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Eu estava parado na calçada na frente de casa, Jimin tinha acabado de ir embora, me deixando com um beijo atrevido no canto dos lábios. Eu estava rindo sozinho disso, quando me virei e dei de cara com meu lindo e alto vizinho de cabelos vermelhos, exibindo suas tatuagens pretas que fugiam pelas mangas de sua enorme camisa também escura. Ele me analisava, com o cigarro preso entre os dedos e a fumaça escapando pelo seu nariz.

    -Hm, você tem bom gosto. -comentou meio debochado. -Seu namorado é bonito.

    -É só um amigo. -falei sem muita vontade. -Eu não tenho namorado, você devia saber disso. Por acaso está me espiando, Jungkook? -parei de frente a ele e o encarei.

Foi fofo como seu rosto corou, na minha cabeça era bem engraçado como ele queria delimitar sua maturidade enquanto seu rosto avermelhava-se como um adolescente por causa de uma pergunta tão boba.

-Não é pra isso que você sempre deixa sua janela aberta? -me acusou, recuperando sua calma.

Ah porra, como eu amo esse desgraçado. Eu já me sentia tão feliz só por estar falando com ele e por Jungkook fazer parecer que está com ciúmes de Jimin.

-O quarto ia ficar abafado, só isso.  -dei de ombros.

Jungkook riu, ainda meio debochado e eu lhe encarei um tanto aborrecido. Qual era o problema dele? Estava agindo estranho, espreitando como um rato e o pior me deixando nervoso a toa. Eu estava tremendo com a sua presença, enquanto fingia ser o mesmo Yoongi de sempre. Só Jungkook mesmo para me deixar nesse estado, enquanto eu mostrava dominância sobre outros caras, Jungkook me deixava ansioso e cheio de incertezas. Parecia que até a forma como ele descartou seu cigarro quase inteiro, significava algo no momento.

-Eu nem sabia se queria te ver esse fim de semana. -confessei.

E depois fiz algo que nunca fazia, fugi ou ao menos tentei. Passei direto por ele, pronto para voltar pra dentro de casa, quando ele me segurou. Mesmo que a gente estivesse cara-a-cara eu ainda não tinha decidido se conseguia lhe ver ou não.

-Você está chateado comigo? -seu tom entristeceu.

-Chateado? Acha que estou chateado com você, Jungkookie?

Ele repuxou os lábios para os cantos e ergueu as sobrancelhas em um gesto de confirmação, parecia desapontado com algo e não especificamente comigo.

-Não estou, não sou idiota de ficar chateado com você porque não sente o que quero, eu só estou magoado.

Dei um passo na sua direção e encostei a testa em seu peito, ele não recuou, o que foi uma surpresa, ele sempre estava escapando de qualquer aproximação minha.

-Eu gosto mesmo de você, Kookie, então, eu estou magoado. Eu sempre tive esperanças que um dia ia poder ficar com você, mas o que me sobra é passar os dias imaginando sua vida naquela droga de campus, me perguntando por que infernos você tem que morar tão longe, sem saber se você já tem alguém especial ou o que anda fazendo. Eu vou ser sempre seu amigo pirralho, que tem que se contentar em esperar os finais de semana e essa distância toda, física e sentimental, é que me sufoca, por isso eu não sabia se eu queria te ver ou não, eu me sinto tão esquisito perto de você, Jungkookie.

Seu coração estava muito acelerado, sob minha testa, ele ficava mesmo desesperado ao ouvir meus sentimentos. Tomei um susto e em seguida meu corpo inteiro tremeu, porque ele deslizou suas unhas por minha nuca, subindo o carinho por meus cabelos. "Caralho", ele soltou de repente, estalando a língua, e ai ele fez sua confissão, depois de um suspiro longo:

-Eu menti.

Ergui meu rosto na hora e o encarei, do que ele estava falando?

-Mentiu sobre o que?

-Aquela tarde, eu estava fingindo. Eu fiz parecer que eu só sentia tesão por você, mas a realidade é que você me deixa louco de muitas maneiras. -fez uma careta frustrada.

Arregalei meus olhos, surpreso, e puta merda, que ele esteja sendo sério porque meu coração já estava a mil e eu acabei sorrindo largo, como não conseguia fazer a semana toda.

-Você está dizendo que também sente algo por mim? Você gosta de mim, Jungkookie? -o pressionei, seguindo seu olhar.

E ousado como sempre fui, não ia deixá-lo escapar de mim nunca mais. Só bastava Jungkook confirmar seus sentimentos e ele seria meu, sem saída. Deslizei as mãos por sua cintura e o prendi a mim, o encarando cheio de esperança de novo.

-É, eu gosto… Eu amo você, Yoongi. Isso é meio esquisito, eu nunca planejei isso… Gostar de você dessa maneira.

-Isso não se planeja, eu também fiquei assustado quando me apaixonei por você -contei. -Primeiro eu só sentia muito tesão, você é bonito, sexy, mas quando você estava namorando, eu percebi que não era só isso…

Ele acariciou meus cabelos e ficou em silêncio, me perguntava se Jungkook estava se lembrando como chegou naquele ponto. Como ele se apaixonou por mim… Mas agora eu tinha que cuidar do presente, já que eu o conhecia muito bem e sabia que ele confessar seus sentimentos não ia dar em nada se eu não agisse.

Segurei suas costas e me apoiei nas pontas dos pés, indo alcançar sua boca, antes de tudo. Jungkook me recebeu sem protestos e me deu um beijo suave,  mas tão intenso quanto o primeiro ou qualquer outro que veio depois. No momento a gente se preocupava mais em sugar os lábios do outro, que no contato entre nossas línguas, e em sentir o corpo do outro tão pertinho, mas ao mesmo tempo eu queria pular no seu colo e ser levado para qualquer canto onde só ia caber nós dois, porque o beijo de Jungkook sempre me excitava de verdade. Nunca era só um beijo, ele tinha uma carga maior porque era capaz de espalhar por meu corpo e mente sentimentos que eu nem sabia nomear ainda.

-Vamos. -falei baixo, sentindo meu coração mais leve e minha expressão suavizada.

Segurei sua mão de novo e o puxei.

-Vamos pra onde?

-Falar com meus pais. -joguei como se não fosse nada demais e não era, mas sabia o drama que o mais velho faria.

Ele parou e, sendo mais forte, me fez parar também. O encarei já esperando aquela reação, ele se preocupava demais com detalhes.

-Eu sei como você é, se preocupando com nossas idades, então, com permissão dos meus pais nós podemos ficar juntos ne?

-Você simplifica muito as coisas…

-Você disse que gostava de mim também. -o interrompi. -Não quer namorar comigo?

-Eu gosto e quero. -se apressou a explicar. -Mas nós podemos…

-Puta merda. -o interrompi mais uma vez e o olhei indignado. -Jeon Jungkook, nem se atreva a sugerir que a gente espere a porra de nove meses passarem pra gente poder namorar!

Ele passou as mãos pelos cabelos, então, era isso mesmo! Maldito Jungkook!

-Meus pais te adoram, você não me quer agora? Quer mesmo esperar?

Me aproximei de novo dele, tocando seu peito e usando o tom e o olhar mais manhoso que conhecia. Jungkook confessou que eu o enlouquecia de várias formas, então, eu ia usar todas as minhas armas e não havia um cara capaz de resistir, quando eu tomava uma decisão, o final era o mesmo.

-Eles me adoram porque eu não estou fodendo o filho de dezessete anos deles. -bufou.

-E você não está, ainda. Dá pra confiar em mim? -o encarei chateado e peguei sua mão de novo.

Dessa vez eu não precisei puxá-lo, Jungkook simplesmente me acompanhou.

Entre o amor e a amizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora