Capítulo 3 ( Eu já estou com outra pessoa.)

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Quando cheguei em casa, fui para a cozinha pegar um copo d'água. Minha madrasta, Sarah, está no fogão preparando o jantar. Ela se vira quando eu entro. 

— Oi. — Ela me cumprimentou. 

— Olá. — Eu respondi. Ela se vira e continua a preparar o jantar. 

Era assim entre Sarah e eu. Nós realmente não falamos muito uma com a outra. Eu não tenho nada contra ela. Ela era uma mulher boa. No entanto, desde que meu pai casou-se quase um ano atrás, ela nunca tinha tentado falar muito comigo e eu também não, era recíproco. Apenas saudações e conversa fiada. Às vezes, eu me pergunto, se ela me odeia, mas ela nunca fez ou disse algo para mim para que eu achasse isso. 

Eu não conhecia minha mãe. Ela morreu quando eu tinha apenas dois anos, então sempre foi meu pai e eu. Um ano e meio atrás, meu pai conheceu Sarah e eu nunca o vi mais feliz. Ela foi a primeira mulher que ele namorou. Fiquei feliz que ele estava feliz e Sarah foi a única a fazer isso acontecer, então eu não me importei. 

— Meu pai está aqui? — Pergunto quando fecho a geladeira. 

— Não. Ele está trabalhando até tarde hoje à noite. — Sarah respondeu. 

— Ok. — Eu estava prestes a sair da cozinha, quando Sarah chamou meu nome e me encarou novamente. 

— Como foi a escola? — Ela pergunta, me surpreendendo. Esta foi a primeira vez que ela me perguntou algo assim. 

— É... Normal... — Eu respondi. Eu estava mentindo, porque não estava nada normal. Eu tive que aguentar duas aulas com o Lucas. Não ajudou muito o fato que ele estivesse tentando falar comigo e eu ainda estava machucada pelo que ele fez. No entanto, eu não queria falar tudo isso com Sarah, então não tive escolha a não ser mentir. 

— Ah, normal. — Ela sorri um pouco. 
— Vá e lave-se, o jantar está quase pronto. — Ela disse. 

Eu não senti vontade de comer. Não gostei do fato de não ter apetite. Eu odeio Lucas por fazer isso comigo. 

Eu dei a Sarah um pequeno sorriso de volta. 
— Sinto muito, mas não sinto vontade de comer esta noite. 

— Ah, ok então. — Foi sua resposta. Eu me virei e subi para o meu quarto. Quando cheguei ao meu habitat natural, tomei um banho e comecei a fazer o dever de casa.                                                                                       
Uma hora depois, eu terminei meu dever de casa e estava me preparando para dormir, quando ouvi uma explosão de música alta. Eu olho através da janela para a casa ao lado, mesmo que eu não tenha que olhar para saber quem era o responsável pelo tumulto. Era meu vizinho, Samuel Blake. 

Ele é um jogador de futebol. Ele tinha quase todas as garotas da escola caindo aos seus pés. Ele não se importava com nenhuma delas. Tudo o que importava para ele era transar. Muitas das garotas da escola estavam felizes com apenas uma noite com ele. Algumas esperavam, mas sabiam que não podiam pedir mais. 

O relacionamento mais longo que ele já teve com uma garota foi uma semana. Samuel era como um tigre enjaulado, ele não podia ser domado. 

Samuel passa a maior parte do tempo se metendo em confusão e criando estragos na escola. Ele não se importava muito com as regras. Ele apenas anda por aí sem se importar com o mundo. 

Lembrei-me de como fiquei irritada no ano passado, quando ele e seus pais se mudaram para a casa ao lado. Eu não me importava muito com a atitude dele, então eu gasto meu tempo tentando evitá-lo. Nós nunca falamos um com o outro antes, mesmo que tenhamos algumas aulas juntos e moramos ao lado um do outro. 

Nossos quartos ficavam bem em frente um do outro, então eu o via às vezes em seu quarto. 

Às vezes, com uma garota, outras vezes, seu melhor amigo, Adam Taylor, conversando e bebendo. Agora ele estava sozinho em seu quarto. Eu sacudo minha cabeça. Eu acho que ele decidiu que esta noite era uma boa noite para ser um incômodo para os vizinhos. 

Eu não queria que ele me visse olhando, então me afastei da janela e fechei as cortinas. Termino o que estava fazendo, apago a luz e vou para a cama. 

                                                           ●●●

Eu estava andando pelo corredor da escola no dia seguinte, quando alguém puxou minha mão. Minhas costas estavam voltadas para os armários e o culpado ficou na minha frente me impedindo de escapar. Quando vi quem era, senti minha raiva se formando. Eu olhei para cima ficando irritada. 

— Saia do meu caminho. — Eu tentei me livrar dele. 

Lucas sacode a cabeça enquanto olha para mim. Ele era pelo menos cinco centímetros mais alto que eu e eu odiava que ele estivesse fazendo isso comigo agora. 

— Não até você falar comigo. — Eu olhei para ele. 

— Eu não tenho nada para dizer para você. Agora, saia da minha frente. — Eu exigi novamente. Lucas ignora o meu pedido, a expressão de Lucas suaviza enquanto ele fala. 

— O que Sophia e eu tivemos não significou nada. Eu me arrependo de estar com ela em primeiro lugar. Emma, você é a única garota que eu quero. Por favor, acredite em mim. 

Eu tive que reprimir o desejo de revirar os olhos. Eu não sei quem ele achava que estava enganando, mas tenho certeza que se ele me amasse de verdade, ele nem teria sequer me traído durante esses três meses. Ele me machucou profundamente e eu perdi a confiança nele. Não há como voltar com ele. 

— Lucas, eu não posso. — Eu disse. Conhecendo Lucas, ele não aceita um não como resposta. Eu queria que ele desistisse e me deixasse em paz, então acrescentei sem pensar. 
— Eu já estou com outra pessoa. 

Sua expressão mudou instantaneamente. Seus olhos azuis ficaram um pouco mais escuros e seus ombros ficaram tensos. 
— Quem? 

Eu não tenho ideia de quem dizer porque era mentira, então fico em silêncio. Felizmente, o sinal do primeiro período soou. Eu suspiro internamente. 

Salva pelo gongo!!! 

— Eu não posso lidar com isso agora. Eu tenho que ir para a aula. — Eu ando para longe dele. Felizmente, ele não me impediu, então dei passos rápidos para a aula. 

                                                                    ●●●

O dia da escola terminou e eu estava saindo da minha última aula. Violeta tinha me dito que ela tinha que sair da escola logo depois da aula, porque ela tinha que fazer compras para sua mãe. 

Enquanto eu estava andando pelo corredor, senti um par de olhos em mim. Eu olho para cima e vejo Lucas em seu armário me observando. O corredor estava quase vazio, por isso não foi difícil localizá-lo. Quando isso vai parar? Quando ele aceitará o fato de que eu não quero falar com ele? 
Eu tiro meus olhos dele e vejo alguém através do canto dos meus olhos. Eu olho para a pessoa e vi que era Samuel em seu armário. 

Naquele momento, uma ideia surgiu na minha cabeça. Não sei de onde veio essa ideia, mas acho que não estava pensando direito. Com os olhos de Lucas ainda em mim, eu continuo andando, então viro na direção do armário de Samuel. 

Samuel acabou de fechar seu armário quando eu finalmente chego até ele. Antes que ele pudesse falar, agir ou pensar, eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço e puxo sua cabeça na direção da minha e o beijo. 

Samuel soltou uma respiração surpresa, antes de, como eu esperava, começar a me beijar de volta. Eu senti ele sorrir para o beijo e eu sabia que ele estava gostando disso. Eu queria me afastar, mas não fiz. Eu tive que fazer isso. 

Então eu engoli meu orgulho e minha dignidade e continuei a beijar a pessoa que eu não esperava beijar nem nos meus pesadelos mais loucos.

Namoro PortátilWhere stories live. Discover now