Probablemente

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Probablemente no vuelva a mirarte
Aunque en las noches extrañe tu voz
Probablemente olvides mi nombre
O talvez te mueras por verme
Como lo hago yo.”

Probablemente, Ruggero Pasquarelli.

Nada poderia explicar o que Amelia sentiu durante essa partida. Ela – assim como qualquer outro brasileiro – esperava um grande jogo da sua seleção, mas isso superou todas suas expectativas.

Ainda assim, um sentimento estranho percorreu seu peito desde o momento que a seleção entrou em campo para treinar. De primeira ela culpou a ansiedade, e depois a adrenalina, mesmo assim, a pressão não iria embora.

Como se algo a estivesse levando a alguém. Ela só gostaria de saber quem.

O último lance da partida começa, e ela joga suas paranóias para o canto. Assim como qualquer outro torcedor que estava atrás do gol, ela tira seu celular do bolso e se prepara para gravar o gol, que infelizmente não saí. Ela ri com o grupo de amigos da tentativa falha de Gabriel Jesus, e antes que percebe a partida já se encerra.

Amelia combina de subir para a saída com suas amigas quando aquela pressão volta a seu peito, e algo a diz para olhar para trás. Ela olha por cima do ombro e nota que alguns dos jogadores estão perto da arquibancada dando autógrafos e camisetas.

A pressão fica mais forte.

Suas amigas também percebem, e não hesitam em se aproximar do local. Amelia segue relutante atrás enquanto as outras se aproximam da grade.

Em um ato de impulso, Amelia decide ouvir a pulsação que está lhe infernizando o dia inteiro, e deixar-se levar por ela. A cada passo, a pressão aumenta mais, assim como a pulsação de seu coração. Mil e um sentimentos passam por suas veias tentando lhe dizer algo que ela ainda não compreende.

Mas tudo parece certo quando ela para de frente ao camisa 20 da Seleção.

Roberto Firmino não tira seus olhos da mulher por um bom tempo, afinal, quando a pressão infernal que lhe acompanhou durante a partida inteira finalmente vai embora, ele precisava saber o que era.

E sem mais nem menos, a resposta estava bem em sua frente.

– Bora Bobby, a gente tem que voltar pro vestiário! – Philippe Coutinho quebra a troca de olhares entre os dois. Roberto endireita a postura e Amelia olha para o lado.

Ele age como se as trocas de olhares não tivessem acontecido, e começa a autografar seu celular. Como ela seria a última pessoa ali, Roberto faz como seus colegas de equipe e lhe entrega sua blusa autografada.

Amelia tenta não olhar para as marcas em seu corpo, mas é impossível não fazer isso. Ela estica seu braço para pegar a blusa, e pode jurar que sentiu uma leve queimação ao tocar nas mãos de Roberto.

Amelia abre a boca para dizer algo, mas é interrompida por um trombo de uma de suas amigas. Ela vira para se desculpar, mas ele não está mais lá.

– Amelia, seu pulso tá com uma marca estranha... – a amiga lhe avisa, e Amelia olha imediatamente para o local.

Ela não sabe explicar o que é, mesmo jurando nunca ter visto isso antes, parece algo que sempre lhe pertenceu.

ProbablementeWhere stories live. Discover now