Filha do Rei

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Saiu um pouco mais atrasado do que eu imaginava, perdão. 

Davina Claire P.O.V


Segunda - feira, 15 de maio de 2017.

Olho por olho, dente por dente. Essa é descrição básica da Lei de Talião, criada na Mesopotâmia. A chamada "lei da retaliação". Basicamente, se você quebrar o nariz de alguém, deverá receber uma punição semelhante, ou seja, você irá receber um soco tão certeiro quanto o que você desferiu na outra pessoa. Estamos aqui há uma semana, uma semana no Quartel, com vampiros que um dia obedeceram Marcel, obedecendo ao Klaus. Os que negaram obediência, você já pode imaginar os últimos momentos e qual o único "futuro". Eu queria odiá-lo, como prometi ate para mim mesma, mas não posso, é impossível. Marcel me salvou de quem deveria me proteger, me salvou de uma carnificina de crianças em prol de crenças antigas e atualmente, invalidadas. Ele foi a única imagem de afeto que tive por muito tempo, mas ao mesmo tempo era como um carcereiro, já que eu vivia presa na torre de uma igreja, porém se eu saísse, me matariam. Minha história com Marcel é um clichê, um clichê no qual ele é o guarda da torre que me priva de liberdade e me protege de assassinos, que me usa para seus planos e ao mesmo tempo constrói para mim, uma imagem de proteção e afeto. Vê-lo preso, sem alimentação, submetido a humilhações me faz pensar sobre o que ele fez com Klaus todo esse tempo em que o híbrido, ocupava o seu lugar. O tempo que os papeis eram invertidos. O que está acontecendo aqui é um verdadeiro retrocesso e todos sabem disso, mas se calam porquê afinal de contas, estamos falando do Niklaus Mikaelson. E eu sei que isso também o afeta, mas o rancor dele o cega diante da situação que está o homem que um dia foi o menino dos seus olhos. 

Fecho meu diário, o guardando na gaveta. Não possuía o costume de escrever, mas dados os últimos acontecimentos, é uma boa maneira de "descarregar". Volto para a cama, abraçando o travesseiro ao deitar, estou acordada desde ás sete e não vi o Kol, porém nada fora do comum. Na maioria dos dias, ele levanta ás seis e vai atrás de alguma fonte de sangue: bolsas de sangue ou pessoas. Não tenho muito o que fazer aqui, meu tempo é dividido entre ficar com o Kol, fazer companhia a Hope, ajudar a Halyley a arrumar as roupas ou simplesmente olhar o teto. Halyley passou a maior parte do tempo, desde que chegamos aqui e nos estabelecemos, procurando os lobos que restaram, Klaus se ocupa de dar atenção a filha, dar ordens e infernizar a vida do prisioneiro, vulgo Marcel. Kol ás vezes fica por aqui e ás vezes sai com Elijah para "passear", porém sei que estão mais é vigiando alguns vampiros que ainda não confiam, como se confiassem nos outros. Rebekah não quis ficar e simplesmente foi embora, não sei para qual cidade, estado ou país. E me resta aqui, Freya, porém o clima entre nós duas nunca é o melhor, não tenho nada contra ela, ela só me mandou definitivamente para a morte, mas eu já passei por muita coisa: quase sacrifício forçado, cárcere privado, descontrole de poderes, sacrifício, volta dos mortos, trouxe de volta Mikael e quase ele me matou, morri pelas mãos da pessoa que eu amo sendo usada pelos ancestrais, quase voltei a vida e fui mandada de volta para onde queriam me aniquilar, pelos meus cunhados. 

Se eu fosse guardar rancor de todo mundo, morreria sozinha. 

Eu já tentei, criar um clima leve, conversar, mas ela sempre me olhar como se eu fosse surtar a qualquer momento, fora que ela é muito calada e parece nunca precisar de ajuda. Então me sobre criar raízes no quarto. Eu poderia sair, de fato, mas não sei como encararia as bruxas daqui, eu meio que destruí algo importante para elas, baguncei tudo que elas conheciam, fora todo trabalho anterior que dei a comunidade, tenho a séria convicção que não são minhas maiores fãs. Os vampiros me olham estranho, eles sabem que sou apenas uma bruxa (com uma vida mortal questionável), mas apenas uma bruxa que possui um coração que pulsa e flui sangue para todo corpo, que o sangue nas minhas veias é fresco e saboroso para eles, porém ao mesmo tempo sabem que eu nem teria tempo de defesa, eles estariam mortos antes disso. Kol deixou isso bem expresso logo no primeiro dia. Entre todas as regras, a rotina aqui possui uma na qual eu e a Hope podemos nos considerar "privilegiadas": ninguém encosta nem na bruxinha, no caso eu, e muito menos na filha do rei. A parte boa, podemos andar por toda propriedade sem maiores medos (eu fico um pouco receosa ás vezes, porém acho que a Hope não, já que a maior diversão dela é brincar de desbravadora desses corredores), porém ninguém fala com a gente e saem do lugar se alguma de nós chegamos nele. 

Anteontem, eu e a Hope descemos para o pátio e em menos de 30 segundos, todos os 6 vampiros que estavam ali, foram embora. E nem responderam o nosso "boa tarde". Eu poderia acompanha-la na exploração, mas ela parece querer fazer isso sozinha, acho que quer conhecer mais da história da família. Esses são os momentos em que mais sinto falta da Camille, se ela estivesse aqui (e se dependesse do Klaus, ela estaria), seria minha maior companhia. Eu consegui, depois de muito custo, fazer um dos vampiros falar comigo, perguntei onde estava Josh e o vampiro me contou que ele foi embora da cidade. 

Levanto, saindo do quarto, para dar uma volta pelo prédio, quem sabe encontro a Halyley ou a Hope, ou ate mesmo a Freya e fracasso mais uma vez na minha tentativa de amizade. Bom, Halyley não está, não a encontro em lugar nenhum. Freya está concentrada em alguma coisa que nem eu sei explicar, então resolvo não atrapalhar. Hope deve está explorando algum novo lugar... Me resta a criatura pintando um quadro em uma das salas, me aproximo e encosto o ombro na porta. Engulo seco. 

- O que você quer, bruxinha? - Ergo as sobrancelhas, ele não tava concentrado na tinta ali? 

- Nada. - Respondo, cruzando os braços. - Por curiosidade, o que está pintando? 

- Sempre curiosa e isso aqui, não esta pronto ainda. - Continua virado para o quadro. - O tédio bateu e resolveu tentar achar alguma coisa pra fazer? 

- Isso. Pensei que estaria torturando o seu brinquedo novo. 

- Resolvi relaxar um pouco de tanta crueldade.. - Ele me olha e olha o quadro. - Você desenha, não? 

- Sim, desenhava quando tava na torre. 

- Pegue um carvão e uma tela, desenhe alguma coisa que não seja ficar ai parada como se fizesse parte da parede. - Apesar de um pouco receosa, afinal, Klaus sendo gentil assim não é algo rotineiro, decido aceitar. Pego uma tela e coloco no tripé, pegando o carvão depois. - Pensei que iria aproveitar e tentar voltar as suas raízes com as bruxas.

- Eu não sei como elas vão reagir a minha presença, depois de tudo que eu fiz. 

- Se elas lhe atacarem, ataque de volta. Sempre tenha dois planos, o A é o pacífico e o B é a guerra. - Sua risadinha típica me faz revirar os olhos. 

Encaro meu desenho, com a testa franzida. Por que diabos eu desenhei isso? E melhor, por que diabos eu tenho visto tanto isso quando durmo? 

Davina Claire P.O.V OF 


Narrador(a)


Enquanto uns pintavam e desenhavam em uma sala, outros estudavam sobre seus poderes em outra e outros estavam fora do quartel, todos tinham uma coisa em comum: ninguém sabia onde se encontrava Hope. A criança estava em pé, em frente ao homem acorrentado a parede, seus olhinhos claros e os olhos do prisioneiro se encaravam, nenhuma palavra sendo desferida por suas bocas e nenhum pensamento a não ser curiosidade, de ambas as partes. 

- Não deveria ficar aqui. - O mais velho foi o primeiro a falar. A menina, por sua vez, olha para as correntes e o encara, erguendo as sobrancelhas. Naquele momento, Marcel e quem visse a garotinha, teria certeza que ela é filha de Niklaus, o ar de ironia que ela exala, foi passado de pai para a filha. 

- Minha mãe me coloca de castigo, quando eu faço alguma coisa errada. O que fez de errado? - A pequena questiona, com as mãozinhas para trás.

- Sua mãe te coloca de castigo acorrentada a uma parede? - Ele ergue as sobrancelhas. 

- Não, mas você fez algo muito ruim, não foi? 

- Não deveria ficar aqui e nem falar comigo, Hope. 

- Você sabe meu nome, mas nunca fomos apresentados, Marcel. 

- Você sabe o meu, como? Sua mãe falou de mim?

- Perguntei a tia Davina e ela me falou seu nome, mas não o que você fez para ficar preso ai. Ela diz a mesma coisa, que eu sou muito nova, que eu não posso saber dessas coisas... - A pequena olha para cima enquanto fala, em sinal de que acha tudo aquilo uma besteira. 

- Tia Davina? 

- É... A namorada do tio Kol, ele ama ela como o tio Elijah ama a mamãe. Ela brinca sempre que pode, brinca comigo. 

- O que ela falou de mim? 

- Está curioso? 

- Por que eu ficaria? 

- Eu sou o prisioneiro do seu pai.. 

- Que esta preso a correntes. 

- Mas continuo sendo um prisioneiro. Não fica nem um pouco com medo de ficar aqui, sozinha? 

- Eu sou uma bruxa Mikaelson! 

- Seu pai sabe que esta aqui? 

- Não. 

- Sua mãe? 

- Não. 

- E por que está aqui? 

- Eu estava conhecendo os corredores e vim parar aqui... 

- Como estão as coisas, lá fora? 

- Por que quer saber? 

- Você realmente é filha do Niklaus. 

- O que quer dizer com isso? - Antes que a menina possa responder, ambos escutam uma voz bem conhecida pelo mais velho: Davina. 

- Hope! - Mas ela não está no campo de visão dos dois, ela deve esta entre os corredores. 

- Ate amanhã, Marcel. - A menina se afasta e segue pelo corredor, encontrando a tia e lhe seguindo, para encontrar seu pai. Enquanto isso, lá nas correntes presas a parede, ficou Marcel, curioso sobre a aparição da menina ali e se ela voltaria no outro dia... E por que voltaria? 



Por que eu te amo? - KolvinaWhere stories live. Discover now