Capítulo 2

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Giovana apenas me observa com seus olhos doces enquanto saímos do taxi. A entrada da boate me faz quebrar o queixo completamente, isso se eu não enrolar a minha língua para colocar de volta na boca, por que ela foi parar bem na porta daquele palácio dançante. Tem duas labaredas, uma de cada lado da imensa porta de vidro, logo atrás delas duas cascatas de água em uma ilusão de ótica incrível, nos fazendo pensar que a água vai pra cima ao invés de ir pra baixo, se meu pai já não tivesse me explicado como isso funciona, eu com certeza teria caído de cara no vidro só pra ver como eles conseguiram desafiar a lei da gravidade.

Giovana me cutuca com o cotovelo enquanto eu fico completamente embasbacada com o lugar.

— Lindo, não é, Liza?

— Realmente Gio, coisa mais linda. Quero ver por dentro, e o conteúdo, eu quero me esbaldar!

Minha irmã me olha com a expressão confusa. Também pudera, eu não sou assim, posso contar o número de vezes em que pisei em uma boate, normalmente só iria para uma comemoração de aniversário de algum colega. Gui nunca foi muito adepto a multidões e eu ia logo atrás dele, como sempre fiz com as pessoas que eu amo.

— Então vamos, quero ver tudo iluminado. –– Movimenta os braços, animada.

Entramos na boate e se meu queixo pudesse abrir mais, eu tenho a absoluta certeza de que o faria; o teto tinha vários jogos de luzes, refletindo nas paredes brancas, dando uma impressão linda ao local. Do meu lado direito tinha um bar, todo em mármore preto; atrás cheio de espelhos e fechando o quadrado tinha uma estante cheia de bebidas, das caras as mais baratas. Nos cantos extremos a pista de dança tinha poucas e pequenas poltronas em couro branco (como se alguém quisesse sentar nesse lugar), no meio do salão a pista de dança, onde pessoas já arriscavam alguns passos com o ritmo pulsante da música eletrônica que já enchia o local de alegria. Em cima tinha uma espécie de área reservada com mesas de centro e vários banquinhos e, claro, o lugar do DJ com uma mesa enorme de som.

— Nossa, Giovana, que espetáculo de lugar. –– Falei por cima da batida, me animando.

Em minha pouca experiência com boates, essa aqui é a melhor que eu coloquei meus pés, sem pensar duas vezes.

— É sim, uma designer de interiores trabalhou duro pra isso aqui, Andrew é pura exigência.

Ouvir esse nome pela segunda vez na mesma noite não é de Deus, me causa calafrios e me arrepia até os cílios. Olho pra ela a ponto de perguntar qual o sobrenome do dono, quando um gritinho histérico soa aos meus ouvidos apesar da música alta. Olho para o mesmo lado que Giovana e encontro um projeto de... bem, é melhor deixar quieto.

A garota vem em direção a minha irmã e a agarra pelo pescoço, fazendo-me sorrir pela forma como olhou a demonstração de afeto da menina.

— Giovana!! Que saudades de você, pensei que nunca iria chegar. Credo, como demorou. O Alessandro já estava a ponto de bala, até que o meu homem foi acalma-lo. –– Sua voz era de gralha.

Devo estar invisível. Ah Deus, me poupe dessas amiguinhas infantis da Giovana.

— Oi, Carla! –– Retribui seu cumprimento, pouco interessada, a afastando pelos ombros. –– É, Alessandro estava um pouco nervoso quando me ligou sim, mas pela reinauguração da boate, afinal de contas, ele também ajudou muito com o marketing. Atrasei alguns minutinhos pois estava esperando a minha irmã, você já conhece?

Giovana aponta pra mim, e pela primeira vez a moça me olha de cima a baixo trincando os lábios, dá um sorrisinho forçado e me cumprimenta com a maior falsidade que já vi estampada na cara de uma pessoa.

Que bom você chegou (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now