A Recompensa

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"Mesmo que me perca na escuridão das trevas,
Sempre me encontrarei na luz do teu olhar."
(Vinycius Maia)

•••

Gesin, 7 anos atrás.

A cortina de tramas percorria o caminho do ar com o vento aquecido que adentrava a janela da cabana naquela manhã de verão. E perante aquela comodidade do tempo, Ben demorou mais que o de costume para acordar.

Entorpecido pela noite anterior, seu corpo relaxou de tal forma que não seria uma surpresa caso esquecesse de seus afazeres matutinos. Então ele abriu os olhos e — depois do choque entre a luz do sol contra suas pupilas — finalmente reconheceu o local.

Ele deslizou seus dedos pelo tecido de algodão na esperança de que o corpo quente de Rey estaria ali para conforta-lo, mas não foi o que aconteceu.

Seu coração pulsou tão forte que pensou que explodiria. Por um segundo pensou o pior, estava tão desesperado que não conseguia ser racional.

Ele pegou suas coisas e saiu correndo em direção à Madame Pomfrey, no centro da aldeia, onde alguns membros de Maverins estavam praticando seus ensinamentos diários.

"Onde ela está? Onde está Rey!?" Ben perguntou num quase grito, chamando a atenção de todos, aflito enquanto chacoalhava a anciã pelos ombros.

A senhora arregalou os olhos tentando conter o desespero de Ben.

"Ela está se banhando!" Interrompeu Davina. "Sua esposa está no lago."

Ben suspirou e então Pomfrey ordenou que todos os outros membros continuassem suas atividades como antes.

"O que está acontecendo?" Ela perguntou oferecendo um copo de água para Ben, que agora estava sentado sobre uma rocha com as duas mãos sobre a cabeça. "Por que está tão aflito? E por que Davina diz que Renesmy é sua esposa?"

"Eu..." ele respirou fundo enquanto tremia ao beber a água. "Disse que éramos casados para não gerar desconfianças. Eu só quero encontrá-la. Não a vi na habitação hoje mais cedo, achei que pudessem ter feito algo a ela."

"Não fariam nada a ela. Enquanto estiverem na aldeia estarão seguros. Ninguém se atreve a meter-se nos nossos assuntos, Ben." Madame Pomfrey sorriu ao afagar o ombro do rapaz. "Ela está bem. Foi até o lago mais cedo. Pode ir até lá, se quiser. Davina pediu que a deixassem sozinha. Ela deve estar por lá." Ben respirou aliviado. "É na direção oeste." Finalizou apontando.

"Obrigada." Suspirou.

O lugar ficava a mais ou menos um quilômetro do centro da aldeia, e, quando chegou ao local, confirmou a fala de Punfrey de que não havia ninguém além de Rey presente, que encarava o horizonte enquanto se banhava.

"Sei que está aí." Ela disse em tom baixo, ainda sem virar o rosto.

"Ah, sim." Ele respondeu, tímido, e então começou a se aproximar.

Os cabelos de Rey estavam molhados e, à medida que a luz do sol, calmo da manhã, batia contra sua pele, uma luz alva reluzia. Nada a cobria além da água em seu entorno.

Não demorou muito para que Ben se juntasse a ela. Quando chegou próximo o suficiente, posicionou seus braços em torno de seu ombro, a embalando enquanto encostava seu tórax nas costas da jovem.

Ficaram quietos, contemplando o céu azul misturado com o tom laranja da manhã no horizonte. Permaneceram assim por alguns segundos até que Rey quebrasse o silêncio.

"Nós destruímos tudo." Ele sentiu a preocupação em sua fala. "Sabe disso, não sabe?" Ele respirou fundo e ela se virou. Ele a apertou forte contra seu peito, de modo que ela pudesse liberar as lágrimas contra seu corpo. "Está doendo tanto. Eu destruí tudo, me desculpe."

Herdeiros do Império - CONCLUÍDA Where stories live. Discover now