01 | Prologue

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Veneza, Itália. 1819.

As coisas não andam fáceis por aqui, há uma grande instabilidade e as pessoas estão cada vez mais nervosas, principalmente entre as classes mais altas. Ouço várias conversas sobre uma suposta Revolução que estão querendo fazer para acabar com o
nosso rei. Eu moro em uma área afastada da cidade, por isso fico a maior parte do tempo lá enquanto estou na faculdade e volto aos finais de semana.

Dessa vez eu preferi ficar aqui, já que o semestre está acabando e eu tenho
tantas coisas para fazer. Minha cabeça atolada de coisas fez com que eu me afastasse ainda mais da minha família e amigos. Eu não sou uma pessoa muito sociável e as minhas relações de amizade aqui se inverteram. Ao invés de eu ter uma relação boa com os meus colegas, acabei tendo com alguns professores.

Fui para a biblioteca na expectativa de conseguir terminar aquele livro maçante que eu deixei para terminá-lo um dia antes da prova.

A biblioteca ficava no centro da faculdade e era gigantesca, toda feita de carvalho, desde as paredes até as prateleiras enormes. Havia simetricamente, castiçais em linha reta que iluminavam o estabelecimento. Me sentei na ultima mesa próxima a janela e tentei aproveitar o silêncio absoluto.

- Jungkook, você não vai sair mesmo dessa biblioteca? - Meu professor Jimin chegou perto de mim sussurrando em meu ouvido me fazendo dar um pulo da cadeira a qual eu estava sentado.

Jimin foi meu professor do primeiro ano de política I. Ele era um professor super atencioso e se tornou um dos meus melhores amigos naquele lugar. Seu cabelo tigelinha preto e as bochechas fofas não entregavam sua idade, a qual ele se negava a dizer, por mais que eu achasse que ele não tinhamos tantos anos de diferença um do outro.

- Jimin, por favor, não me assuste desse jeito! Assim meu coração vai falhar a qualquer momento, homem! - Digo com uma feição trágica colocando a mão no peito.

Jimin dá um tapa nas minhas costas em desaprovação a minha atuação dramática.

- Deixe isso para mais tarde, tenho certeza que você vai conseguir se dar bem nessa prova. Como sempre. - Jimin fechou meu livro fazendo com que eu perdesse a página que eu estava. - venha comigo!

Eu e o moreno seguimos pelas ruas de Veneza. Já era o final da tarde e o sol se pondo dava um tom alaranjado no céu e mesmo que a brisa se intensificava ao ponto de sentir o frio da noite chegar. O sol ainda estava quente o suficiente para que em contato com meu rosto, pudesse aquecer as partes mais geladas, como meu nariz.

Estávamos andando pelas ruas já conhecidas, indo para um lugar já conhecido. Jimin sempre me levava naquela taverna na esperança que eu relaxasse mais com todo o stress que sentia ultimamente. Na maioria das vezes ele conseguia, mas nesse dia seria difícil. Recebi ontem uma carta dos meus pais falando sobre a situação da minha irmã mais nova, ela continua doente e o médico que a atendeu, de nada sabia para ajudá-la a melhorar.

- Jimin, você conhece algum médico formado que seja bom o suficiente? - Digo meio sem jeito, coçando a cabeça desconfortavelmente enquanto tomava uma taça de vinho. - minha irmã está piorando e eu não sei o que fazer.

- Olha kookie, não sei se conheço algum médico já que não trabalho na mesma área que eles... Mas possa procurar, tenho certeza que tenha alguém que possa te ajudar. - Jimin esfregou sua pequena mão nas minhas costas tentando me acalmar, mesmo sabendo que fosse em vão.

- O problema que eu não tenho dinheiro, sabe? Fica muito mais difícil assim. - dei uma olhadela na expressão do mais velho. Ele sabia que seria impossível encontrar, hoje, uma alma caridosa que pudesse me ajudar sem custo algum.

- Vai dar certo meu amigo, eu prometo. Talvez você conheça uma pessoa que seja boa o suficiente para te ajudar. Eu acredito nisso.

Será?

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New York, EUA. 2019.

Doutor Kim Taehyung, se dirija a sala de cirurgia 5 urgente. Doutor Kim Taehyung, se dirija a sala de cirurgia 5 urgente.

- TAEHYUNG, CORRE! PRECISAMOS DA SUA AJUDA. - Um homem de cabelo castanho e estatura alta entrou na sala onde eu me escondia para descansar um pouco dos dias turbulentos. Já faziam 48 horas que eu estava dentro desse hospital e a única coisa que eu queria era poder dormir oito horas, no mínimo.

- O que aconteceu, Namjoon!? - Levantei da maca vestindo meu jaleco e saindo porta a fora. - qual o caso dessa vez? - Olho para Namjoon que está com a prancheta nas mãos com os dados da vítima.

- Eu não sei explicar direito... - Ta, isso é um problema. - Talvez, talvez ele tenha tomado soda caustica?

Parei quando tentei absorver o que ele havia me dito. Quem tomaria soda caustica? Porque ele faria uma coisa dessas? Comecei a pensar que talvez não tenha sido ele quem tenha feito isso, poderia ter sido atacado.

- Tudo bem, chame o endócrino. Precisamos dele urgente! Eu vou correndo para a sala de cirurgia e ver o que eu posso fazer. - Digo enquanto corro pelo corredor antes de me separar de Namjoon que foi procurar o outro doutor.

Cheguei na sala e o paciente já estava deitado e sedado, me lavei adequadamente e deixei que os enfermeiros me vestissem para a cirurgia. Aquele dia será longo, tenho certeza.

Após esses dias enfurnado no hospital fazendo diversas cirurgias, fui dispensado por um dia de descanso em casa. Acho que eles perceberam que seria perigoso me deixar mais uma hora que seja sem uma noite completa de sono.

Peguei minhas coisas na minha sala e antes de sair olhei para o meu certificado de neurocirurgião, que me dava forças e me fazia lembrar dos dias difíceis que eu tive até chegar aqui. Ao lado dele estava uma foto minha com os meus país e a saudade bateu forte em meu peito. Dei um sorriso amarelo e sai porta a fora.

Já no estacionamento procurei minhas chaves no bolso da calça me lamentando ao perceber que tinha esquecido no meu guarda-roupa. Me virando para pegar novamente o elevador me deparei com um vulto que atravessou o corredor dos elevadores em sentido os carros que estavam estacionados. Perplexo, fui levado pelo instinto de seguir aquela imagem que não consegui perceber o que era.

- Ei, quem é? - Perguntei franzindo o cenho e segurando, mesmo que inconsciente, com força a minha maleta. - Responda, quem é?

- Desculpa moço, eu não queria te seguir. - Uma criança saiu de trás de um carro prata. Estava mal vestida e parecia ser moradora de rua, seus cabelos pretos estavam sedosos e colavam na sua testa cobrindo a maior parte do rosto. - Só que eu estava com medo de te entregar isso. - o pequeno estendeu sua mão e me entregou um envelope. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ele saiu correndo em sentido a saída.

Quando abri aquele envelope, olhei para todos os lados tendo quase a certeza que era uma pegadinha daquelas câmeras escondidas de programas baratos da sessão da tarde. Mas não havia ninguém. Eram cartas de... Tarô? Mas estavam incompletas, só tinham cinco.

Quando olhei atentamente cada uma, senti um frio na espinha que fez até meus cabelos da nuca se arrepiarem. A primeira eram dois homens, um de costas para o outro, o segundo era uma estrada em uma floresta, a terceira era a lua, a quarta era um ceifador e o quinto uma folha que eu sabia que representava a primavera.

Eu tinha uma amiga que era taróloga e me explicou um pouco sobre as cartas nos tempos de faculdade, por isso senti tanto medo, porque sabia que algo iria acontecer.

Our Destiny | • Thk [TERMINADA]Where stories live. Discover now