𝔙𝔦𝔫𝔱𝔢 𝔑𝔬𝔳𝔢

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A princesa encontrava-se de pé diante do salão de trono, sendo avaliada pelo sultão a sua frente, com uma expressão que pouco passava além de impaciência com o ocorrido. Adara havia chegado ao palácio banhada pelo sangue, trajando um uniforme preto. E por mais silenciosa que fosse, Lady Cassandra não hesitara em lhe entregar para o sultão, junto ao guerreiro silencioso ao seu lado. Agora, diante de seu grão-senhor, a féerica desviou o olhar para o de sua Dália em uma expressão acusatória. No entanto, a reação da mesma não passava de repulsa. Foi a vez da princesa de franzir o cenho.

" - Não precisava tê-lo executado a minha frente. Parecia um animal abatendo sua presa. "

A futura sultana revirou os olhos diante da acusação, ainda não acreditava no que havia acontecido. Ela quebrara a mão e alguns ossos de um de seus comparsas? Sim, mas havia uma boa razão. E até mesmo aquela vozinha interior não ousava questioná-la sobre isso. Se seu pai havia chegado até onde estava até então, não fora governando em um reinado de gentileza e perseverança. Ele sempre lhe alertara. Ou governará pelo amor de seu povo, ou pelo medo deles. E adara sabia, mesmo quando ainda não havia descoberto todos os horrores daquele mundo, que teria de governar pelo medo. Porque preferia ser temida e respeitada, a ser adorada e subestimada. Após a reunião, a princesa e seu cavalheiro decidiram mesmo sob os protestos da metamorfa, que fariam uma pausa pra uma refeição. E mesmo com uma Cassandra extremamente enfurecida, Adara e Benjamin encontravam-se em uma taberna quase vazia, embora seus estômagos estivessem devidamente preenchidos pela comida daquele ambiente. Agora, a espiã brindava sua cerveja com o feiticeiro loiro ao seu lado, que gargalhava alto o bastante para afundar sua dignidade. Ou a de ambos.

" - A morte que se aproxima. "

E a princesa brindou, concordando com um sorriso de soslaio. Mesmo com o frio que assolava sua espinha. E diante das reclamações do sultão, adara percebeu o quanto sentia-se..exausta. tudo que precisava era de um banho, uma cama confortável e.. Azriel.

Azriel que partira pra Corte Noturna em busca de aliados e informações, Azriel que era seu parceiro, e prometera retornar. Ela não sabia quando exatamente, havia parado de ouvir seu grão senhor. Simplesmente..parara de ouvir, apenas pairava silenciosamente sob o tapete, o único resquício de sua vida vinha dos dedos sujos que insistiam em cutucar a aliança. Sentia falta dele. Desde que o aceitara, que aceitara aquele laço.. não conseguia passar um dia sequer longe dele. Fazia uma longa e tortuosa semana de viagem. Mas ela sabia, que era para um bem maior. Porque assim como ele havia partido pelo bem de sua corte, ela precisava de participar de cada nauseante reunião, ou esgueirar-se durante a noite, espionando, procurando quaisquer respostas que lhe pudessem ser úteis. Porque o inimigo estava a espera, e dentro de duas noites, ele atacaria. E Adara passaria por cima do que fosse preciso para defender seu povo. Não importasse o preço.

Naquela noite, a princesa jantou por mera obrigação. E ela sabia, que a rainha fizera o mesmo. Lyria parecia ter envelhecido dez anos em uma semana. A illyriana cutucava o próprio prato com um garfo, as olheiras aparentes devido ao cansaço e exaustão, além da ausência do brilho naquele olhar. E seu pai.. não estava muito melhor que isso. Se tudo seguisse conforme aquele maldito plano..

No entanto, os pensamentos da princesa foram interrompidos pelo puxão sentido no laço. E pro encantador que acabara de retornar, acompanhado pelo grão senhor, o novo general illyriano e duas fêmeas féericas. Uma delas, adara se recordava. Morrigan trajava um vestido em tom de dourado, enquanto uma fêmea ao seu lado.. ela tinha de admitir que bela talvez não fosse o suficiente para descrevê-la. No entanto, a fêmea exibia uma carranca em seu rosto, deixando claro que não aceitaria aproximação. Trajava couro illyriano, além dos sifões que preenchiam sua roupa. Oito. Pelos deuses. E ela sentiu o olhar da princesa sobre si, finalmente encontrando o olhar da espiã antes de arquear uma sobrancelha. E antes que ela pudesse responder, o encantador finalmente se aproximou, pairando a poucos centímetros a sua frente. Foi a vez de Adara avançar, aproximando-se o bastante para sentir a respiração de seu parceiro sob seus lábios.

" - Espiã. "

" - Espião. É sempre um prazer revê-lo. "

Azriel finalmente sorriu diante da tensão que se acumulava ali. E quando este avançou, foi a vez de Adara fazer o mesmo, caçando os lábios do illyriano em um beijo quente e voraz, retribuído pelo guerreiro que a agarrava pela cintura, pressionando os dedos contra a pele exposta. O encantador parecia fora de si, pressionando as mãos em sua cintura com força o bastante para manter uma marca ali, enquanto sua parceira prosseguia em um beijo possessivo, tomando o rosto do macho féerico entre suas mãos. Ambos pareciam não ter se dado conta, até o grão-senhor da corte noturna pigarrear, enquanto o general acertava frequentemente um garfo contra a taça de ouro em um ruído estridente.

Foi a vez de Adara desfazer o contato, desviando o olhar ao sentir a ameaça do rubor que insistia em crescer em seu rosto. Ainda assim, não deixou de retribuir o abraço de um Cassian extremamente sorridente, que mesmo sob ameaça de guerra, a envolveu em um abraço, girando o corpo da féerica no ar.

" - E é assim que você trata uma futura grã-senhora? ainda tem muito que aprender, general. "

A espiã estalou a língua diante das risadas daquele rosto amigo, que levava uma das mãos aos seus cabelos antes de sacudir os fios. " - Da última vez que a vi, explodiu no ar e socou alguns dos meus soldados. Uma máquina de problemas desde que a vi pela primeira vez. " O illyriano murmurou ao manear com a cabeça e se distanciar. foi quando Adara finalmente percebeu a parceria entre ele e a fêmea a poucos metros. Uma sombra de divertimento atingiu seu olhar antes que Rhyssand interrompesse, a impedindo antes de que pudesse exibir qualquer reação. E para sua surpresa, a envolvesse em um abraço.

" - Se tem amor a sua vida, não mencione nada sobre isso. "

O grão-senhor murmurou a sua orelha antes de se afastar com um sorriso de divertimento. No entanto, a princesa arqueou a sobrancelha, voltando sua atenção e sob a advertência de Rhyssand, avançou até a fêmea.

Nesta Archeron franziu o cenho diante da féerica a sua frente, ciente do desafio em seu olhar. E pra surpresa de todos, finalmente abriu um sorriso e cumprimentou a princesa.

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅Donde viven las historias. Descúbrelo ahora