Reflexo distorcido

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Garmisch-Partenkirchen, Alemanha 2012, 10 P.M.


- Will! - Gritou Sophia no corredor na hora do intervalo, andando em passos rápidos para perto do amigo. 

Will não escutou os gritos vindo da amiga; terminara de guardar seus livros no armário fechando-o e dando de cara com Sophia o encarando. 

- Sophia? - Sua expressão era de surpresa. Pois não via Sophia desde as férias de verão. 

- Sim! - Ela diz empolgada olhando para o amigo que agora, parecia não reconhecê-la depois de muitos dias sem ter notícias dela. 

Will e Sophia sempre foram amigos desde o primeiro ano do ensino médio. Tinham uma ligação de amizade imensa, apesar de que Will a considera mais que uma simples amiga. Ele a ama como sua parceira, mas nunca deixou claro a respeito de seus sentimentos, sempre conversava com ela com uma expressão enigmática nos olhos. 

- Mas... Eu... - Will não sabia o que dizer, apenas a abraçou como se estivesse sem ver a amiga há anos, o que era mentira, já que ficaram apenas sessenta dias sem nem trocarem mensagens ou contato visual, ou qualquer meio de comunicação. 

Sophia o abraçou retribuindo. Sentindo o envolto dos braços de Will em suas costas pressionando contra o corpo dele. 

- Você não faz ideia de como estava com saudade, - Diz ele afastando seu corpo de perto de Sophia e então a encarando nos olhos. Era nítido ver nos olhos de Will um sentimento de carinho pela amiga. Ele faria tudo por ela, inclusive morrer para ter de salvá-la. 

- Londres é perfeito Will, tinha que ver aquele grande relógio, era como se eu estivesse em um outro mundo. Um mundo totalmente diferente desse. - Sophia estava tão ansiosa para contar ao amigo como foi sua viajem que deu de ombros ao comentário do amigo. Mas não percebeu que tinha sido fria com ele. 

- Eu imagino Sophi, - Will atribuía o apelido à Sophia, - Conte-me tudo. - Ele esboça um sorriso nos lábios, para não demonstrar que estava chateado por ela não ter tido o mesmo afeto que ele no momento que a abraçou. 

O sinal ecoa pelos corredores indicando que o intervalo havia acabado.

- Desculpe, mas deixe para depois que acabar o expediente. - Sophia comenta com ele, fazendo uma expressão provocativa, pois sabia que Will queria saber tudo a respeito da viagem. Os locais que ela visitou, as roupas que comprou, o clima, as pessoas como se vestiam... 

- Ah poxa... - Will diz em uma expressão de desapontado. 

- Me encontra na cafeteria depois do expediente. - Ela diz, abrindo o armário que fica ao lado do de Will e pegando seus respectivos livros que usará na próxima aula e segurando contra o peito, abraçando-os. 

- Claro... - Diz Will, dando um sorrisinho meia boca amigavelmente para a amiga, que agora estava se distanciando cada vez mais, andando pelos corredores rumo a sua sala de aula. 

Will nunca imaginaria que ficasse tão empolgado por querer saber como foi a viajem de Sophia. Ele estava tão acostumado a ter que escutar a história de sua Tia todos os dias.

 Lembrara do dia em que sua Tia Silva contou a mesma história três vezes, dizendo como foi bom ter ido conhecer New York. Ele já sabe de ponta a ponta, até o jeito como ela conta a história. Will revirou os olhos, inundado em seus pensamentos. 

Ele estava ali, parado no corredor, com seus livros na mão esquerda, enquanto apenas observava Sophia sair de seu campo de visão. Mas então teve uma grande surpresa ao ver o Sr. Rogers, o Diretor da escola, aproximando dele. Will começou a andar em sentido contrário. Ele não podia levar mais nenhuma advertência pois já havia muitas, e caso ele recebesse mais uma seria suspenso por alguns dias. 

Em passos rápidos, quase correndo, Will entrou no banheiro masculino. Era contra as leis os Professores ou Diretores adentrarem nos banheiros dos alunos. E então olhando pelo feixe da porta semi-aberta encarando Sr. Rogers, viu que conseguiu despistar ele. O vendo sair andando novamente para sua sala. 

Will fecha a porta e então caminhou para mais a fundo no banheiro. Estava só. 

Ele se olha no espelho para poder se arrumar. Estava suado, foi então que, Will abaixou sua cabeça para perto da pia, cuja estava aberta, pegou um pouco de água com as mãos e começou a molhar o cabelo para retirar o suor. 

Will tinha escutado um barulho horrendo vindo de um dos boxers, aonde ficava o vaso sanitário. Ele ergueu o corpo novamente, pegando vários papéis toalhas e enxugando o rosto rapidamente. 

- Quem está ai?! - Will diz enquanto enxuga seu rosto molhado. 

Ele se vira para trás para analisar o ambiente. Não havia ninguém. Mas quando de repente Will se vira para frente novamente, olhando para o espelho, tinha uma mulher toda de preto. Seu rosto era pálido, como morta, suas mãos usavam uma espécie de luva branca. Ela parecia aquelas pessoas que se arrumam para ir à um enterro. 

A mulher ficou olhando para ele fixamente em seus olhos. 

- Está chegando a hora... Está chegando a hora... Está chegando a hora... - Ela repetia a mesma frase várias vezes, num tom de voz demoníaco. 

A mulher ergue seu braço, e então aponta para Will, que agora estava nesse momento totalmente espantado. 

- Quem é você??! - Will diz num tom alto, quase gritando. Ele estava apavorado, deu um murro no espelho, fazendo o espelho se quebrar em vários pedaços. Porém mesmo assim a mulher estava dentro dele, porém agora, em vários fragmentos e ainda dizia a mesma coisa, repetidas vezes. 

-  Está chegando a hora... Está chegando a hora... Está chegando a hora...

E então os alunos que passavam pelo lado de fora do banheiro, escutou o barulho do vidro se quebrando, e resolveram abrir a porta para verificar o que tinha sido. Assustados, todos olhavam para Will com seus olhos arregalados. 

Will estava com um dos punhos sangrando. Olhando para as mãos sem nem mesmo entender o que tinha ocorrido. Foi tudo tão rápido que ele nem teve a chance de analisar o que estava acontecendo. Agiu por pura impulsividade. 

A figura da mulher de preto, dentro do espelho, havia sumido... 


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⏰ Last updated: Jun 15, 2019 ⏰

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O Efeito EspelhoWhere stories live. Discover now