Party girl. | Fillie

26

— Você é um babaca!

Eu arregalei os olhos quando vi o dedo de Finn apontado para Noah.

— Não me venha com essa de moralista, seu...

— Seu merda do caralho, ela tá lá! — o cacheado empurrou meu amigo.

— Ela me chutou, seu merda! — Noah gritou.

Eu não havia chutado ninguém. Não era de mim que estavam falando.

— Vai tomar no meio do seu...

— Finn Wolfhard! — eu gritei.

Que merda! Ele não desviou o olhar de Noah.

— Você devia tomar vergonha nessa sua cara, filho de uma puta. — Finn falou.

— Eu não estou mais com ela! — Noah jogou os braços para cima, como quem clamava por ajuda. — Quantas vezes vou ter que falar?!

— Conte a quantidade de sócios que vou dar em você, vai ser uma dica. — Finn falou com raiva ainda. — Ela está lá, chorando por você e pedindo para que eu abrace ela e pergunte para a Millie de você.

— Sadie não é assim.

Meu coração parou.

— Sadie?! — eu gritei.

— Olhe como você deixou ela!

Eles continuaram falando mas eu não escutava nada. Como assim Sadie?! E por que Finn não estava socando Noah por ter ficado com Sadie?!

— Ela não quer...

— Escuta aqui, seus merdas! — eu gritei, entrando no meio dos dois. Encarei meu melhor amigo e o cara por quem eu estava apaixonada. — Vocês vão me falar exatamente o que está acontecendo ou eu jogo os dois por aquela varanda e vocês se resolvem na rua!

Os dois se calaram e eu fui migrando meu olhar rapidamente entre os dois. A mulher vestia a blusa, a única peça que estava fora de seu corpo e corria para o elevador.

— Mais respeito! Caralho! — eu gritei de novo. — Vão pro sofá!

Os dois sentaram e Oleff me encarou sorrindo.

— A Soph vai amar você cuidando do nosso filho! — ele falou sorridente, com as mãos nos bolsos.

— Oh meu Deus, é um garotinho?! — eu falei sorrindo, mudando totalmente minha posição.

— Nós ainda não...

— Se eu puder falar... — Noah tentou falar e eu virei meu rosto de novo para ele.

— Cala a boca! — eu falei firme, dei um último sorriso para Wyatt. — Fala, porra.

— Millie.

Eu alternei meu olhar e os dois se calaram. Eu sabia ser intimidadora, ainda mais sobre saltos de nove centímetros.

— Quero saber o que aconteceu aqui, e quero agora.

— Noah estava saindo com a Sadie. — Wolfhard falou baixo.

— Então você é corno?! — eu falei abismada. — Ainda mais corno manso?

Finn subiu o olhar para meu rosto e ficou vermelho.

— Eles terminaram. — a voz de Noah ecoou e eu ouvi, quase como se estivesse distante demais para escutar.

Meu olhos focaram Finn. Sua mandíbula trincou, a testa ficou enrugada e eu fiquei estática.

— Por isso mesmo você não tem a mínima moral para vir com essa de certinho quando terminou com a Sadie para ficar com outra! — Noah virou para Finn, que ainda me encarava. Desviei o olhar, humilhada.

Ele não largou Sadie para ficar comigo, disto eu sabia, ele sequer me contara do término. Finn tinha outra. Meu peito apertou.

— Moralista de merda, é isso que você é! — Noah falou e Finn finalmente parou de me olhar.

— Ela é minha amiga e você está fazendo ela sofrer! — o cacheado quase rosnou.

— Ela me chutou. Falou que não devíamos ficar juntos, que nunca daríamos certo. — Noah falou olhando para o chão.

— Claramente ela estava passando por um momento difícil. Ela quer você, seu idiota. — Wyatt decidiu falar.

Eu continuei olhando para a porta do meu apartamento. Não era para meu domingo ser assim, eu não devia descobrir que o cara por quem eu era apaixonada tinha outra. Merda do caralho.

— Se resolvam. Vou sair. — minha voz saiu sem autorização.

Humilhação. Eu me sentia uma merda. Queria sair dali mas Finn me prendia, ele olhou para mim depois que falei como um robô. Seus olhos arregalaram e a mãos dele relaxou. Estava assustada, acanhada.

— Millie... — Finn começou a se levantar do sofá.

E aquele foi o empurrão que eu precisava. Minha mão voou até minha bolsa e eu quase corri até a porta. O elevador subiu rápido enquanto eu escutava os sapatos de Finn batendo no chão do meu apartamento.

— Olha o que você fez! — Finn gritou.

— O que eu fiz?!

Apertei o grande "t" do painel e suspirei. Merda de domingo, achei que só iríamos tomar café e conversar, então descubro que tudo que eu achava que me impedia com Finn havia acabado, então surge algo novo e pior. Droga de paixões.

Meu carro foi até a casa da minha amiga do escritório de advocacia, Clarie. Eu bebi vinho, mal conseguia lembrar pelo quê eu havia chorado mais cedo. Taças corriam rapidamente e também não prestei atenção quando Clarie nos colocou em um táxi e falou o meu endereço. Eu vi o dinheiro saindo da carteira dela e fiz uma nota mental para pagar depois. Algo que eu obviamente não lembraria.

— Mills. — minha amiga me cutucou, seus cabelos loiros caindo na frente de metade de seu rosto.

— Shi!! — eu botei o dedo sobre os lábios. Meus saltos fizeram barulho na recepção e calaram-se no elevador.

Abri a porta, Noah sentado ao lado da bancada de mármore da cozinha.

— Millie...

— Não, por favor, não. — eu solucei.

Minha garganta fechou. O que eu havia feito? Não podia simplesmente ser eu?

Eu não era suficiente para ninguém? Eu não era confiável?

— Millie, sério, nós precisamos...

— Me deixa em paz! — eu me exaltei. — Não aguento mais você ou ele, ou toda essa merda! Eu só quero chorar e você não me deixa nem fazer isso!

Fui cambaleando até o meu quarto e tranquei a porta quando Clarie entrou, bati com toda a força que consegui reunir, torpe pela bebida. Minha testa encostou na porta e eu senti o tremor de meus ombros.

Escutei os soluços primeiro e depois senti as lágrimas escorrerem por minhas bochechas vermelhas pelo álcool. Eu tremi e engasguei com as lágrimas.

— Mills...

Minha amiga me chamou triste. Envolveu meus ombros com um dos braços e me apertou.

Eu achei que quando Sadie e ele terminassem nós poderíamos, pelo menos, tentar. Ele nem mesmo me escalara para o quadro de tentativas.

Eu era nada. Para ele, eu era nada.

Solucei de novo e soube que não acabaria tão cedo.
Finn não acabaria tão cedo.

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vi tantas almas agoniadas no capítulo anterior que senti pena.
tadinha da mills né gates?!
beijos, até o próximo