer dar a sua família uma vida decente? Quer continuar sendo vista como uma simples plebeia? Sua decisão interferi na vida de todas nós, e se quer nos afundar, diga logo em minha frente!

— Eu não quero afundar ninguém! — a pouca voz que sai de mim está embargada.

— Se soubesse que você nos daria tanta decepção, deveria ter ido embora com teu pai. — nenhuma expressão surge em seu rosto e ela se vira e desvia o olhar de mim.

As lágrimas que correm em meu rosto são formadas em uma fração de segundos. Abaixo minha cabeça e vou até o cômodo pequeno que compartilho com Abby.

A garotinha de cabelos castanhos encaracolados já está adormecida, o que me deixa aliviada. Não seria nada agradável explicar o motivo de meu choro para a minha bisbilhoteira irmã.

A menção que mamãe fez ao homem que nos deixou, embrulhou-me o estômago. Não gosto de lembrar dele ou de sua partida. Lembro-me vagamente de sua pessoa, mas, gritos e louças quebradas eram algo gravado em minha memória. Sua partida, quando Sra. White estava grávida de Abby, desestabilizou toda a casa. Ele era a fonte de nossa renda e o dono de nossa admiração e amor, e foi embora e, com isso, levou o nosso futuro.

Não importo-me com seu amor, afinal, se realmente nos amasse, não teria de partir. Não implore por amor. Outra coisa coisa que aprendi em meu mundo literário.

— Tudo está bem, Kim? — a voz rouca de Abby surge no quarto.

— Claro! — abro um sorriso para a minha irmãzinha.

Abby acena com a cabeça e se vira para o outro lado, adormecendo novamente.

Com lágrimas correndo meu travesseiro, o melhor que posso fazer agora é adormecer. Não lembrar da dor que foi causada com sua partida, só será realmente esquecida com uma noite de sono.

Coloque sua cabeça no travesseiro, e crie suas histórias de romance, Kimberly — penso.

A Prometida Where stories live. Discover now