03.

312 44 2
                                    

Segunda sempre será o dia mais difícil da semana e o resultado de tanta preguiça foi me atrasar quinze minutos para chegar ao trabalho.

- Dormiu demais? – Erick pergunta rindo – Como se já não dormisse suficiente no final de semana...

- Para sua informação mocinho, eu sai sábado a noite – respondo – Foco no a noite por favor.

- Você? Foi abduzida, perdeu uma aposta? – ele faz cara de chocado – Bateu muito forte com a cabeça?

- Hilário, estou morrendo de rir – reviro os olhos.

- Fala sério, o que aconteceu?

- Um amigo do Allan deu uma festa, ele está voltando para a cidade e decidimos ir – dou de ombros – Foi legal, eu me diverti bastante.

- Poxa, isso que é boa notícia! O Allan se divertindo, eu queria ver isso – ele ri.

- Você deveria ver ele bêbado, parecia outra pessoa... isso é, até passar mal – balanço a cabeça ao lembrar.

- E vocês voltaram pra casa como?

- O Chris, amigo dele, me levou em casa, bem, levou nós dois – suspiro.

- E esse Chris aí, ele é bonito? – Erick me encara.

- Um pouco, talvez, sei lá – dou de ombros – Não fiquei reparando.

- Você ficou nervosa com a pergunta?

- O quê? Não, claro que não!

- Ficou sim, estou notando no seu rosto – ele ri – Ele balançou você?

- Erick, faça um esforço e se lembre que eu namoro, obrigada – mostro a língua para ele.

- Só estou verificando, esse brilho no olhar quando você falou dele, não sei não – ele provoca.

- Por Deus, você é insuportável garoto – me exaspero – Tchau Erick, eu preciso trabalhar e você também.

- Sobre o que vocês conversaram? Ele perguntou da sua família?

- Sei lá, besteiras, coisas normais – respondo tentando me livrar dele – Ele perguntou do Mat por causa do sorvete mas foi só.

- Espera, que sorvete? – ele tenta esconder um sorriso.

- Eu falei sorvete? Não tem sorvete nenhum – desconverso.

- Tem sim, o que você está me escondendo Louise? – ele cruza os braços – Só saio daqui quando você me contar tudo.

Erick era a pessoa mais teimosa que eu conhecia, então suspiro e faço um resumo.

- Ele está afim de você – ele dá o veredito.

- Problema é dele.

- Bom, eu não sei muito desse garoto mas já gostei dele.

- Você vai gostar de qualquer garoto que não seja o Allan – revido.

- E você não se pergunta o porquê? – ele me lança um último olhar e saí assim que meu chefe entra.

(...)

Saio tarde do trabalho para compensar o tempo perdido de manhã e chego em casa cansada.

- Preciso falar com você – minha mãe fala assim que eu entro em casa.

- Oi mãe, meu dia foi ótimo, obrigada por perguntar – respondo ironicamente.

- É um assunto sério Louise – ela fecha ainda mais a cara.

- Não estou dizendo que não é, só que não custa nada você perguntar de mim – solto um suspiro pesado, era sempre assim com ela.

- Estamos com problemas financeiros, esse mês eu vou precisar de uma ajuda maior.

- Mais dinheiro? O que acontece com todas suas horas extras? – pergunto indignada.

- Não vou receber agora, eles atrasaram o pagamento – ela senta na cadeira – Preciso de dinheiro ainda essa semana.

- Não sei se terei dinheiro...

- Você precisa dar um jeito, eu cuido dessa casa sozinha desde que seu pai abandonou a gente – ela reclama.

- Ei, eu coloco tanto dinheiro aqui dentro quanto você. E meu pai abandonou você e não eu e o Mat – reclamo de volta.

- Não importa, eu ainda tenho que ser a responsável sozinha disso aqui – ela eleva o tom de voz – Você deveria ter mais compreensão comigo.

- Eu que deveria ter mais compreensão? Tem certeza? – fico exaltada.

- Por que vocês estão brigando? – meu irmão entra na cozinha.

- Nada meu amor, estávamos fazendo o jantar – digo para não deixá-lo triste.

- Vai para seu quarto, depois a gente chama você – minha mãe diz ríspida.

- Não custa nada, nada mãe, ser um pouco mais carinhosa. Nem o Mathew, nem eu temos culpa de seus problemas e você age muito errado em descontar na gente – suspiro.

- Eu não fiz nada de errado, você que está muito sensível.

- Quer saber? Desisto – pego minha bolsa.

- Onde você pensa que vai? – ela entra na minha frente.

- Sair, respirar um pouco – dou a volta e saio.

A vida em casa não era fácil desde que meu pai, Charles, havia ido embora. Eu não sabia até hoje o que tinha acontecido, já que minha mãe se recusava a falar no assunto.

Por outro lado, meu pai passou mais de um ano morando em outra cidade, mas desde que voltou fazia de tudo para estar presente na nossa vida. Mas minha mãe não facilitava, ela inventava coisas e proibições sem sentido e o resultado era um Mathew cada vez mais infeliz.

Suspiro e sigo caminhando até a casa de Allan, lembrando de dias mais fáceis para mim.

Toco a campainha e sua mãe me deixa entrar. Subo até o quarto dele e entro sem bater.

- A gente marcou algo hoje? – Allan pergunta, confuso.

- Não, mas eu precisava te ver – me aproximo.

- Sentiu saudades foi?

Ele me puxa e me enche de beijos, me envolvendo em seus braços.

- Na verdade, eu queria conversar com você – me acomodo melhor na sua cama.

- Dr uma hora dessas? Nossa, o que eu fiz dessa vez? – ele fica irritado.

- Calma, não é nada com você – balanço a cabeça magoada – Eu queria falar da minha mãe, só isso.

- De novo? Nossa, eu não aguento mais você falando dela – ele se afasta – Todo dia isso, toda hora.

- Você está exagerando e sabe que as coisas estão difíceis para mim agora.

- Sei, sei até demais – Allan revira os olhos.

- Eu pensava que você era mais compreensivo – bufo.

- Eu tento ser, mas porra, eu também tenho minhas necessidades e você aparece aqui para reclamar.

- Suas necessidades? Você não lembrou delas ontem quando saiu para jogar e me deixando sozinha.

- Era uma situação diferente.

- Claro, porque era o que você queria e não eu, certo? – falo indignada.

- Lou, não faça disso um drama pelo amor...

- Não farei, na verdade, não farei nada.

Me levanto e dou a volta na cama, saindo do quarto.

- Lou, volta aqui...Louise!

Hoje eu não estava com paciência para desculpas e não volto atrás para Allan se explicar.

Caminho até em casa mais rápido que o normal e chego em casa com Mathew ainda acordado.

- Quer dormir comigo hoje? – pergunto para ele.

- Isso vai me custar o quê? – ele me olha, desconfiado.

- Nada, só estou dando uma de irmã legal.

- Eu aceito.

Ele sobe para colocar o pijama e eu sorrio, era tão fácil fazê-lo feliz. Vejo meu celular acender e penso que é Allan se desculpando.

“ Que a sua noite seja tão linda quanto você e que você sonhe com um anjo como eu. C.”

“ Como conseguiu meu número?”

“ Me dá boa noite logo garota”

“ Boa noite, que você sonhe com uma garota que não seja eu e que a encontre na rua amanhã”

“ Você não sabe brincar Lou”

“ Não é um dos meus dons”

“ Eu te perdoo mesmo assim. Um beijo no pescoço, fui”

“ Garoto? Haha tchau”

Subo para meu quarto com um sorriso no rosto.

LOVERS  Where stories live. Discover now