𝟏𝐬𝐭 𝐚𝐜𝐭: 𝐭𝐡𝐫𝐢𝐬𝐭𝐲 𝐚𝐬 𝐟𝐮𝐜𝐤

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é como se eu estivesse deitada numa nuvem inteira de lágrimas e você estivesse me olhando lá de baixo, desejando e acreditando veemente que algum dia eu vou cair daqui de cima, porque você acha que a dissociação da realidade não passa de um golpe.

a constante seca passa como se o relógio estivesse molhado e voltando no tempo à cada segundo, pifando de segundo em segundo porque você não tem a mínima coragem de pôr a mão no fogo por um problema que também é seu.

nós já passamos tempo demais com sede de qualquer outra coisa que não seja sangue. qualquer outro gosto que não seja ferroso como o de arrancar o coração de alguém com os próprios dentes. se eu gritasse outras coisas além de todas as minhas frustrações as paredes chorariam com total certeza, porque não se trata sobre ser triste ou sobre ter uma vida de merda, as vezes simplesmente se trata de não fazer um caralho de questão de quem nós somos e a que porra de contexto em que nós pertencemos.

é desigual e vazio o suficiente que me faz querer correr o mais rápido possível e arrancar a minha pele que descasca mais e mais conforme o sol queima cada uma das minhas artérias expostas.

divindade nenhuma trará um oasis no meio de um deserto tapado não somente de areia. porque nós já passamos por todas as marcas iguais, todas as cicatrizes iguais e todos os sonhos iguais. e não se trata de querer que eu caia da nuvem em algum momento. não se trata do fato de que sou eu que estou sentada na porra da nuvem olhando pra baixo querendo explodir meio mundo. se trata do fato de que nuvens de chuva em geral abrigam água pra caralho.

e você está morrendo de sede.

𝗃𝗎𝗅𝗒Où les histoires vivent. Découvrez maintenant