Capítulo XVII

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Arthur Tyrell

— Posso descansar... meus filhos estão bem. Eles estão juntos e não devem se arriscar por mim.

Quando Bernard me avisou que a floresta dos Bardos parecia ativa, eu precisei verificar. A neta do Mestre é muito sensível as mudanças entre os mundos. Ela sentiu algo despertar e o deixou bastante perturbado, ao ponto dele me mandar uma mensagem.

Eu estava indo até Arwen e a levaria para a Grécia, quando decidi desviar do meu caminho e me certificar que poderia seguir com meus planos.
Kylo já sabia que eles não eram irmãos, mas não toda a história ainda. Apenas o fiz prometer que ele cuidaria de Arwen, se algum dia eu não pudesse fazê-lo. Dessa vez, finalmente a traria comigo e quando eles se encontrassem, eu contaria todos os detalhes do seu nascimento e eles estariam preparados para enfrentar qualquer criatura que estivesse a espreita para encontra-la.

Desde a noite que Diandra atravessou meu caminho naquela mesma estrada, eu tenho monitorado aquele local a distância e a floresta parecia adormecida, tendo retido o mal em seu interior, sejam as feras que nela habitam ou os portais que dela podem ser acessados.

Não tinha a intenção de entrar no local sozinho, somente parei o carro e fiquei a observar. A floresta estava mais escura e fechada, o ar rarefeito como se todo oxigênio estivesse sendo sugado e gases venenosos fossem lançados na atmosfera a sua volta. Mesmo o céu, ali tinha uma coloração arroxeada.

Um movimento perturbou a sinistra quietude daquele local. Antes que pudesse me retirar ou pensar no que fazer, um bando de vampiros me cercou. Minhas armas estavam no carro, mesmo assim lutei com eles, mas o uso ardiloso do aconitum me fez perder a consciência. Devo ter sido carregado através da floresta até onde me encontro desde então. Acorrentado numa masmorra construída sob a rocha, de onde nenhum som ou cheiro entra e nem sai. Na alcatéia Maximoff.

O torpor causado pelo wolfsbane dificultaram o meu entendimento de tempo e realidade. Eu sinto minhas memórias indo e vindo. Lembranças sendo reveladas, daquela noite há 20 anos atrás e de tudo que aconteceu desde então.

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A loba atravessou a estrada e quase a atingi. Exausta deixou-se ficar deitada e eu fui até ela. Seu corpo estava coberto de sangue seco, mas ela não tinha ferimentos graves. Seus olhos me suplicavam ajuda e eu a trouxe para minha alcatéia, onde cuidei dela por todos os dias que se manteve na forma lupina, só acordando para receber um pouco de água.

Quando finalmente voltou a forma humana e a vi pela primeira vez, seus olhos verdes revelavam uma dor profunda e lágrimas desciam por sua face. Diandra era uma jovem mulher de cabelos longos e dourados e sua beleza feérica era irretocável. Ela me olhou tentando sorrir e percebi que suas mãos repousavam sobre o ventre ja visível.

— Agradeço por nos salvar.

— Fico feliz por te-la ajudado. Você está na minha casa e aqui está segura.

Estendi a mão que ela segurou trêmula e fria.

— Arthur Tyrell.

— Diandra.

Com o passar dos dias, fui conquistando a sua confiança e ela aos poucos me revelou os momentos trágicos que viveu. A jovem parecia lutar pela vida e reviver o que passou a entristecia e deixava muito abalada.

Suas palavras falhavam muitas vezes, como se tivesse medo de que verbalizando, tudo pudesse se repetir.
As suas memórias viraram minhas e eu chorei muitas vezes naqueles dias.

🌔 A Filha Da Fúria 🌖 O Despertar Da Loba 🐺Where stories live. Discover now