Capítulo 17

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Alex

Depois de terminarmos os estudos, nós saímos da biblioteca. Já era de noite e Anna estava com fome, então decido levá-la para um restaurante. Como eu não tinha planejado nada, vou com ela até o Tusco's, uma pizzaria incrível e super em conta, 1 libra = 1 fatia de pizza.

Chegando lá, fazemos o pedido e ficamos conversando. Enquanto Anna falava, eu conseguia prestar melhor atenção nela. A forma como contava uma história, sempre com inúmeras expressões acompanhadas de suas sobrancelhas, que arqueavam. O jeito que ela sorria, fechando os olhos e tocando os dentes no seu lábio inferior. E suas duas pintinhas na orelha direita, que apareciam quando Anna arrumava o cabelo.

O garçom aparece e serve a pizza, mas isso não parece atrapalhar em nada, pois ela continua a falar e rir de suas histórias.

Eu poderia ficar horas ouvindo ela sorrir.

— Você está olhando o que? Eu.. estou suja? - Anna pega um guardanapo.
— Não! Você está incrível. Eu só estava te olhando. Gosto de ouvir você falar.. e sorrir.

Ela dá um sorriso envergonhado e abaixa a vista, suas maçãs do rosto ficam vermelhas.

— Uma modelo.. com vergonha? - brinco.
— Para... - ela ri - É diferente. Ser elogiada por diversas pessoas, agentes, fotógrafos é uma coisa. Agora por pessoas que eu gosto, ...por você, é especial.
— Que bom saber disso - sorrio e dou um gole na lata de refrigerante que estava na mesa.

— "Se ela continuar assim, eu vou ser obrigado a pedi-lá em namoro aqui mesmo. E ela vai ter que dizer sim" - penso.

Depois da pizzaria, vamos andando até um parque próximo. Ao chegar lá, deito na grama ao lado de Anna, olhamos para o céu, que estava cheio de estrelas. Ela começa a cantar, baixinho.

"Baby, I'm yours
And I'll be yours until the stars fall from the sky,
Yours until the rivers all run dry
In other words, until I die"

Viro de lado e passo a mão por seus cabelos, fazendo com que ela sorria.

— Conheço essa música de algum lugar, só não sei de onde.
— É "Baby I'm Yours" da Barbara Lewis, é uma das minhas músicas preferidas. Minha mãe costumava cantar para mim quando eu era pequena.
— Mas você ainda é pequena - brinco - Deve ter uns 1,40 cm..
— Para sua informação Alexander - ela levanta a cabeça - Eu tenho 1,62 cm ok? Você que inventou de crescer demais - ela dá um soquinho em meu braço.

Alexander.

Só minha mãe me chamava assim, e às vezes. A maneira que Anna havia pronunciado meu nome por inteiro, com sua língua batendo entre os dentes, formando /Alec/ e depois /Sander/, tinha me deixado encantado.

Ela percebe minha mudança e desvia seu olhar, de novo.

— Enfim... sempre quando eu posso, eu escuto ela. Coloco o fone, fecho os olhos e aprecio a letra. Amo a forma como a Barbara conseguiu descrever uma sensação tão linda com palavras simples. Ela vai ser dele, até os poetas não conseguirem mais rimar.

Me aproximo de Anna, passo meu dedo no início de seu nariz e desço até seus lábios. Fito seu rosto por alguns segundos, mesmo com pouca luz, consegui me perder em seus olhos castanhos.

— ..eu posso te beijar? De novo.

Ela sorri e puxa meu rosto para próximo ao seu, deixando um beijo leve e doce entre meus lábios.

— Sempre que você quiser.

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Saímos do parque por volta das 9:30 p.m., pois já estava tarde e ela tinha hora para chegar em casa.

Andamos pelas ruas do bairro, as iluminações contrastavam com o escuro do céu. Às vezes, Anna subia em bancos que estavam em nosso caminho, só para conseguir ficar mais alta que eu. Ela me entregava sua mão, buscando apoio, e eu segurava.

Suas mãos eram leves quando comparadas às minhas, que estavam cheias de arranhões e calos devido aos instrumentos.

— Cuidado para não cair - digo.
— Eu nunca caio.

Ela pula do banco e aterrisa no chão, seu ombro se encosta no meu. Anna não tinha soltado sua mão da minha ainda, ela olha para baixo e aperta mais forte.

Continuamos caminhando e logo chegamos em sua casa. Paro em sua frente, estávamos próximos a porta de entrada.

Não sabia ao certo como me despedir, então me aproximo e dou um abraço em Anna. Fico alguns segundos assim, e ela não parece se importar.

— ...obrigada por hoje Alex, foi incrível - Anna me encara - Eu gosto muito de você e quero.. te conhecer ainda mais - ela encosta seu rosto em meu pescoço.
— Você não precisa me chamar sempre de Alex...Pode me chamar de o que você quiser - afago suas costas com minhas mãos.
— Hm, tudo bem. Que tal Alec..? É igual ao início do seu nome - ela desencosta o rosto - E como todos já te chamam de Al, quero algo diferente.
— Alec... tudo bem, é um bom nome - passo a mão por seu rosto, trazendo ele para perto.

Nossos lábios quase se encostam, mas somos interrompidos pelo barulho da porta se destravando.
Uma figura masculina surge.

— Opa! Acho que contato físico em excesso mata, não? Minha filha é nova e eu quero que ela viva por bastante tempo.
— Pai! - Anna arregala os olhos - Para com isso!

O homem bem mais alto que eu, com poucos cabelos no topo de sua cabeça, cruza os braços e se encosta na lateral da porta.

Em uma tentativa desesperada, tento lembrar o nome do pai de Anna, mas não acho que ela tenha mencionado isso antes.

— Desculpa Sr...  Mendes. Não quero que o senhor fique irritado, a culpa é toda min..
— Irritado? Não - ele me interrompe e ri - Só acho válido manter uma pequena distância de 5 metros entre você e minha filha, apenas. Acho interessante também..
— Aham.. ok pai, a gente conversa lá dentro. Ei - ela olha para mim enquanto puxava o pai - Ele não está falando sério.
— Na verdade, eu estou sim... - o som da voz do pai de Anna se abafa quando ele é empurrado para dentro.
— Eu vou te mandar mensagem, ok? Tchau - Anna sorri e fecha a porta.

Permaneço alguns segundos parado em frente à sua casa. Imagens dos acontecimentos de hoje circulavam pela minha cabeça, mal conseguia acreditar.

— Uau! - digo baixinho e resolvo voltar para casa.

Baby I'm Yours (LEIAM O ÚLTIMO CAPÍTULO!)Where stories live. Discover now