Wiltshire, 1843Violet Bridgerton era uma moça em uma posição social extremamente bem-vista. Apesar de não ter um dote extraordinário, – mesmo que o que já tivesse fosse bem generoso. - suas influências eram mais que perfeitas. Era sobrinha de um visconde, de uma duquesa, de uma condessa, um baronete e um barão, além de ter uma prima casada com um conde e uma com um visconde. Logo, para todos os efeitos, qualquer um que quisesse um bom relacionamento com pessoas influentes na sociedade não pensaria duas vezes antes de procurar a Bridgerton para cortejar.
No entanto, Violet era feia.
Desde que era pequena, seu primo, Oliver Crane, sempre fizera questão de implicar com ela e apontar todos os seus defeitos que, antes, nunca reparara. Mesmo sendo longos oito anos mais velho que ela, o rapaz nunca perdera seu jeito infantil e sempre que passava as férias em casa, fazia uma visita aos tios para ver os primos, nunca deixando a pequena Violet de lado. E, como consequência disso, a autoestima que a moça nunca construíra estava totalmente ruída. Então, mesmo que seus pais ou seus amigos lhe dissessem o contrário, ela sempre insistia em afirmar que era feia.
Ela era bem parecida com seu pai. Os mesmos cabelos castanho-avermelhados e os mesmos olhos azulados. No entanto, mesmo tendo herdado tais características, é como se toda a beleza que se pudesse herdar de Benedict e Sophie Bridgerton tivesse sido sugada por seus três irmãos mais velhos, três libertinos que gostavam de passar a maior parte do tempo se envolvendo com cantoras de ópera e indo em tabernas com Edmund e Miles beber até cair. Se eles não utilizariam sua beleza pra nada, por que justo ela tinha que ser o patinho feio da família?
Com seus dezenove anos recém-completos, acabara de passar uma temporada exaustiva em Londres e nunca teria imaginado o tamanho da felicidade que tivera ao finalmente pisar os pés em seu verdadeiro lar, em Wiltshire. A cidade era cheia demais, populosa demais e lá havia mais regras do que qualquer outra coisa. Não entendia como Charlotte e Agatha gostavam daquilo. Mas, enfim, o que tornara pior sua estadia era o fato de ter passado por todos aqueles bailes exaustivos e não ter recebido sequer uma proposta decente.
Ao todo, recebera duas propostas de casamento. Uma era de um homem que era mais velho que seu pai – e tinha uma barriga para lá de avantajada – e o outro sem dúvida não era muito certo da cabeça, todos sabiam disso. Então, quando a temporada social finalmente se encerrou, retornou para casa de cabeça baixa e orgulho ferido.
- Não pode ter sido tão ruim. - Sophie disse pegando um biscoito amanteigado. Ela e a mãe tomavam o famoso chá da tarde na sala de hóspedes, uma vez que a sala particular da família estava sendo redecorada. - bailes são tão mágicos... A dança, a música...
- Os pés doendo, a dor de cabeça, pessoas desinteressantes. - Violet completou amargurada, lutando contra a vontade de revirar os olhos. - não foi nada mágico, disso tenho certeza. Sei que seu primeiro e único baile foi incrível, mamãe, mas eu estaria sendo muito sonhadora em achar que o meu também seria.
- Violet, não pode ter sido tão ruim assim. - atalhou a mãe. - Kate me mandou cartas sobre o seu desempenho e você parecia estar indo tão bem quanto Charlotte.
Sua mãe, Sophia Bridgerton, era a filha ilegítima do antigo Conde de Penwood. Logo, como temiam que a sociedade não fosse recebê-la bem, ela e o pai optaram por viver no campo. Com a maioridade de Violet, deixaram a missão de guiá-la no mercado casamenteiro para a esposa do irmão de Benedict, a Viscondessa de Bridgerton, que era uma de suas tias preferidas.
- Charlotte recebeu muitas propostas, eu não.
- Você também recebeu propostas.
- Deveria estar lá para ver os pretendentes... - murmurou com a xícara na boca, na tentativa de abafar o som.
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A rosa mais linda
RomanceNo ano de 1843, Violet Bridgerton havia acabado de voltar de sua decepcionante estreia como debutante em Londres. Mesmo fazendo parte da família Bridgerton, Violet não têm uma personalidade forte como todas as suas primas, fruto de anos de provocaçõ...